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Blue 258

Blue 258

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"Um abraço daqueles"

07
Nov13

Há pessoas que falam a nossa linguagem. Que nos entendem. Que são como nós e pertencem a uma categoria diferente na qual não se encaixa qualquer um. Pessoas que percebem aquilo de que falamos sem termos de o explicar; para quê explicar se elas sabem do que falamos, conhecem o que escrevemos e lêem o que sentimos. Principalmente quando falamos de abraços. E aí, até nos completam as frases, escrevem o que tão bem (e também) sentimos e o publicam nos seus blogues.


um abraço. daqueles que nos esperam e que nos recebem quando chegamos a casa. daqueles que nos fazem deixar o mundo inteiro lá fora assim que entramos em casa, assim que entramos no abraço. daqueles que nos fazem esquecer tudo o que ficou lá fora. daqueles que fazem desaparecer os cansaços, as dores, os medos. daqueles que calam e acalmam tudo. daqueles que nos sossegam o coração. daqueles que nos abraçam para sempre. daqueles que (nos) fazem existir só dentro. só por dentro. deste abraço tão... abraço.


Daniela Barreira

"Namora com uma rapariga que lê"

14
Ago13

«Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.
Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro. (...)

Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.
Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. (...)
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.

Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve.»


Roubado descaradamente do Conversas com um Estranho. Um daqueles roubos que apetecem e sabem tão bem. Aqueles que nos enchem a alma. Não é preciso escrever muito, nem dizer muito mais. Está tudo dito. 

 

 

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02
Mar11

 

 

Imaginar

 

 

«Sigo por um caminho incerto, assombrado pela incoerência. Não quero voar por entre a turbulência nem iniciar uma travessia no deserto. Não me rendo ao acaso nem dou ouvidos ao fracasso. Sou uma voz na multidão, uma chama no seio da escuridão. Não procuro uma revolução, apenas pretendo provocar alegria e emoção. Sigo esta doce ilusão de ser um cupido preparado para acertar num caloroso coração. Mas não cedo à fácil tentação, prefiro esperar por alguém que se entregue à conquista da sedução. Não há nada melhor que partilhar a  intensidade de um beijo, a volúpia do desejo e a ternura de um olhar. E é bem melhor realizar do que imaginar...»

 

 

someone4u, no Não desistas de mim

 

 

 

 

 

 

Da lua e dos roubos encadeados

23
Fev11

 

 

 

 

«É em dias assim que as almas mais próximas se podem tocar»

 

 AlienSoul

 

 

©blue258

 

 

Quinta-feira passada, em casa de uma amiga. A lua estava deslumbrante. A lareira acesa lá dentro, e eu,  apesar da noite um pouco fria, cá fora, a disparar a objectiva vezes sem conta como se a lua mudasse a cada minuto. A lua estava deslumbrante. O meu olhar fixo nela, e o meu pensamento, a 40 km dali. E eu sei em quem estava a pensar. E eu sei o que estava a sentir. Por isso me dizem tanto as palavras que se seguem.

 

 

 

  

«Esse silêncio

Essa dor

Essa nostalgia

Traz tudo isso contigo

-(quando vieres)

 

E vem

vem ter comigo

só esta noite

mais uma noite.»

 

 por AlienSoul

 

 

Das palavras que nos cantam

09
Fev11

Já lhe efectuei um roubo, e hoje, não resisto a perpetrar o segundo. Não sei se é o chegar ali e sentir-me presa, docemente emaranhada nas palavras, se é o sentimento em si, um sentimento que reconheço, que se adequa perfeitamente ao momento. A este preciso momento. Mais do que um roubo, um destaque, tão merecido, pela qualidade da escrita, pelo sentimento que desenha as palavras, pela pessoa que escreve. E começando a ler, não se consegue parar sem ler todas as palavras. Todas. Visitem, deixem que as palavras vos cantem aos ouvidos. Garanto-vos que assim o fazem. Aqui, no Não desistas de mim.

 

 

 

(Co)Existir

«O meu interior é tempestuoso e sombrio. Carrega um sentimento invisível e vazio. Sinto-me impotente para travar o seu desatino. Procuro na solução uma interrogação para resolver a sua questão. Começo pelo fim para impedir o início de acontecer. A minha mente confunde o meu coração e impede a sua evasão. Não é uma simples prisão, é por vezes uma ilusão. O reflexo engana na mesma proporção e assume a sua intromissão. Lentamente o dilema trava a sua batalha entre a razão e a emoção. Desalinhado observo sem reacção. A omissão é por demais evidente e a acção renitente. Perdido, continuo a persistir sem desistir. Ou somente a (co)existir.»

 

 

someone4u

 

 

 

Do sentir. Do desejar. Do lembrar.

26
Jan11

 

 

 

Realidade vs Sonho

 

«Não escolhemos o que sentimos, não sentimos o que desejamos, não desejamos o possível mas sim o impossível. A doce ilusão por vezes é bem melhor do que a dura realidade. No entanto, permanecer no seio de uma mentira magoa mais do que a dolorosa verdade. Não podemos ser uma promessa por cumprir, uma palavra abandonada, uma memória esquecida. Não temos de ser uma sombra escura quando podemos ser uma luz que ilumina. Porque a realidade será sempre uma certeza e não apenas mais uma possibilidade. É nela que temos de (sobre)viver e continuarmos a sonhar. Até estarmos completos completamente.»

 

 

someone4u, no Não desistas de mim