The wrong side of the bed
Há dias em que parecemos acordar do lado errado da cama. A mim, acontece-me muito - acordar com um humor péssimo, não do lado errado da cama. Basta uma noite mal dormida, uns sonhos do mais estranho, ou, o prato do dia (neste caso, teria de ser da noite), pesadelos. Acorda-se no dia seguinte com uma disposição daquelas. Daquelas. Mas que remédio, lá nos temos de levantar, preparar e sair. Aqui é que começa a porra. É de manhã, as pessoas andam na rua, uns a caminho do trabalho, outros do café, outros sei lá do quê.
Tendo plena consciência do meu humor, tinha obviamente consciência da minha cara - se há um claro indicador do meu estado de espírito, é mesmo o meu rosto; é que não há volta a dar: parece espelhar as entranhas - e pronto, vai contra a minha natureza a arte de dissimular, e é algo que me custa imenso ter de fazer - mas tenho plena consciência de que tal é necessário. Quanto mais não seja, por boa educação - cruzamo-nos com as pessoas na rua, e aliado ao bom dia, deveria lá estar um sorriso, por mais tímido que fosse. E o mais importante ainda acaba por ser não revelar o estado de espírito que nos consome - porque isso leva a muitas e irritantes perguntas para as quais, eu, logo ao levantar já não tinha pachorra nenhuma. Ora, eu tinha plena consciência disto quando saí hoje de manhã. Tinha, claro que tinha. E a verdade é que eu bem tentei. Tentei. Tentei. Mas a porra dos maxilares não obedeciam, e muito menos o sorriso. O olhar, bem, quanto a esse, nem vos conto.