Monstros - parte II
Há dias que são de festa, há dias que são de alegria, há dias que são para comemorar... Mesmo assim, não há filtro possível e imaginário que possa impedir a dura e cruel realidade de entrar. O sofrimento dos que me são queridos mata-me. Corrói-me por dentro como ácido que pudesse ter ingerido. Dilacera-me o peito. Destrói-me por dentro. Acaba comigo. Sinto como se me arrancassem pedaços mas como se o fizessem lá de dentro - onde dói mais.
O sofrimento espelhado nos seus olhos, corre através de mim como as águas de um rio correm sem parar. Em mim, restam apenas os escombros, como se deixados por uma guerra terrível que tudo destrói. Fica a dor e o sofrimento que atordoam o espírito e me deixam zonza, incapaz de reagir, de lutar. Apenas se sente dor, essa dor lancinante, que é a única presença no meu ser - neste momento, não sou mais nada, a não ser essa dor tão dolorosa que me corrói as entranhas - parece descarga de corrente eléctrica que me atormenta, e enquanto não passar (estes minutos ou horas), o tormento não tem fim. E tudo isto por esses monstros, que andam por aí, no meio de toda a gente, com máscaras de pessoas bem, querendo esconder o que fizeram, querendo esconder o que são. Mas a mim já não me enganam, não... não quando vejo estampado nos olhos daqueles a quem quero tanto, o sofrimento que causaram.