Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blue 258

Blue 258

...

#12 Fome

12
Nov09

 

Embalada por esta mesma música dos Portishead... envio-te uma mensagem:

O jantar está pronto... e eu, quase no ponto ;)

Ao que rapidamente respondes: que bom ;) estou esfomeado... chego em 10 min

Não sei bem qual era a tua fome... mas talvez fosse igual à minha, pensei. Chegas desperto, irradiando vitalidade em cada traço do teu rosto. Trazes até mim, a frescura agreste que se faz sentir lá fora. Os teus olhos cercam-me. Praticamente desnuda, envergando apenas a camisa.  No chão, em frente à lareira, que agora crepita, lançando as suas chamas como tentáculos hipnotizantes até nós.

Devoras, cada pormenor, com a tua atenção. O meu olhar, o que te mostra o  meu olhar... A minha boca... que diz querer-te. A pele fina, tocada pelos raios de fogo... mostra o que me inflama a alma.

O teu olhar  centra-se agora no escarlate que me cobre a pele... e perde-se a percorrer a pele rosada... Aproximas-te... beijas-me, e como me beijas! Como se colocasses nesse beijo, tudo de ti... toda a tua fome, todo o teu desejo, toda a tua paixão, todo o teu amor. Deliro, de cada vez que me beijas assim.

Saboreias o Black Label nos meus lábios, na minha boca... também queres. A garrafa, ao meu lado. Sobre a mesinha, dois copos. Vazios, intocados. Alcanças a garrafa.. e eu sinto o líquido cor de fogo, na tua língua, na tua boca, a mergulhar dentro de ti. Dentro de mim?  Hipnotizada, mergulho no castanho provocante do teu olhar... perco-me. Lanço-me no teu beijo.

Percorres os meus lábios, sedentos. Beijas-me ardentemente o pescoço... fazes-me arrepiar... e descobres o ombro. Revelas o negro rendado, que se escondia  até agora, sob o escarlate. Afastas a seda. Beijas... a renda negra.

Sinto a tua mão... que me percorre... a palma, o peito do pé... o tornozelo... até ao joelho... sinto as tuas mãos nas minhas coxas... que deliciosamente se escapam sob a seda escarlate... novamente, de encontro ao rendado. 

Perco-me no teu beijo. Perdida, completamente perdida, sinto os teus dedos, que rasgam agora, a renda negra. Pergunto-me, será a fome?

Insaciavelmente, procuramos saciar essa fome. Insaciavelmente insaciável.

 

 

 

Numb by Portishead on Grooveshark

#11 Contrastes

12
Nov09

 

O dia... raiou negro. O sentimento... era a escuridão. Saio... vestida de acordo.

 Aqueles jeans de cor negra, aqueles, que me fazem irradiar sex appeal... camisola, também preta, aquela, de decote pronunciado... e por baixo, aquela camisa de seda encarnada... aquela, que não gosta de ser abotoada...

O dia parece ter-se arrastado em slow motion... e a noite, começa a apoderar-se dele... aos poucos, conquistando-o, entorpecendo-lhe os sentidos, envolvendo-o numa doçura mortal.

Chego à casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto. Encaminho o jantar. Acendo a lareira. Como os aromas se envolvem tão facilmente... no ambiente da casa. Parece inacreditável... a forma como o calor provoca um bailado doce de sensações.

 

Os contrastes. O negro e o vermelho. O negro que avança, lá fora... e cá dentro, o negro que é deposto sobre o sofá... ali jazem as calças, a camisola - restos mortais deste dia. Em mim, apenas ganha vida a seda flamejante de paixão.

A  rudeza e a suavidade. O couro duro, inerte, ao qual se encosta a minha pele... doce e perfumada, pelo Black XS.

A noite que se abate e o fogo que se levanta. Do lado de fora da  vidraça, o dia que já se rendeu. Do lado de dentro, as cores do fogo...  que se dispersam entre a lareira, que se consome lentamente no seu próprio fogo... a minha camisa, que transpira paixão... a minha pele, rosada pelo calor... o Jack Daniels, Black Label, que começa a balançar...

A tempestade... exterior e interior. Lá fora, o rugir alvoroçado do mar. Cá dentro, bem... a calma aparente mascara a corrente frenética que sinto no sangue.

Aguardo a tua chegada.