Novamente engraçado (ou estúpido)
Apesar de sentir o corpo mole, a vontade que tenho é de organizar a secretária, as minhas coisas, os papéis, reorganizar as estantes, mudar os livros de sítio, encaixotar as coisas que já não quero aqui, colocá-las em caixas, bem arrumadinhas e guardá-las no sotão. Tenho vontade de mudar os lençóis da cama, sentir aquele cheiro a fresco, a lavado. Até o chão queria lavar com lixívia, mas não posso (é madeira).
Procurei abrir a janela - queria arejar o quarto, sentir o fresco, o frio - a luminosidade do dia feriu-me os olhos. Procurei resistir, aguentar - deixei a janela aberta - fiz a cama. Arrumei umas roupas, uns sacos do Natal que ainda estavam pelo quarto. Retirei a jarra das tulipas do quarto - as pétalas vermelhas caídas em cima da cómoda - ninguém reparou. Nem eu. Só hoje as vi, despidas de cor. Queria fazer uma limpeza geral, daquelas a fundo - simplesmente não me sinto capaz.
O pinheirinho de Natal continua a pinhar (sim, pinhar - quem sabe o que é pinhar? P-i-n-h-a-r, com "h"). Já está assim há dias, e ninguém quer saber. Deixam-no assim, a descambar para um lado. Parece não incomodar ninguém. A mim, incomoda. Mas também não quis saber. Deixei-o ficar assim. Logo a seguir ao Natal, perguntei se queriam que o desmontasse (que palavrinha), disseram que não, para deixar estar até aos Reis. Ok. Os dias sucedem-se inevitavelmente. Não há crise. Lá chegaremos.