A vida tende a ser bipolar. Verdade. Um pouco de confiança em mim que eu passo já a explicar. A vida tende a ser de extremos. Consegue dar-nos coisas tão boas, para, logo a seguir, nos apresentar o reverso da medalha: coisas igualmente más. Na mesma forma. Na mesma medida. Com a mesma intensidade. É o doce e o amargo elevados ao extremo. E agora, replicais vós: porra, então é bem melhor levar a vida naquele meio termo: nem quente nem frio. Morno, smplesmente morno. E eu digo-vos que não. Digo-vos que isso não é vida nenhuma. É um placebo que muito boa gente se digna a consumir. E eu digo-vos que não. Placebos, não. Vidas mornas, sem sabor, sem sal, sem gargalhadas, sem lágrimas, não. Um grande e redondo não. Chamar-me-eis de extremos. Assumo que sim. Fui brindada com uma vida de extremos. Se custa? Claro que custa. Se a trocava por qualquer outra vida... a minha resposta continua a ser um grande e redondo não. Os momentos em que andamos a pisar as nuvens valem ouro. Mesmo que depois se aterre de cara no chão.
«Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena»
Fernando Pessoa
Adenda: Gaja, mas que tens andado tu a fazer que há quase 20 dias não escreves no blogue? Tenho andado a viver. Uma vida de extremos.