Eu também quero ler o que Fitzgerald escreveu
A Cambridge University Press, que está a editar as obras completas de Fitzgerald, vai lançar esta semana a primeira versão não censurada de Taps at Reveille, o quarto volume de contos do escritor, originalmente publicado em 1935. O livro reúne um conjunto de histórias breves que Fitzgerald publicara a partir do final dos anos vinte na revista Saturday Evening Post, vulgo Post. (...)
O coordenador desta nova edição, James West, professor na Pennsylvania State University, sublinha, em declarações ao jornal britânico The Guardian, a importância do trabalho de reconstituição que permitiu recuperar os textos originais do autor: “queremos ler o que Fitzgerald escreveu, e não o que os editores da Post acharam que ele devia ter escrito”. Mas não censura os responsáveis da revista. No prefácio ao volume que coordenou, escreve: “Eram estas as regras do mercado: Fitzgerald era um autor profissional, e aceitou-as”. Observando que a revista se dirigia à classe média e evitava o que pudesse ofender os seus leitores e anunciantes, West exprime a convicção de que Fiztgerald teria perfeita consciência de que estava a incluir “expressões e situações” que iriam ser “atenuadas ou apagadas pelo lápis azul".
West lembra ainda que um dos lugares-comuns da crítica a Fiztgerald era a sua alegada tendência para evitar tópicos desagradáveis e a sua relutância em usar uma linguagem realista. “Podemos ver agora”, conclui West, que nada disso foi escolha sua”.