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Blue 258

Blue 258

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Dos desafios

24
Set14

Dizia eu que os desafios são uma forma de os bloggers se darem a conhecer e estreitarem os laços entre si. Mas qual quê? São mas é a forma de se mostrar a criatividade e a beleza e a awesomeness (o português hoje quer folga) que pulula nestes seres espectaculares que temos o prazer de conhecer na blogosfera!

A Margarida é exemplo disso e a resposta dos seus felinos ao Desafio 'Liebster «animal» Award' é a mais fenomenal que eu já vi até hoje. Aqui fica um excerto, mas passem por lá para ver o resto, dizer olá à Margarida e fazer uma festinha aos seus aristogatos :)

 

 

 

 

Como seria a tua vida sem o blog? Sem dúvida nenhuma que não seria a mesma. Margarida, you just made my day.

Ana, I miss reading you

10
Jan13

Não pensem que não ando por cá, porque ando; com menos tempo, mas a mesma ou maior dedicação quando vos leio. Desde que voltei, visito um ou dois blogs de cada vez. Não sei porquê, mas não vou mais longe do que isso. Há blogs que já não são o que eram. Perderam a graça, perderam o brilho, perderam o que antes me cativava (ou então fui eu que mudei, porque também mudei, é um facto, só que nunca se pensa que se mudou tanto assim). Sinto-me como se em casa de estranhos. 

A outros, pelo contrário, encontro-os mais crescidos e não deixo de sentir uma certa satisfação por isso. Alguns mudaram de casa, e nem por isso o endereço se perdeu. Existe portanto uma tendência que é a minha, e  por isso mesmo inegável: há aqueles que se contam pelos dedos de uma, quase duas mãos e que eu não largo. E mesmo que não comente sempre, visito-vos e sinto-me em casa. E sabe-me mesmo bem.

Depois há aqueles que terminaram uma, ou mais uma viagem. As estrelas não duram para sempre, eu sei. Mas são esses que mais me custam. Apagaram-se, mas não deixam de existir.

 

Ana, I miss reading you. Hoje, sem razão aparente,  lembrei-me de ti, e procurei-te mesmo sabendo que já não te encontraria. Sem razão aparente, apenas a saudade de te ler. Resta-me desejar que esse autocarro te leve rumo ao que procuras, ao que nunca esperarias encontrar pelo caminho, e a muito mais. Quanto a mim, espero-te num sorriso envergonhado, de cada vez que passa um autocarro.

 

 

Das estrelas que escrevem

20
Jan11
Há quem escreva, seja por querer escrever ou pelo simples prazer de o fazer. Depois há quem pinte com as palavras, quem desenhe sentimentos, estados de alma, quem transcenda, mesmo sem o querer fazer. Este, é o caso da Ana. Umas das estrelas desta blogosfera.
 
 
 
(quando ela acorda ainda chove lá fora mas o princípio do dia vestia-se aos poucos de luz e magia. abre os olhos mas deixa-se ficar um pouco entre os lençóis desalinhados.
ele invadiu-a toda a noite. percorreu-lhe a pele como se a tocasse. tem nos lábios o sabor intenso dele e na pele nua o calor do corpo, a ponta dos dedos, o rasto da saliva.
pede que lhe levem um café ao quarto enquanto põe a correr a água na banheira, onde entra depois relutante. não tem vontade de o afastar da pele. mesmo que sonhado.
fecha os olhos e as palavras começam a formar-se por dentro em desalinho e uma única a subir pela garganta, a roçar o céu da boca percorrendo a língua e escorrendo-lhe dos lábios. o nome dele preenche os espaços vazios.
ele contra ela. ele dentro dela. ele a transportá-los para um sítio distante.
abre a janela e deixa agora o mundo invandir o quarto. as grandes cidades apenas são barulhentas para quem não as sabe escutar, pensa. e ela poderia decompor todos os sons naquele momento. os carros. o vento e as árvores. o bater do coração dele em qualquer sítio da cidade.
bebe o café que os pensamentos fizeram arrefecer e olha para o relógio. os ponteiros estão a rodar preguiçosamente. tem ainda tempo para uma volta na cidade.)
 

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26
Out10

 

 

O que sinto por ti acaba agora e começa amanhã

 

 

«Ficar parado, perdendo a noção do tempo e do comprimento da conversa que estendemos ao sol. Queres falar da razão do amor? Então erraste de novo. Não é a tua vez de dizer que me amas?

Ouço o som que nos aconchega e onde a luz baixa nos chama a dois. Porque quando são duas as vontades, depressa se tornarão em uma só - e quem nunca provou a doçura do afecto.

Detesto amar-te sabendo-te longe e indiferente. Custa-me todos os dias um pouco mais, mas um pouco menos com os anos. Sabes que quanto mais privamos a vista do que o coração sente, melhor ele segue caminho na direcção de outro. E custa-me largar-te em sombras, nas noites que prendem os teus braços aos meus.

Hoje queria ter-te dito o quanto te amava, mas o coração esteve longe, fora do meu peito. Prefiro matar-te agora em luz, que arrastar-te comigo para fundo do meu orgulho e do meu vicio de negar o que está certo.

O que sinto por ti morre hoje e nasce comigo todos os dias. Amanhã amar-te-ei pelo primeiro minuto da madruga e odiarei amar-te em todas as outras horas do dia, até que seja tarde de mais. Até que um dia seja o amanhã, que me segredaste ao ouvido.

Queres falar da razão do amor? Então erraste de novo. É a tua vez de dizeres que me amas.»

 

 

 

Liliano Pucarinho, no night indigo

 

Dos roubos

19
Out10

Já há algum tempo que não encontrava alguém que me conseguisse prender desta forma a um texto. Que me obrigasse a encontrar o momento certo para o ler. Com calma e atenção.

 

 

 

«A música, como a leitura e a escrita sempre me fizeram viver. Vibrar. Os amores também. Muito mais, claro. Nada como um amor agora. É o que me apetece dizer. E fazer. Então um amor com música e leitura... Mas não pode ser. Decido. Não agora. Depois. Prometo. Agora não, que não confio em mim agora. Informo. Sou uma desvairada irresponsável. Tenho a certeza. Revelo. Tenho provas. Que vou guardar. Sou uma cedente e concedente. Capaz de deixar tudo por amor. Uma incapaz, portanto. Tenho testemunhas. Em tempos, devia ter sido inabilitada. Obrigada a andar com um tutor à perna. A minha familia só não me processou por causa do amor por é composta por um conjunto de corações moles.»

 

Cat2007, no Café Expresso

 

 

 

Ler texto na íntegra, aqui.


Vem, e serei tua, tua, na rua que nos leva a ver o mar. Naquela rua. Naquela.

15
Out10

 

 

Vem e serei teu na rua que nos leva a ver o mar

 

«Hoje fiz das tuas mãos o meu fogo. Não vês que fujo por entre cada uma das tuas palavras e não acredito numa só? Porque nas madrugadas em que te amo, toco o teu coração mais um pouco e perco-me dentro de ti e da tua vontade.

E esse aperto que me mata por dentro a razão, e esse teu olhar que me consome de longe querendo-me perto…  Desculpa se te faço chorar nas noites em que mais precisas de mim. Se de longe te rompo a alma que amo e que nos juntou. Não foi sorte, foi desejo. E quanto não é tão mais forte a vontade que qualquer trejeito do destino…

Os meus braços estão vazios sem ti.

Volta. Traz esse sorriso para perto de mim. Vamos ser nós nessa encosta de sol que suja de amarelo as estradas. Vem cantar-me ao ouvido, vem! E no encontro das nossas mãos encontraremos-nos felicidade em dias calmos.

Vem. Vem para a minha mão e serei teu na rua que nos leva a ver o mar. É duro e feio de se desejar. É tão grande a vontade que não posso ter-te.

Mas vem. Sou tudo para que sejas feliz sem me perguntares porquê!»

 

 

 

Liliano Pucarinho, no night indigo

 

 

 

P.S. Gajos que escrevem bem. Porra, gajos que escrevem tão bem!

E palavras, palavras, que se adequam. Que dizem. Tanto. Tanto.

 

 

 

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15
Out10

«Hoje não precisas dizer nada. Não precisas fazer nada. Olha só para mim bem fundo e abraça-me. Aconchega-me toda em ti, no teu abraço. Toda em ti. No teu abrigo. A ouvir o teu coração bater. Escuta o meu. Fecha os olhos e escuta. E sente(-me). Como se tanto eu como tu tivéssemos nascido para este momento imortal. Quem sabe. Quem sabe

 

 

Daniela, no abraça-me bem

 

 

 

P.S. Palavra por palavra. Podiam ser minhas. Minhas. Tão minhas.

 

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13
Out10

A Minha Vida é às Listas

 

«Anda toda a gente atrás de uma vida. E acho legítimo, porque há quem não a tenha. Desenganem-se aqueles que pensam que basta viver para ter uma vida. Assim era muito fácil, nascia-se e pronto, tinha-se uma vida. Mas não é assim tão simples.

 

Tem que haver um plano - não tem que ser uma coisa metódica e rígida - mas tem que haver uma estratégia. Aqui o rapaz, que não a tem, faz o que pode em relação à sua e inventou um sistema de listas. É uma coisa muito bonita e viciosa que faz com que eu tenha listas para tudo.

 

Mesmo com estas listas todas, há algo que me acontece que me faz chegar à pele, escrever à pele, viver à pele, como nos filmes do MacGyver, onde é sempre nos últimos segundos, na verdade no último segundo, à pele, que ele consegue com uma colher de iogurte e compota de morango, detonar uma bomba que destruiria um quarteirão inteiro. A minha vida e a de tantos outros, está sempre nesse último segundo, à espera de uma ajuda divina, de uma sorte, de uma inspiração súbita, de um herói como o MacGyver. A minha vida está sempre a ser salva no último segundo. E ou muito engano ou irá ser sempre assim.»

 

 

Fernando Alvim, no Espero bem que não

 

 

Ler texto na íntegra, aqui.

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12
Set10

E depois, há blogues assim, como o anterior, que encontro sem saber bem como, e que me prendem e apaixonam. Chamou-me a atenção o título - Tardes de chuva e chocolate - por ser o de um livro que li recentemente. Soube-me conquistada no momento em que li o excerto de um poema de Fernando Pessoa:

 

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…


Entrei, pretendia abrir a porta, e espreitar devagarinho, mas quando dei por ela, já estava lá dentro, sentada, maravilhada. Sentia-me em casa, ou numa casa que me fazia lembrar a minha. Sentia-me em casa. Reconhecia o cheiro, o padrão das cortinas, a cor da colcha. Depois envolveu-me o cheirinho do chocolate quente, e deixei-me embalar pela chuva que caía lá fora e entreguei-me ao sentimento que conheço tão bem. A este. A ti.