Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blue 258

Blue 258

...

Há palavras que nos beijam

08
Out10


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill


...

04
Out10

Há um silêncio enganador. Uma calma aparente. A noite apresenta-se despida de preconceitos, fresca e jovial. Diz-nos, vem a mim, com voz lânguida e aquele brilho no olhar que nos hipnotiza. Voltei sem ver as estrelas. Há estrelas no céu, hoje?

À superfície, o mar mostra-se sereno, calmo, apaziguador. Mas os rugidos que ainda oiço, mostram-me que não. Não serena. Não acalma. Não apazigua. A grande profundidade, as correntes seguem o seu curso, endiabradas. Revolvem. Não esperam por ninguém.

 

...

02
Set10

Abraça-me bem. Aconchega-me a ti, encosta o meu peito ao teu. Juntos, num bater de coração. Abraça-me. Prende-me. De maneira a que não possa mais ir embora. Daqueles. Que me tira os pés do chão mas não me deixa cair. O mais seguro. O mais... Aquele. Forte. Apertado. Cheio. Que me aconchega. Que me protege. Que me abriga. Que manda os medos embora, todos.

 

 

Daniela, no abraça-me bem

 

 

E o que dizer quando as palavras dos outros parecem revelar tudo? É como se pintassem aquilo que o nosso coração deseja. Mesmo que em silêncio.

...

19
Ago10

 

Porque este blogue tem sido pele, desejo, paixão. Porque eu tenho sido pele, desejo, paixão. Porque a tua pele me envolveu, o teu olhar me prendeu e o teu perfume me enfeitiçou. Porque por mais que procure resistir, por mais que procure ocultar e silenciar as palavras, sou pele, sangue frenético que me corre nas veias e coração que bate descompassado quando penso em ti. Em ti.

 

 

 

P.S.: E como a imagem do cabeçalho traduz na perfeição o que este blogue tem sido, decidi mantê-la até Setembro. Tinha planeado umas coisinhas para a altura das festas da terra - vou então guardá-las para depois.

 

 

...

19
Jul10

Parados. Imóveis. No ambiente frenético do café. Calados num silêncio ruidoso. Deixamos que o olhar fale, e como fala! Discorremos numa conversa que só nós entendemos, só nós parecemos perceber. E falamos. Sem cessar. A dada altura, dizes-me:  falas tanto com o teu olhar... o teu silêncio diz tanto. E é então que perguntas: vamos continuar a falar calados? E eu, presa nesse teu olhar vivo,  penso em perguntar-te o que te dizem os meus olhos... mas sorrio calada: não quero saber o que te diz o meu olhar.

 

...

20
Mai10

«Basta. Estou fora. Das lembranças. Do passado. Mas também estou fora da minha cabeça. Mais tarde ou mais cedo, as coisas que deixamos para trás acabam por nos apanhar. E, quando estamos apaixonados, recordamos as coisas mais estúpidas como sendo as mais belas. Porque a sua simplicidade não tem nada que se lhe compare. E apetece-me gritar. Neste silêncio que magoa. Basta. Deixa lá. Arruma tudo de novo. Pronto. Acaba. Dupla ordem. No fundo do coração, ali naquele canto. Naquele jardim. Uma ou outra flor, alguma sombra e depois dor. Põe ali as lembranças, bem escondidas, tem cuidado, onde não façam doer, onde ninguém as possa ver. Pronto. De novo enterradas. Agora está melhor. Muito melhor.»

 

 

Federico Moccia em "Quero-te Muito!"

 

 

Roubado daqui.

 

...

20
Mar10

Faria  resvalar a chuva no alcatrão negro, percorrendo a noite em direcção a ti. Sentar-me-ia a teus pés e pousaria a cabeça no teu colo. Desolada.

As tuas mãos acariciar-me-iam o rosto, os teus dedos entrelaçar-se-iam no meu cabelo molhado. Os teus olhos indagar-se-iam, em silêncio. Da tua boca ouvir-se-ia apenas...

Levantar-me-ia, aos poucos, deslizando pelo teu corpo, contorcendo-me, quase ronronando. Sentar-me-ia ao teu colo. Enlaçar-te-ia pelo pescoço. E antes que me pudesses perguntar o que quer que fosse, calar-te-ia com um beijo. Manter-te-ia assim, toda a noite, em silêncio.

 

O silêncio das palavras

18
Nov09

No blogue: quando coloco música, atrás de música, e não escrevo, não é bom sinal. É preferível verem-me a escrever, nem que seja sobre uma treta qualquer, do que não verem nada - é mau sinal. Não se trata de não ter nada sobre o que escrever - encontro-me é num daqueles momentos que, quer-me parecer, só a saca-rolhas.

Na blogosfera: nestes momentos, abstenho-me de comentar - tal como na vida real, procuro falar o mínimo nestes momentos - pareço querer evitar mal-entendidos, que novamente, são comuns nestes momentos. No entanto, procuro responder aos comentários no blogue - principalmente se são de quem estimo - embora pouco possa dizer, pelo menos, não os deixo sem resposta - acho que é uma coisa boa, certo?

Os poucos comentários que faça, acreditem que é por uma estima enorme - ou chamem-lhe o que quiserem, não me sai outra palavra - e, quando o faço, procuro engolir o que me consome, e tento ser engraçada, vá. Não resulta. Apercebi-me que tal como cá fora, se abro a boca para falar de uma banalidade qualquer, ou para simplesmente tentar ser cordial, caem-me logo em cima.

Não deixa de ser engraçado, que neste mundo digital, aconteça o mesmo que cá fora, na vida real, digamos assim - sim, porque a vida real também corre nos blogues. Não deixa de ser engraçado que nestes momentos, em que o melhor é eu ficar caladinha e quietinha, me aperceba que aqui, também deva fazer o mesmo. Não deixa de ser engraçado que nestas alturas, até a palavra que é escrita, que não é proferida, que não tem sequer entoação, pareça estar carregada com o sentimento que me corrói.

Digam-me lá então: é preferível estar calada?