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Blue 258

Blue 258

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Cartas à Dani #1

24
Jun13

Minha doce Dani, 

 

Acabei agora mesmo de escrever à nossa mvm e lembrei-me de ti. Se falo para (com) ela, lembro-me dos portos de abrigo e isso conduz-me inevitavelmente às tuas palavras. A ti. Enquanto lhe escrevia e pensava também em ti, percebia que os melhores portos de abrigo são as nossas Amizades. As verdadeiras, aquelas que se dignam chamar-se assim, as que se escrevem com "a" maiúsculo. Daí recorrermos tão frequentemente a elas. Sendo os nossos portos de abrigo, apaziguam as saudades que temos, o cansaço que porventura possamos sentir. Banham-nos com alegria, colocam um sorriso nos nossos lábios e refrescam-nos a alma. Não é isso mesmo o que os portos de abrigo (as amizades) fazem?

 

Daí pensar que nada melhor do que um gelado à beira d'água. Cor, alegria e doçura. Tens de vir a Viana e eu tenho de ir a Lisboa. Só para comer um gelado e abraçarmos os nossos portos de abrigo. Sabias que os portos de abrigo se abraçam e crescem ainda mais quando se abraçam?

Tornam-se mais fortes e completos e mesmo quando nos vamos embora, a magia não se perde e eles assim permanecem, como que sublimados. E de cada vez que eles se abraçarem, enlevam-se um pouco mais, um bocadinho mais a cada abraço. 

 

Despeço-me assim, num abraço. Um abraço que nos enleva e aumenta. Um abraço que é só nosso mas que por vezes é a três, e que mesmo sendo assim continua a ser só nosso. Tão nosso.

 

Beijinhos, Blue.

Cartas à Mil Vezes Mais #3

24
Jun13

Minha querida MVM,

 

Já não te escrevo há tanto tempo. Tenho saudades de ti, saudades das nossas palavras, e lembrar-me delas sobrecarrega ainda mais a saudade.

Sei que andei ocupada, a vida é assim mesmo, tem momentos em que nos ocupa, assolapa-nos de afazeres, cuidamos de nós, cuidamos dele (muito mais do que cuidamos de nós), cuidamos dos outros, cuidamos da casa, vivemos o dia e chegamos à noite com um sentimento de dever cumprido. A noite é feliz: partilham-se travesseiros, puxam-se lençóis e o sono envolve-se em conversas e leituras a dois. Já não estamos sós e o "2" agora faz-se completo, faz-se a dois. Se lhe subtraíres "1", o teu um mantém-se, único, indivisível. Já não se parte, já não se separa, já não se desfaz em pedacinhos. E é assim que deve ser. Sempre.

 

Sei que também tens andado ocupada, com a tua vida, com os teus afazeres, tal como eu. Ocasionalmente, lá nos encontramos, e mesmo que apenas se troquem umas palvras de fugida, o abraço que nos damos acalenta-nos durante horas e ajuda a minimizar as saudades. Os abraços são assim. Aqueles, grandes, cheios de amizade e amor porque a amizade é amor. Aqueles verdadeiros. Sentidos. E esses não encontras em qualquer lado. E é por isso que quando os consegues encontrar, de raros que são, costumas guarda-los como tesouros.


O calor chegou finalmente, e calor que é calor, pede água. O meu corpo sinto-o quente e cansado e penso em mergulhar. Mergulhar é um estado de alma. Eleva-nos de tal forma que nos sentimos etéreos. Imagino ser por isso que se sentem tão felizes os golfinhos e as baleias. E deve ser por isso que eu penso em água e em mergulhar. Depois de uns belos mergulhos, nada como nos deixarmos estar na margem: a areia brinca com a nossa pele, a água banha-nos de alegria, o sol brilha nos nossos olhos e sorrimos. A felicidade (amizade) não se faz só de palavras, compreende os silêncios e abraça os sorrisos.

 

 

Não sei porque razão a melancolia me enviou hoje um postal. Estaria de férias? Mas a verdade é que deu notícias e pôs-me a pensar. Acho que é bom falarmos nas coisas e usarmos as palavras. Não as podemos deixar esquecidas num recanto qualquer a apanhar pó. Temos de as ler, temos de recordar e lembrar que tudo tem o seu lugar. Que tudo encaixa de alguma forma na nossa vida. Que tudo faz sentido. Se o deixarmos de fazer durante muito tempo, acumulamos qualquer coisa cá dentro.

Qualquer coisa que eu nem sei bem o que é, ainda não sei o que é, mas talvez não seja nada, talvez seja apenas o cansaço que hoje sinto. Será cansaço, mvm? Lá no fundo, bem no fundo, fazem-me falta as tuas palavras e um abraço que dura horas. Por isso te escrevo.

 

Espero encontrar-te bem, atarefada nas coisas da vida, cansada apenas da azáfama que é cuidarmos de nós e dos outros que são a nossa vida.

Termino esta carta com um abraço. Um daqueles que duram horas. 

 

 

Beijo, Blue.