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Blue 258

Blue 258

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Das estrelas que escrevem

20
Jan11
Há quem escreva, seja por querer escrever ou pelo simples prazer de o fazer. Depois há quem pinte com as palavras, quem desenhe sentimentos, estados de alma, quem transcenda, mesmo sem o querer fazer. Este, é o caso da Ana. Umas das estrelas desta blogosfera.
 
 
 
(quando ela acorda ainda chove lá fora mas o princípio do dia vestia-se aos poucos de luz e magia. abre os olhos mas deixa-se ficar um pouco entre os lençóis desalinhados.
ele invadiu-a toda a noite. percorreu-lhe a pele como se a tocasse. tem nos lábios o sabor intenso dele e na pele nua o calor do corpo, a ponta dos dedos, o rasto da saliva.
pede que lhe levem um café ao quarto enquanto põe a correr a água na banheira, onde entra depois relutante. não tem vontade de o afastar da pele. mesmo que sonhado.
fecha os olhos e as palavras começam a formar-se por dentro em desalinho e uma única a subir pela garganta, a roçar o céu da boca percorrendo a língua e escorrendo-lhe dos lábios. o nome dele preenche os espaços vazios.
ele contra ela. ele dentro dela. ele a transportá-los para um sítio distante.
abre a janela e deixa agora o mundo invandir o quarto. as grandes cidades apenas são barulhentas para quem não as sabe escutar, pensa. e ela poderia decompor todos os sons naquele momento. os carros. o vento e as árvores. o bater do coração dele em qualquer sítio da cidade.
bebe o café que os pensamentos fizeram arrefecer e olha para o relógio. os ponteiros estão a rodar preguiçosamente. tem ainda tempo para uma volta na cidade.)
 

#52 Diz-me que me amas

20
Jan11

 

Diz-me que me amas, em sussuro, ao ouvido. Olha-me nos olhos e sorri, com esse sorriso que me encanta... que me estilhaça a alma! Exala as palavras mais uma vez no meu pescoço. Escreve-as novamente nos meus ombros. Marca-as na minha pele. Tatua o meu corpo com o teu amor.

 

Envolve a minha pele na tua, enquanto que os lençóis voam ao sabor da paixão. Perde-me nos teus braços. Solta-me. Liberta-me. Enleva-me. Abraça-me: é nos teus braços que me quero encontrar de novo ao regressar. Ao voltar... e de cada vez que volto... a ti.

 

Deixa que a luz do sol me desperte. Não, não corras as cortinas. Não saias do meu lado, nem por instantes, não, não descoles o teu corpo do meu. Agora sou eu que te abraço. Que te envolvo. Que marco o teu corpo com amor. Deixa que a manhã nos encontre assim, por entre o tumulto dos lençóis.

 

O meu corpo, em cima do teu, segue a cadência do mar... aquela cadência que tantas vezes se impôs aos nossos corpos. A maresia desperta-nos os sentidos, e, não tarda nada, o mar revoltar-se-á por não acompanhar a cadência que descrevemos. As ondas quebram nos rochedos negros, e jazem depois, extenuadas, no areal molhado, na praia que espera por elas. Naquela praia. Naquele lugar. Junto à casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto.  

 

 

E agora sou eu que te digo: meu amor, mais uma  vez... mais uma vez.

 

 

 

mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cores no céu maior
aqui tudo é tão novo e o que pode ser amor

e onde tudo morre tudo volta a nascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar

já é dia e a luz está em tudo o que se vê
cá dentro não se ouve o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar.