#18 Encontros
Bilhetes. Espectáculo. Música ao vivo. Surpresa.
Espero-te na entrada. Veste-te... linda, como sempre.
Visto a saia preta. Blusa... de seda índigo. Sóbria. Serena. Sapato de tacão alto. Trench coat negro como a noite. Cabelo solto.
Uma multidão parece assomar aos meus olhos. E eis que os meus olhos se centram em ti. Alto, moreno... que perdição de homem, penso eu. Os ombros largos envergam o casaco sóbrio, delineando o porte altivo que te define. Homem seguro de si. Detentor do abraço mais forte, mais envolvente... mais inolvidável.
Ofusco-me no brilho dos teus olhos. Meu Deus, sempre brilharam assim? Prendo-me nesse teu sorriso delicioso de menino. Sorrio também... e é o teu sorriso que conduz os meus passos.
Envolves-me no calor do teu abraço. Acaricias o meu rosto com o teu. E eu, deixo que me envolvas... e procuro o calor do teu corpo. Refugio-me do frio no interior do teu casaco. Encosto o meu corpo ao teu. E o calor do teu... revela o frio no meu. Aquela pele fina e sensível, cede, como cede... e mostra a revolta ao frio. Abraçados desta forma, penso em como me fazes gostar deste tempo...
As portas abrem-se. A multidão, querendo entrar, pressiona-nos ainda mais, um contra o outro. Sinto o calor da tua pele. Sinto o frio do meu corpo que se insinua perante o teu. Mostro-te o sorriso mais doce... ao dizer-te:
É do frio... não penses noutra coisa.
Respondes-me com uma gargalhada doce, jovial... parece divertir-te a minha sinceridade. À medida que a multidão se esforça por entrar, empurram-nos ainda mais... um contra o outro. Cedemos ao beijo mais doce e apaixonado de todos os tempos. Nada mais existe. Nada. Tudo o mais desaparece. A multidão. A cidade. Só nós dois parecemos existir sob o céu estrelado. Até o frio evapora sob o calor que agora nos envolve. Com o meu corpo firmemente pressionado contra o teu, sinto esse mesmo calor que se apodera de ti. Munida de um sorriso repleto de malícia, digo...
Isto... é que já não é do frio...
De sorriso rasgado, enlevado pela menina que sabes que não sou... abraças-me ainda mais... e beijas-me... e perdemo-nos nesse beijo intemporal.
Lá dentro. Sentados. Em silêncio. No entanto, falando constantemente... incessantemente. Seguras a minha mão esquecida na tua perna. E assim ficamos. E antevejo que em momentos, o teu braço me envolva, e me segure junto de ti. E assim ficamos... até que termine o espectáculo.
Caminhamos em direcção à praia. Vamos passear, dizes tu. Está uma noite... perfeita. Expões-me ao frio. Sei o que procuras. Sei o que queres.
Deixas que o vento embata no meu rosto... esperas as faces rosadas pelo frio, os lábios que escurecem naturalmente. Procuras que a pele fina e sensível do peito ceda aos avanços do frio. E aí, aí, envolves-me, proteges-me no calor do teu corpo. Acalmas o frio com a doçura do teu beijo. Delicias-te com os meus lábios frios... Até os envolveres completamente no calor da tua boca.
Vamos para o carro, digo-te eu agora. Presenteias-me com esse sorriso de menino, esse olhar apaixonado... que me entontece. Onde estiveste tu?
Vamos para o carro. Não temos tempo... vontade... de chegar a casa. Aquela, na praia, sem vizinhos por perto.