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Blue 258

Blue 258

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#37 Encontro num beijo

24
Mai10

 

Leva-me a jantar. Quero usar o salto mais alto, cabelo solto, brilho nos lábios e aquele vestido comprido. Quero ver-te com aquele fato às riscas, aquele, o meu preferido, e que te assenta tão bem.

À mesa, saboreamos a presença um do outro. Deliciamo-nos com o sorriso, temperamo-nos com o brilho dos olhos, mimamo-nos com o nosso jeito doce. Deixamo-nos inebriar pelo mel. Aquele mel que nos cativou.

Falamos a cada gesto, atropelamos as palavras. Tu sabes que  a minhas mãos também falam. Tu sabes. E eu, adoro ver-te perdido e atrapalhado. Tu, logo tu.  Aproximamo-nos ainda mais. Procuramos alhear-nos do burburinho que nos impede de beber as palavras um do outro.  E cada silêncio, que diz tanto. E o olhar que fala sem cessar. Degustamos palavras. Saboreamos mel.

 

Tira-me para dançar. Abraçados. Rostos colados. O teu sorriso embevecido e o meu apaixonado. Tira-me para dançar. Faz-me rodopiar como nos filmes e segura-me nos teus braços. Nada importam esses que nos olham. Querem estar no nosso lugar. Querem sentir o mesmo. E não sabem como.

Embala-me ao som da música e deixa-me colocar a cabeça naquele sítio, aquele, aquele... tu sabes. Fecho os olhos e esqueço tudo o resto. As bocas mecânicas, os olhares irónicos, os corações vazios. O riso sonoro, sem sal, sem sabor.  O ruído dos talheres, dos copos, do arrastar das cadeiras, das conversas supérfluas.

 

Esqueço tudo. Tudo. Nada mais existe. Apenas tu e eu... e aquele abraço. Com dois dedos abaixo do meu queixo,  ergues  suavemente o meu rosto para ti. Pareces querer despertar-me. E ali continuo, num sonho, de olhos fechados. Beijas-me ao de leve nos lábios. Abro os olhos. Apercebo os teus que já não indagam os meus. Já me conhecem bem, sabem-me perdida neste sentimento.

Beijas-me novamente. As nossas bocas quentes envolvem-se numa doçura desenvolta. E nós perdemos o chão. O espaço. O tempo.  Entregamo-nos. Perdidos, encontramo-nos num beijo. Naquele beijo. E agora sim, por momentos, também tu esqueces o resto do mundo. E para quê pensar? Nada mais importa... deixemos o mundo lá fora. Amor, abraça-me, beija-me uma vez mais. Vamos esquecer o mundo... nos braços um do outro.

 

 

Dreams in fog

07
Mai10

E eu acho que esta noite sonhei com o Jude. É verdade, já andava com saudades dele. Mas aparecer-me assim, nos sonhos, sem avisar, não está com nada. Estava tudo muito enevoado, embora conseguisse reconhecer-lhe perfeitamente o sorriso malandro e aquele olhar delicioso.

Para a próxima, Jude, ficas avisado: prepara-me um jantar à luz de velas. Num jardim romântico. Com um belo de um vinho cor de sangue. Pelo menos isso. Não se assaltam assim os sonhos sem mais nem menos. Há que ser cavalheiro.

 

 

#6 Prepara-te...

27
Out09

 

Logo à noite, ao chegares, àquela casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto, vais encontrar o ambiente quente,  envolvido pelos aromas do jantar. O vento vindo das ondas, acaricia a vidraça húmida  pelo calor que se faz sentir. Olhas pelo vidro ressoado, que apenas te deixa vislumbrar as sombras que dançam no interior. Estás avisado. Prepara-te: quero-te ao jantar.

A mesa posta. Uma  rosa escarlate, colocada na jarra quadrada de vidro. Uma só rosa.  Sobre a mesa de madeira maciça que escolhi. Aquela mesa que me encantou, de  aparência robusta e  linhas sólidas... e suave, tão suave ao tacto. Tinha de ser minha. Tinha de a ter. Tenho-a. Começo a pensar que em tudo o que faço... tenho segundas intenções. Em tudo. Estás avisado. Prepara-te: quero-te ao jantar.

O jantar pronto a ser servido. O vinho aberto, e já servido nos copos.  Eu, de cabelos soltos, envergando apenas a tua camisa cinza... aquela, que eu adoro. Aquela que comprei para ti... mas na verdade, para mim. Prendes o teu olhar nos meus pés descalços, e contornas os tornozelos, a barriga da perna,  tudo com o teu olhar. Sobes, vais subindo, tão morosamente como se quisesses absorver cada centímetro da minha pele. Estás avisado. Prepara-te: quero-te ao jantar.