Geografia e sentido de orientação
Seria de esperar que os homens, na sua generalidade, pelo menos, tivessem um claro sentido de orientação. Temo confirmar, para vergonha masculina, e desespero feminino, que tal não passa de um mito. Mito. Pura e simplesmente, um mito.
Vamos a exemplos práticos:
Decathlon. Maia. 3ª tentativa após um curto período de tempo sem regressar áquela loja , já tão nossa conhecida.
M, pela terceira vez consecutiva, não encontra o caminho. Já anda às voltas. Perdido. Aproximamo-nos de uma bomba de gasolina. Tentando ser uma querida (leia-se, contendo-me de lhe berrar umas verdades) apenas digo: bomba de gasolina e aponto (sim, é feio apontar, eu sei). O que eu queria dizer, pura e simplesmente, já todas as mulheres que possam estar a ler, o perceberam, era simplesmente: pára e pergunta.
E o que faz o M? Pára e pergunta? Claro que não. Segue em frente. Homem que é homem, não pergunta direcções. Não. Claro que não. Temem provavelmente ficar sem um pedaço vital da sua masculinidade.
A odisseia continua... seguimos em direcção ao Porto, por uma estrada que ambos desconhecíamos... aí não resisto a perguntar: sabes por onde vais? Ao que ele me responde: ah, sim, claro, vamos ao Norteshopping, mas apetece-me ir por aqui. Para ser diferente. (Sem comentário possível aqui.)
Depois de muitos quilómetros - já eu deduzia que íamos desembarcar no centro do Porto, sim, é que eles, nem geografia, nem calcular distâncias - reconheço onde estávamos: perto do local onde um querido qualquer se encantou com o meu auto-rádio, e tal foi o encanto que o decidiu levar com ele. Toca a indicar-lhe o caminho em direcção à Boavista, e depois seguir em direcção ao shopping.
E isto, no país que conhecemos. Numa terra por onde já passamos inúmeras vezes. E lá fora?
Recordo-me, por exemplo, de San Sebástian (País Basco) - não fosse o meu sentido de orientação, não voltaríamos sequer a dormir no mesmo hotel - what the hell? Nem conseguiríamos regressar ao hotel após o primeiro passeio pela cidade!
Pontos Cardeais: Norte Sul Este Oeste. Simples. Exactos. Será assim tão complicado?
Meninos com GPS no carro: não vale... é batota ;) Se bem que , muitos, mesmo com GPS acabam por se perder. Bravo para os que, mesmo assim, conseguem chegar ao destino. Sózinhos.
Vejamos agora, outra vertente da geografia, a chamada geografia mais a sul.
Imaginemos um homem habituado a percorrer os montes e vales. Ao qual é facilitado o acesso à bela paisagem. Homem que tem a liberdade para percorrer a seu bel-prazer, as linhas, cada curva... e mesmo assim, acaba por se desviar dos pontos cruciais. Só vos posso dizer: lastimável. Imperdoável. Falta de tacto? Sinceramente, não sei.
Não são obrigados a conhecer o percurso? Barafustam já os homens, protestando. É um facto, não são obrigados a conhecê-lo logo à partida. Mas tratando-se de um percurso habitual, que já deveria ser familiar, bem, a verdade é que isso não abona muito em vosso favor, certo?
Acabamos por ter de lhes indicar o caminho. Temos de ser o co-piloto. Estar ali, atentas às curvas e contra-curvas... nossas e deles. O que os salva de cair na lama, é aparecer um, entre muitos ou poucos, que dispensa o guia turístico, e sabe facilmente encontrar os pontos de referência mais cruciais. É o que os salva. Da vergonha total.
E agora, lembrei-me de outra... mas esta era só para vos contar ao ouvido... é que o sentido de orientação não lhes é inato... como poderíamos pensar (nós, e até eles); e não deixa de ser curioso, visto eles gostarem de brinquedos grandes, aviões, por exemplo, falemos de aviões, e muitas vezes temos de ser nós, mulheres, a tomar o controlo do avião nas nossas mãos e aterrar o aparelho suavemente na pista. Ou não.