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Blue 258

Blue 258

...

#19 Cadências

29
Nov09

 

Sentas-me no teu colo. Seguras-me pelos braços e manténs a distância suficiente entre os nossos corpos... para demoradamente percorreres o meu rosto, o meu pescoço, os meus ombros, o meu peito... com o olhar... esse olhar que diz tanto... sem palavra alguma.  Acaricias-me o  rosto com a mão, afastas o cabelo que emoldura o meu rosto... colocando firmemente a mão no meu pescoço... Sinto o meu coração que palpita tumultuosamente na ponta dos teus dedos... matas-me de desejo!

Mantendo sempre a mesma distância, como que para poder apreciar o espectáculo... Acaricias-me agora o peito... e os teus olhos deliram deliciosamente perante o frio que se torna tão visível sob  a seda índigo...  entreabres ainda mais a blusa, revelas o negro brilhante que me cobre os seios... inclinas-te e pareces querer beijar o frio do meu corpo...   e com o calor da tua boca, procuras mitigar esse frio.  Sinto os teus lábios quentes  que envolvem a pele fina, contorcida... sinto a tua boca quente, que envolve... ora um , ora outro...  sinto a tua boca que desliza  sinuosamente para o pescoço... que se demora nos ombros... Meu Deus... que doce tormento!

Quero lançar-me impetuosamente nos teus lábios, no teu beijo... e tu, pareces  manter-me hipnotizada sob o toque das tuas mãos. Já não é o frio que sinto... é o calor que me abrasa a pele!

 

A chuva tempestuosa parece perfurar impiedosamente a areia, a cada gota... com cada gota... mas não, apenas a beija.... acaricia.

O mar ruge, rebentando furiosamente as ondas contra os rochedos. Parece querer destrui-los, mas não... permanecem imóveis, intactos perante a sua fúria...  e afinal, apenas se serve deles para lançar as suas ondas ainda mais alto.

As tuas mãos deslizam agora até ao fundo das minhas costas... tal como a onda afaga a areia. Sinto o seu aperto firme... que me pressiona ainda mais contra ti... balanças o meu corpo... sobre o teu... queres levar-me à loucura... seguramente. Vês-me lamber os lábios, mordê-los... e só então, só assim é que finalmente procuras o meu beijo. Finalmente, finalmente, bebo a doçura da tua boca... finalmente. Como te quero, como te desejo...

 

Balançamos nós, agora juntos, em uníssono, como um só. Já não há o meu querer... e o teu querer... apenas um querer. Parecemos acompanhar a cadência das ondas do mar. E acompanhamos. Mergulhamos na imensidão do calor da nossa paixão. Entregamo-nos. Rendemo-nos. Um ao outro. Sucessivamente, como o vaivém das ondas... eu sou tua... e tu és meu... e eu sou tua... sempre tua. O desejo parece inflamar cada vez mais. Cedemos... cedemos... cedemos.

E agora... já não acompanhamos a cadência das ondas... são elas que procuram seguir o nosso ritmo, são elas que procuram acompanhar-nos e...  falham, como falham...

 

Assim como o mar culmina o seu abraço  com a espuma da rebentação... também nós explodimos de prazer... Como a areia húmida brilha docemente sob a luz desta lua que nos ilumina... também a nossa pele reflecte a doçura perspirada pelos poros. Como o mar, agora calmo, jaz  rendido aos pés da praia... também nós...  assim permanecemos... neste doce abraço... doce, tão doce...

Os teus olhos castanhos exalam a doçura do mel... procuro bebê-lo mais um pouco dos teus lábios... só mais um pouco... e agora sim, vamos para casa... aquela, na praia, sem vizinhos por perto.

 

 

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