Deixa-me que te diga
És um palerma.
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És um palerma.
Tenho saudades tuas.
(E tenho que o dizer de alguma forma. Tenho que o escrever, descrever o que me corre agora no coração, porque de alguma forma tem de ser dito. E eu prefiro assim. Eu escolho esta forma. Desta forma, e não de outra qualquer. Para olhos que não vêem, coração que não sente.)
But if I be wrong, if I be right
let me be here with you tonight
Ten thousand cars, ten thousand trains
there are ten thousand roads to run away
But I am not lost, I am not found
«um dia aprendes que quando sentes o coração a apertar, vais repetir que em frente é o único lugar.
um dia aprendes que podes não saber (ainda) tudo aquilo de que és capaz, mas gravas na pele que nada nem ninguém merece que ponhas em risco o único amor que nunca vai desistir de ti: o próprio.»
há quem diga que o amor não vê. e depois há olhos que te invadem a alma, como quem te lê. há quem diga que o amor não abraça. e depois há sorrisos que te cativam o coração, como quem te enlaça. há quem diga que o amor não cura. e depois há abraços que te salvam do mundo, como quem te segura. há quem diga que o amor não toca. e depois há mãos que te sossegam os medos, como quem te suporta. há quem diga que o amor não sente. e depois há corações que te falam em silêncio, como quem te pressente.
É. E a minha menina dos abraços parece acertar sempre.
Então não sei o que será.
trago em mim a gratidão por todas as coisas e pessoas que deram errado, que saíram do meu caminho e que deixaram espaço, tempo e ar para que as outras, as certas, pudessem entrar, conquistar um lugar e ficar.
trago em mim a gratidão a quem me disse ''não'', a quem me obrigou a dar passos atrás e a recomeçar do zero: mais forte, melhor, de coração maior.
trago em mim a gratidão pelos dias em que remei contra a maré, pelos dias em que aprendi o valor da palavra resiliência, pelos dias que me fizeram tatuar na pele o mantra que está sempre presente em mim:
«duas coisas nos definem e nos distinguem: a nossa paciência quando não temos nada, e a nossa atitude quando temos tudo.»
Beijo é sempre, é agora ou nunca, é beijo roubado, é beijo nos lábios, é beijo com língua, é beijar como quem morde, como quem tem fome de mais. Beijo é nos teus olhos, nos teus lábios, na tua boca... Beijo é um beijo nessa boca que te sai, assim, quase sem pedir.
Neste mar imenso,
Debaixo de água com os olhos turvos,
Todos parecem iguais
Está demasiado ameno o clima
E tudo o que é normal demais cansa
Cansa viver onde todos querem ser iguais
E o riso torna-se "inespontâneo"
E o grito está cada vez mais preso
Mas olhei para o lado e os teus olhos
Ah, eram os teus olhos
Então já não era preciso gritar nem ser amado
O meu riso voltou aquele lugar inesperado
E tu foste no tempo e no espaço
A paixão que me acordou e acordou o mar
O tempo já bate ao segundo
De quem vive ansioso por amar
Às escuras não sei quem és
Era impossível recordar a tua voz debaixo daquele mar
Passas na minha mente fragmentada
Pelos ideais que nos rodeavam
Não consegui encontrar naquele momento o caminho
Era tudo demasiado água
Mas olhei para o lado e os teus olhos
Ah, eram os teus olhos
Então já não era preciso gritar nem ser amado
O meu riso voltou aquele lugar inesperado
E tu foste no tempo e no espaço
A paixão que me acordou e acordou o mar
Não te vejo, não te encontro
Preciso desenhar-te sem faltar qualquer traço
Não me adormeças, não me prendas
Quero ficar aqui fora do mar
Mas olhei para o lado e os teus olhos
Ah, eram os teus olhos
Então já não era preciso gritar nem ser amado
Quero ficar aqui
E ser feliz
Tem sido inevitável para mim pensar no tempo dedicado (quando o que eu queria dizer era desperdiçado mesmo) a uma pessoa quando se está numa relação. Quando se investe, quando nos damos, porque nos damos de facto - damos o melhor e o pior de nós. Deixamos de ser um "eu" e com outro "eu" passamos a ser um "nós". Nós somos saídas, jantares, somos brincadeiras, somos gargalhadas, somos obrigações e deveres; somos tudo o que já éramos e mais ainda porque somos também tudo o que o outro é. Ou quase tudo.
Sempre acreditei que não nos devemos (e não podemos mesmo) esquecer da nossa individualidade, de sermos o "eu", de termos o nosso tempo, de sermos. Só. Porque somos, não deixamos de o ser. Não fizemos uma operação em que nos tornámos siameses: continuamos a ser quem somos, a pensar como pensamos e a querer o que queremos. Mas a vida em conjunto é isso mesmo e é inevitável que mude muita coisa. Cedemos, porque temos de ceder, fazemos espaço para o outro porque temos que o fazer. É assim uma relação.
E quando essa relação acaba? Como justificar aquele sentimento de tempo perdido? Poderemos nós afirmar que foi tempo perdido quando na realidade foi um caminho, que a dada altura, decidimos percorrer? Foi parte da nossa vida. Foi. E é disso que nos devemos lembrar.
E os pedacinhos de nós que fomos deixando ao longo do caminho? Um aqui, outro acolá, mais outro ali. E esses pedacinhos de nós, que demos, por vezes embrulhados em fita de cetim, com tanto cuidado, tanto carinho. E esses pedacinhos? O que é feito deles? Não podemos agora voltar atrás e recolhê-los um a um. E na próxima vez? Voltarei a dar mais de mim, voltarei a deixar pedacinhos meus ao longo do caminho? Parece que sim. E se um dia fico sem pedacinhos para dar?
E o longe foi tão perto.