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O Natal, chegou, passou e não deixa saudades. Não cheira a Natal, não parece Natal e não sabe a Natal, são palavras que já não saem apenas da minha boca (porque na verdade, já me cansei de as dizer): oiço-as penduradas nos lábios de muita gente. Pode parecer que não, mas isso custa-me. Custa-me porque (ainda) tenho a memória do Natal ser uma época especial. Linda. Mágica. E a magia faz-me falta.
Oiço dizer que é um dia como qualquer outro. E isso gela-me o coração. Repetem-me que é um dia qualquer e sinto o gelo enterrar-se mais um bocadinho. Dizem-me que o Natal perdeu o sentido, que o consumismo matou o Natal. Nós matamos o Natal. Não tarda nada, passa a ser mais uma data no calendário, mais um feriado do qual não sabemos nada.
Porque o Natal não é consumismo desenfreado, não são smartphones, tablets, playstations, centros comerciais apinhados. O Natal está nas pequenas coisas. Na escolha dos presentes, nos embrulhos cuidados que antecipam a surpresa da descoberta. Está na decoração da árvore de Natal, nos aromas que nos vão tentando a caminho de casa, no prazer daquelas estrelinhas que nos recebem ao chegar. Porque o Natal está nas pequenas coisas. Naquele miminho com que não nos esquecemos de presentear alguém. No agradecimento do inesperado. Da atenção. Do carinho. Do calor que exala da gente quando se diz Feliz Natal!
E eu quero voltar a sentir a alegria do Natal. A doçura dos gestos, o carinho das palavras sentidas, a presença daqueles a quem queremos por perto. Porque eu quero continuar a sonhar com neve, quero que isso nunca deixe de ser aquilo que eu peço ao Pai-Natal. Quero as pequenas coisas que nos dizem tanto, que nos dão o sabor, a cor e o brilho. Sem isso não nos resta nada. Porque o Natal está nas pequenas coisas.