#11 Contrastes
O dia... raiou negro. O sentimento... era a escuridão. Saio... vestida de acordo.
Aqueles jeans de cor negra, aqueles, que me fazem irradiar sex appeal... camisola, também preta, aquela, de decote pronunciado... e por baixo, aquela camisa de seda encarnada... aquela, que não gosta de ser abotoada...
O dia parece ter-se arrastado em slow motion... e a noite, começa a apoderar-se dele... aos poucos, conquistando-o, entorpecendo-lhe os sentidos, envolvendo-o numa doçura mortal.
Chego à casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto. Encaminho o jantar. Acendo a lareira. Como os aromas se envolvem tão facilmente... no ambiente da casa. Parece inacreditável... a forma como o calor provoca um bailado doce de sensações.
Os contrastes. O negro e o vermelho. O negro que avança, lá fora... e cá dentro, o negro que é deposto sobre o sofá... ali jazem as calças, a camisola - restos mortais deste dia. Em mim, apenas ganha vida a seda flamejante de paixão.
A rudeza e a suavidade. O couro duro, inerte, ao qual se encosta a minha pele... doce e perfumada, pelo Black XS.
A noite que se abate e o fogo que se levanta. Do lado de fora da vidraça, o dia que já se rendeu. Do lado de dentro, as cores do fogo... que se dispersam entre a lareira, que se consome lentamente no seu próprio fogo... a minha camisa, que transpira paixão... a minha pele, rosada pelo calor... o Jack Daniels, Black Label, que começa a balançar...
A tempestade... exterior e interior. Lá fora, o rugir alvoroçado do mar. Cá dentro, bem... a calma aparente mascara a corrente frenética que sinto no sangue.
Aguardo a tua chegada.