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Blue 258

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#44 Pinto a tua pele (parece-me que precisa de bolinha vermelha - é do calor, eu não tenho culpa - está calor, não está?)

03
Ago10

No estúdio, as tintas cedem sob a loucura do calor. Loucura? Diria tortura. Sim, tortura. Também eu cedo como elas a esta tortura, a este calor. Nem o mar possante acalma o fogo que se faz sentir. A brisa passeia-se sómente pela casa, aquela, na praia, sem vizinhos por perto.

 

 

 

Chegas, e um sorriso felino transparece nos meus lábios. Que calor... que calor... calor, calor. Abraço-te, beijo-te e já te mordo. Sim, a fome, esta fome, é insaciável. A sede, esta sede, leva-me rapidamente à loucura. Beijo-te a morder. Os teus lábios, o teu pescoço. Mordo-te o lóbulo da orelha. Insinuo-me perigosamente, quão perigosamente pode ser a loucura de te querer. Desaperto os primeiros botões da tua camisa. Descubro-te a pele. Beijo-te. Mordo-te. As minhas mãos percorrem os teus braços fortes, as tuas costas, prendem o teu pescoço, afundando a loucura num beijo. Neste beijo. No nosso beijo.

 

Eu e você assim de perto dá

Pra eu me perder de vez nas tuas tintas

Me dê uma noite, um pouco da manhã

Só pra eu sacar se os olhos mudam de cor

 

E o meu corpo insinua descarado um querer tresloucado, um desejo incontrolado. E tu... tu... sim, tu... sorris com esse sorriso malandro. Vês estampado no meu rosto como te quero. Sentes a minha pele que arde pelo desejo que se consome. Sob este calor demoníaco, percebes as cores da minha aura. E beijas-me. Sabes que sou tua. Só tua. E tomas-me nos teus braços como só tu o sabes fazer.

 

Vamos entrar

A minha casa não é quente

Trago um vermelho para esquentar

 

Vamos suar

Com o veneno da serpente

Que eu roubei pra te picar

 

E não sei se cedendo à tua vontade, e ao teu próprio desejo, ou ao meu, mordes-me os ombros como nunca. Pegas no meu corpo e sentas-me na mesa. Cedendo aos instintos animais, as minhas pernas enlaçam-te rapidamente, prendendo-te, cerrando-te num abraço mortal. Com a tua mão decidida, rasgas-me a blusa, expões a pele quente, o colo doce.  Recosto-me, apoio as mãos na mesa, afasto os tubos de cores de terra quente. De fogo e madeira queimada. A tua língua serpenteia pelo meu pescoço, pelo peito, descendo até ao ventre. A tua boca encerra deliciosamente a pele fina do peito, enrugando-a, apesar do calor.

 

Dispo-te a camisa. Liberto o teu tronco da roupa. Arranho-te as costas. Louco. Louco é o desejo que me faz marcar-te a pele. Deslizas os meus calções sinuosamente pelas pernas. Só desta forma alivio o aperto em que te mantinha. Praticamente nua, em cima da mesa. Quero voltar a prender-te com aquele instinto animalesco, mas cedo... cedo ao  sentir a tua boca no meu corpo. E tu alimentas-te... de mim. Sinto as dentadas que marcas na pele. Sinto a minha carne quente na tua boca. E cedo... oh se cedo... E essa boca deliciosa parece alimentar-se de mim, e eu deixo... eu quero... que te alimentes... e sussurro quase sem forças para falar, alimenta-te... sacia essa fome... a tua fome... e as minhas mãos incitam descaradamente... o caminho.

Mordes-me no interior da coxa. Sabes que deliro! E sinto as tuas mãos, em uníssono com a boca, que se parecem alimentar também de mim. E os teus dedos que conquistam cada centímetro em que tocam... conquistam... conquistam... mais.... e mais um pouco... e eu cedo... eu cedo... rendo-me... rendo-me ao teu toque, a ti, a ti!

 

E é quando me vês assim, que parece assomar a ti o animal, e violentamente tomas posse do meu corpo, como se eu parecesse não resistir muito mais. E tomas posse. Posse da minha carne. Do meu corpo. Posse do que é teu. E eu desperto. Desperto deste transe em que me deixas, acordo o animal que há em mim, enlaço-te violentamente com as pernas, arranho-te as costas e puxo-te ainda mais para mim. Os frascos tilintam em cima da mesa, a terebintina solta-se no ar, as cores misturam-se na paleta. E já eu te pinto a pele, de  cinabre, amarelo ocre, verde esmeralda e azul cobalto.

 

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