Karma take 3
Ironicamente, mal vi o desafio no Shiuuuu, lembrei-me de ti. Pensei em fazê-lo. Onde estás? Era o que gritava cá dentro.
Decidi não o fazer. Uma carta que não foi enviada. E eu sei que tu, mais do que qualquer outra pessoa, percebes isto. Talvez só tu mesmo.
Porque assim o quiseste. Porque assim o decidiste. E eu respeitei o teu desejo. A muito custo, mas respeitei. Obrigo-me a respeitar. Quantas vezes te quis procurar, te quis falar, te quis chamar. Mas não o fiz. A muito custo, mas contive-me. A muito custo contenho-me.
Ironicamente, ontem, pensei em ti. Perdida no meio da confusão em que tenho andado, lembrei-me de ti. A falta que me fazias. As tuas palavras, que conseguiam mostrar-me sempre o melhor da vida. O melhor de mim. A capacidade que tens de me dar a mão e retirar dos escombros, mostrar-me toda a beleza que ainda resta no mundo, tudo o que há para conquistar, e revelar a força que ainda tenho escondida em mim.
Escrevi o seguinte - post que decidi não terminar, não publicar - não sei explicar porquê. Pensei que seria expor-me demais. Pensei que seria inútil - porque não o irias ler. Porque penso que já nem passas por aqui - que já nem sequer aqui me lês. Uma carta que não foi enviada.
L, estás a fazer-me tanta falta. Porra, como me fazes falta. Como preciso das tuas palavras neste momento. Tu que disseste: e logo agora. Neste momento que não convinha nada. E tinhas razão. Oh, se tinhas razão. Como me conhecias assim? Como me vias assim? Como ME VIAS. E sabias. E soubeste. Preciso que me digas o que só tu me sabes dizer. Que me mostres, o mundo pelos teus olhos. Nem imaginas. Nem podes imaginar. Porra, porque tinha de ser assim?
Ironicamente, desde ontem que penso que preciso é de duas bofetadas, para deixar de pensar no que não devo, e manter-me no caminho que seguia.
Há segredos no Shiuuuu que me dizem tanto, que podiam ser meus - como de tanta gente - que dizem o que sinto agora, e muito do que já senti.
Hoje, ao passar por lá, e de tão desconcertada que fiquei, ao ler aquele texto, até me esqueci do que me tem andado a ocupar a cabeça. Nisso foi bom. Pelo menos nisso.
Cheguei à conclusão que dói. Muito mais do que eu pensava. De tão abalada que fiquei, cheguei a pensar que a alma também sofre - porque sentia dor no corpo, mas não era no corpo que sentia. Era cá dentro que o sentia, mas não era na carne. Era na alma. Chego à conclusão que são as pessoas que mais nos importam que nos causam dor. Porque a ausência dói. Porque se não tivesses importância para mim, não sentiria a tua falta. Porque a tua ausência dói.
Porque estas cartas não enviadas, são sentimentos que não são ditos. Porque foi isso que senti. Porque talvez nunca o tenha dito claramente, mas foi isso que me marcou - foi esse o sentimento com que fiquei - e não entendo o porquê do mundo ser assim, tal como o vimos representado. Porque não entendo a cobardia humana, de não falar, de não dizer o que se sente. Desengana-te: também sou cobarde. Também sou. As coisas que ficam por dizer... deveriam ser ditas. E é isso que me revolta. O que ficou por dizer. E ficou tanto por dizer.
Cartas que não foram enviadas.
Mas a vida continua. Eu procuro continuar. Mas se pensas que te consigo ver como apenas um contacto - desengana-te. És muito mais do que isso. Um dia, muito mais tarde, poderás ser efectivamente apenas um contacto. Muito mais tarde. Já te tinha dito que trocava 40 por um amigo como tu. E continua a ser verdade. Acho é que 40 são poucos. Trocava 400 por ti.