Minha querida MVM,
Logo de manhã, abri a caixa do correio sem saber que a tua resposta chegara e esperava por mim. Levei a tua carta comigo, e assim passou o dia: comigo e por abrir. Continua sem abrir enquanto te escrevo porque sei ter as tuas palavras guardadas, sei que as poderei ler e reler sempre.
Já não chove, e as nuvens geladas trouxeram o frio. Sabes como adoro a neve e a promessa dela está escrita nos céus - já nevou na Serra da Estrela - e como eu queria fugir para um recanto, juntar as familias, acender as lareiras dos bungalows, preparar petiscos perfeitos para este tempo e saborear o vinho morango (do Norte) quente e doce e quem sabe, o ponche que já promete o sabor do Natal.
E assim nos juntamos, guardamos momentos, colmatamos saudades, estreitamos laços. Aproveitamos uns dias de descanso - que falta que eles nos fazem - e diversão na neve. Por vezes tenho sonhos bons, não achas? Eu também penso o mesmo.
Cheguei a casa gelada, movida pela ânsia de aquecer a alma. Liguei o forno, preparei uma bôla de carne e o apetite aguçou cá em casa. Preparei as maçãs, polvilhei-as com açucar amarelo e canela e é quando os aromas começam a dançar que eu me sento a escrever para ti.
Porque é importante escrever para ti, falar também de coisas banais, das coisas pequenas que nos preenchem os dias. No aconchego deste aroma delicioso que me enleva a alma, preparo-me para finalmente abrir a tua carta e ler as tuas palavras.
Abraço-te agora. Abraço-te sempre.
Blue