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Blue 258

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Cartas à Mil Vezes Mais #4

06
Nov13

 

Minha querida MVM,

 

Está a chover. Não é que a chuva me incomode; adoro dias de chuva que convidam a um refúgio naquele café da esquina ao final da tarde e me deixam apreciar o bulício dos pedidos para o lanche, cá dentro; as pessoas que fogem da chuva, correm para o autocarro, seguem para casa, lá fora. Gosto da sensação de aconchego que as vidraças embaciadas nos transmitem. Detectam o calor humano. E há dias como o de hoje em que aprecio verdadeiramente o caminho para casa:  de botas calçadas sigo rua abaixo de mão dada com a sensação de um dia completo nas costas e a vontade de chegar a casa sem pressas. 

 

Adoro dias como este, em que me lembro das pessoas, em que reservo uns momentos do dia para pensar nelas. Foi por isso que hoje me sentei à secretária, peguei numa caneta, no papel de carta, e escrevi pausadamente como se esperasse uma resposta imediata a cada frase que depositasse no papel.

 

Sentei-me e escrevi. Escrevi sentimentos, lembranças que são sentimentos, memórias, recordações. Já viste como tudo são sentimentos? Escrevi sobre coisas pequenas, sem tamanho até. Escrevi sobre coisas grandes, tão grandes que nem cabiam na folha. Demorei o meu tempo. Gosto de desenhar cada palavra, sabias? Dá-me tempo de a absorver. O que pode parecer estranho, confesso. Se ela vem de dentro, porque a quero eu reabsorver?

Sinto-me feliz. Ao ver que os bons sentimentos permanecem sempre dentro de  nós. Que crescem connosco. Amadurecem ao mesmo tempo (no nosso tempo) porque os carregamos connosco durante todo o percurso. E depois transformam-se. Como as crisálidas.  

 

Temos de marcar um lanche para o final de uma destas tardes. Pode ser cá em casa. Poderia ser no mesmo cafezinho das vidraças embaciadas. Mas depois terás de fazer comigo o percurso até casa. Quero que conheças o meu caminho e deixes os teus passos gravados nas pedras da calçada só para elas também guardarem a tua memória.

 

 

 

Um abraço forte e um beijo de faces rosadas pelo frio do Norte.

 

Blue

 

 

 

 

Cartas a ti #2

06
Nov13

Olá de novo! Já tinha enviado a tua carta pelo correio quando cheguei a casa e ouvi esta música:

 

 

Peguei num envelope - ainda estavam sobre a secretária - e coloquei a música lá dentro com esta nota. Selei-o. Sopesei-o abstraídamente porque na verdade me distraíam os pensamentos destes últimos dias. Tenho-me recordado de pessoas queridas e essas recordações trazem saudade. Ou será a saudade que traz consigo as lembranças?

De qualquer forma, quis enviar-te esta música do David e da Rita. Apareceu-me assim do nada e como diz tanto. Tanto. Dos dias, das recordações, das pessoas. De ti. De tudo.

 

Sweet kiss,

 

Blue

 

 

 

 

 

Cartas a ti #1

06
Nov13

Pego numa folha amachucada que tinha guardada e volto a ler o que agora me parecem notas soltas do que pensei enviar-te da última vez em que me sentei a escrever cartas. Aliso-a o melhor que posso, e nem sei o que te diga: não eram as palavras erradas, não estavam elas mal escritas. Daí alisar o papel e procurar reanimar a tinta das palavras.

 




5 de Novembro

 

Meu querido, 

 

   Como estás? Como tens passado? O que é feito de ti? Por onde correm os teus passos calmos, onde pára a tua certeza, onde mora a tua confiança? Onde te demoras tu?

 

Começo logo por te bombardear com perguntas, já sabes como sou e eu sei que sabes e aceitas daquela forma que não pede concessões. Aquela forma que até poderia ser dos outros mas que nunca é porque nela colocas tanto de ti; uma forma que eu agora sinto que só podia ser tua.

Sabes que por vezes tenho vontade de conhecer o teu fim de tarde? Perguntar-te como foi o dia. Saber como foi o acordar e o pequeno-almoço no café da esquina. Como foi o teu café depois de almoço. Saber de ti. Saber-te feliz. E enquanto conversamos, perguntas-me pelo meu dia e eu aproveito para contar-te...

 

Contar-te o meu dia, este dia, porque nem todos os dias são dias de te encontrar e abraçar a saudade deste tempo que já foi tanto tempo, tempo que parece não querer parar, tempo que continua a contar os dias, as horas; perde-se nos minutos e já nem conta os segundos. E é nestes dias que aproveito o bálsamo de um abraço, o sossego de um porto seguro, o aconchego do brilho de um olhar.

Dizer-te que hoje decidi, assim do nada, mas a querer algo em concreto, brindar o jantar com um belo tinto.  Abri a garrafa, quase  não deixei respirar e enquanto cozinhava, pensava: não há datas a celebrar, não é uma ocasião especial. Eu não preciso de um motivo qualquer para mimar o dia!, disse para mim mesma e sorri.

 

 

Enquanto te escrevo, tenho uma música a tocar em repeat; faz-me lembrar de ti de uma forma que eu não consigo precisar nem explicar. Sei não precisar. Quis enviar-ta (ei, não há por aí um cd com o meu nome?); juntá-la a esta carta porque a música sempre teve significado, e transcrever parte da letra que me diz tanto e faz sorrir.

 

 

Take me back to your place, 
Show me how to dance 
Let’s go watch the sunset 
With me in your hands 

Fly me on a jetplane, 
Take me to the moon, 
Wherever you go, 
I’ll follow 

 

 

Sabes o que é uma recordação querida? Uma memória que ganha corpo, e eu não sei se é do vinho, do aroma que se instalou pela casa, mas imagino que a poderia guardar numa caixinha. Como um tesouro. 

Ouve. Escuta. Sorri. Discorda ou concorda. Neste refrão vejo a tua cara. Será que ainda te percebo e tu  a mim?

 

Take me in your mustang, 
Let’s go cruise the streets, 
We’ll stay young forever, 
Cos love knows my beat 



Pergunto-me se o dia de hoje marca alguma coisa em especial. Passada. Pelo menos uma coisa te digo: marca o dia em que finalmente me sentei e escrevi uma carta para ti.

 

 

Um abraço. Daqueles. Do tamanho do mundo.


Da tua Blue.



Mimos

06
Nov13

A Blue não tem facebook, por isso imaginem a minha surpresa quando, através do meu facebook pessoal, vi este miminho:

 

 

 

E nós é que somos mimados. Tanto. Assim sem contar.