Do coração
Há algum tempo que acompanho a Margarida; começou por me agradar a escrita mordaz dos primeiros posts com que me deparei, depois, fui lendo, e aos poucos, fui conhecendo melhor. Devagarinho, vou descobrindo outras facetas. Ao ler este texto, não pude deixar de me lembrar dos textos que tanto adoro do não compreendo as mulheres, e ao lê-lo, senti-o do mesmo calibre do anterior. E lá está, roubei-o da mesma forma. À descarada.
«Eu deixo-te entrar no meu coração, só peço que limpes os pés de todas as incongruências que possas ter, lido mal com isso. Senta-te onde quiseres mas por favor, mantém-te no mesmo lugar, a casa é pequena e é-me difícil habituar a novos estados de alma. Se me quiseres agradar, acende o rádio e procura uma música, sorri e diz "no outro dia ouvi-a e achei que era tu" e, por favor, faz com que seja mesmo. Não andes à procura de fotos, deixa que seja eu a mostrar-te o meu passado, com tempo e sol. Não gozes com o principezinho, não vale a pena... aqui entre nós, isto de se cativar e tornar o outro especial é bonito, fora de moda, talvez, mas eu gosto, a exclusividade é algo que mostra o carácter do outro. Eu acho. Depois (e só depois) entrelaça os teus dedos nos meus, encaixa-os em silencio mas encaixa-os, preciso do encaixe. Se depois tiveres que ir embora, diz, assim, "tenho que ir embora", por favor não vás quando eu estiver de costas a arranjar-te uma bebida, não gosto, era para ti a bebida, é feio ires embora sem te despedires e diz mesmo "vou-me embora", sem "volto já" nem "até logo", não quero promessas nem entrelinhas. "vou-me embora" e quando saíres, por favor limpa os pés de todas as memórias da minha casa, também lido mal com despedidas.»
Margarida, no Sem Filtro