... como o chocolate negro que vagarosamente se derrete no café... também ele negro, tão negro. E nós, imersos, na sua escuridão. Perdidos... na nossa escuridão. Procuro despertar-nos... para novamente nos envolvermos... e novamente, nos derretermos...

Oh baby, let's make a sunday out of monday!

Mergulho o chocolate rudemente quebrado no café que exala fogo...  um fogo diferente, mas fogo... tudo é fogo.

Languidamente observo como se derrete... um manto negro,  espesso de doçura, e de envolvência. Seguro-o na ponta dos dedos... Abro os lábios... Coloco-o na minha boca... e  sob efeito de uma hipnose extra terrena... encerro-a... como a  planta carnívora aprisiona o seu alimento... suave, tão suave. Sinto o manto negro que se apodera da minha língua... do céu da minha boca... apenas sinto esse manto... apenas isso. Apenas o manto existe.

Não vale a pena negá-lo - quero-te - como te quero! Quero saborear-te. Quero sorver-te, aos poucos... como chocolate derretido. Aos poucos... aos poucos.

O chocolate verga, também ele, sob o calor do café. Cede, também ele, ao fogo. Todos, eventualmente, cedemos... ao fogo. Aprecio como cede... como se derrete... Como se contorce... indefinidamente. Imutavelmente.

Vamos vergar-nos também nós... vamos ceder... novamente. Vamos entregar-nos ao fogo... que ainda me consome. Deixa-me... consumir-te nele.

Burn lover, burn...