#22 Sob as estrelas
Ambos ardemos neste fogo que nos consome. Este fogo que deflagrou quando o teu corpo tocou no meu. Este fogo que pede mais... e que nos consumirá até nada restar de nós.
Quentes, sufocados no calor do nosso beijo, presos pela doçura do nosso abraço. Queremos ver-nos livres das roupas que ainda nos prendem... que ainda nos detêm. Queremos espaço, queremos liberdade, queremos ter-nos... sim... eu quero ter-te... tanto como tu mostras querer-me a mim.
Perco-me na tua pele morena... delicio-me com o teu perfume... com o cheiro da tua pele... com o teu sabor... Colo os meus lábios aos teus... Derreto-me na doçura da tua boca... sinto os teus lábios doces que agora percorrem demoradamente o meu pescoço, os meus ombros, o meu peito... iniciando depois a viagem de regresso... partindo do peito... deslizando pelos ombros... até ao pescoço... e voltando... a colar-se aos meus.... em mais um beijo avassalador.
A nossa pele suada, o teu perfume que se envolve com o meu... o teu sabor... o meu sabor... o nosso sabor. A tempestade agora confinada ao ensejo dos nossos corpos em se possuírem.
A acalmia paira lá fora. Fortes gotas de condensação deslizam através do vidro. São marcadores da tórrida paixão a que nos entregamos. Aquela que nos consome... aos poucos... e cada vez mais.
Apenas o ar frio da noite... poderá acalmar o calor dos nossos corpos... tonificar os nossos sentidos... e deixar-nos então mergulhar conscientemente na doce loucura que nos envolve.
Façamos do areal o nosso leito. Façamos inveja às estrelas... incapazes de arder como nós. Saciemos a tua sede... e a minha fome... de ti... da mesma forma. A única possível. Sob estas estrelas que brilham...