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Blue 258

Blue 258

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23
Set10

Este frio, esta chuva, trazem-me à memória momentos de extrema doçura. Será talvez por isso que sorrio. Apesar do frio, o meu corpo exala um calor intenso. Imagino que produzido pelo coração. É ele o detentor de todas as marcas de doçura. Palavras, carinhos, abraços, beijos. Entrega. Comunhão de almas. E o coração, que de parvo não tem nada, encerra em si o mel, preservando-o. Guardando-o como um tesouro. Guarda-te a  ti. Bem cá dentro do meu peito.

 

 

 

 

P.S. E hoje vou dormir com um sorriso nos lábios. Vou. Vou adormecer a pensar em ti. Vou. Embalada por uma banda sonora que é especial. É. Ainda é. E sempre será. É esse o poder de uma banda sonora. É esse o poder dos momentos mágicos gravados no tempo.

 

Uma longa viagem

19
Ago10

Percorreste um longo caminho para chegar até mim. Encontraste-me estendida no chão frio de um quarto escuro. Desolada. O sol não chegava até mim, não me tocava na pele, não me iluminava o olhar, não me temperava a alma. Mas tu chegaste até mim. Abriste logo a porta,  e entraste  de rompante, oferecendo-me o teu calor, envolvendo-me. Tocaste-me ao de leve, na pele gélida. No mesmo sítio onde  pousaram os teus dedos,  os tons transmutaram-se de azuis árcticos para vermelho sangue. Ajoelhaste-te junto de mim. Encerraste o meu mundo no teu abraço. Num só abraço. Abraçaste-me, e senti  o recobrar das forças.  Beijei a tua respiração, e o impulso propagou-se  freneticamente pelo meu corpo. O teu fôlego reacendeu em mim a ânsia de viver. De correr, saltar, cair e levantar de novo. A tua pele tocou a minha, e o teu perfume enfeitiçou-me. Com o teu olhar, eu voltei a ver. Os meus olhos beberam dos teus e eu voltei a sorrir.

 

Fiz uma longa viagem até ti. Cresci. Em mim. Em ti. O percurso fez-se doce, em passos embalados pela ternura. Em mel. E é a caminhada que fizemos lado a lado que importa. O céu estrelado sob o qual perdemos o fôlego. O amor sob a luz da lua. Essa viagem. A nossa.  Só nossa. Uma longa viagem.

 

 

Blue258, para Fábrica de Letras

 

 

 

#43 Espero por ti

22
Jul10

Sentada no sofá. Aconchegada no teu abraço. Cabeça pousada naquele sítio, naquele, naquele... tu sabes, tu sabes... Envolta por uma doçura que parece não ter fim... e o teu cheiro impregnado em mim, em mim, em mim... E espero o toque das tuas mãos, o calor do teu corpo, o mel do teu olhar... enquanto os meus olhos vislumbram a chuva que brinca na praia e o vento que acaricia a vidraça. Espero por ti, na casa da praia, aquela, sem vizinhos por perto.

 

 

Give me more than one caress
To satisfy this hungryness
We are creatures of the wind
Wild is the wind

 

O marulhar sobe de tom e o vento sibila a tua ausência... o mar ama revoltado, voltando-se para a lua, suplicando a sua doçura. E a lua, impávida e serena, parece troçar lá do alto. O mar, agora encrespado, procura lançar o seu manto salgado cada vez mais alto. Quer atingir a lua, tocá-la, envolvê-la, e diluir-se na sua doçura. Falha, e rebenta a sua fúria nas rochas. Maldiz a lua e jura amor ao sol. Ao sol, a quem vê indiferente de dia. Ao sol.

Mas é a lua que ama, foi esta quem  o enfeitiçou. E eis que chegas tu, acalma a revolta lá fora,  e um calor se apodera do meu corpo. Entras, e ao ver-te, o meu coração bate descompassado a melodia afinada do amor. Aproximas-te, e os acordes soam mais alto. Levanto-me e voo na tua direcção: já o coração pula de emoção. Corro para o teu abraço, inspiro profundamente o cheiro da tua pele, uma e outra vez... mais uma vez. Resguardo o meu corpo no calor do teu, afundo-me na tua doçura, perco-me no castanho dos teus olhos. Acaricio-te o rosto, e ronronando como um gato, peço-te: abraça-me com força. Abraça-me...

Abraça-me. E tu sorris, desarmando-me, quando desarmada estava eu, e mesmo que não estivesse, ao ver-te sorrir com o olhar, deixo cair as armas ao chão, e ao ver esse sorriso doce nos teu lábios, perco as forças, e rendo o meu corpo ao teu. A ti. À tua vontade.

 

You... touch me... I hear the sound of mandolins
You... kiss me... With your kiss my life begins

Love me, love me... Say you do
Let me fly away... With you

 

 

...

07
Jul10

Vou ter uma surpresa boa - para já não conto - mas posso dizer-vos que logo depois de almoço, aproveitei a inspiração para escrever um texto de rajada, como eu gosto. Tem a ver com um projecto novo, no qual pretendo participar. Aproveitei a dica, embalei, e adorei. Já não me lembrava de me sentir assim animada com algo que escrevesse.

 

E devia era aproveitar a inspiração e escrever mais uns textos da casa na praia - quem quer mais? Quem? E que tal um a pedir piscina, pele, paixão e muito mel?

 

#37 Encontro num beijo

24
Mai10

 

Leva-me a jantar. Quero usar o salto mais alto, cabelo solto, brilho nos lábios e aquele vestido comprido. Quero ver-te com aquele fato às riscas, aquele, o meu preferido, e que te assenta tão bem.

À mesa, saboreamos a presença um do outro. Deliciamo-nos com o sorriso, temperamo-nos com o brilho dos olhos, mimamo-nos com o nosso jeito doce. Deixamo-nos inebriar pelo mel. Aquele mel que nos cativou.

Falamos a cada gesto, atropelamos as palavras. Tu sabes que  a minhas mãos também falam. Tu sabes. E eu, adoro ver-te perdido e atrapalhado. Tu, logo tu.  Aproximamo-nos ainda mais. Procuramos alhear-nos do burburinho que nos impede de beber as palavras um do outro.  E cada silêncio, que diz tanto. E o olhar que fala sem cessar. Degustamos palavras. Saboreamos mel.

 

Tira-me para dançar. Abraçados. Rostos colados. O teu sorriso embevecido e o meu apaixonado. Tira-me para dançar. Faz-me rodopiar como nos filmes e segura-me nos teus braços. Nada importam esses que nos olham. Querem estar no nosso lugar. Querem sentir o mesmo. E não sabem como.

Embala-me ao som da música e deixa-me colocar a cabeça naquele sítio, aquele, aquele... tu sabes. Fecho os olhos e esqueço tudo o resto. As bocas mecânicas, os olhares irónicos, os corações vazios. O riso sonoro, sem sal, sem sabor.  O ruído dos talheres, dos copos, do arrastar das cadeiras, das conversas supérfluas.

 

Esqueço tudo. Tudo. Nada mais existe. Apenas tu e eu... e aquele abraço. Com dois dedos abaixo do meu queixo,  ergues  suavemente o meu rosto para ti. Pareces querer despertar-me. E ali continuo, num sonho, de olhos fechados. Beijas-me ao de leve nos lábios. Abro os olhos. Apercebo os teus que já não indagam os meus. Já me conhecem bem, sabem-me perdida neste sentimento.

Beijas-me novamente. As nossas bocas quentes envolvem-se numa doçura desenvolta. E nós perdemos o chão. O espaço. O tempo.  Entregamo-nos. Perdidos, encontramo-nos num beijo. Naquele beijo. E agora sim, por momentos, também tu esqueces o resto do mundo. E para quê pensar? Nada mais importa... deixemos o mundo lá fora. Amor, abraça-me, beija-me uma vez mais. Vamos esquecer o mundo... nos braços um do outro.