Corro, e tu corres comigo
Se cada detalhe fica imbuído na nossa constituição, no teu caso é por demais. A cada salto, a cada pedra, a cada árvore, vejo-te. Vejo-te. Procuro fechar os olhos e continuo a ver-te. É ainda pior, sinto-me perder o equilibrio e vejo a passada a diminuir. Correr, tenho de continuar a correr. Não posso parar. Não. Procuro centrar-me em mim. O nariz frio. Boca entreaberta. Caninos meio expostos. A pelagem molhada. As patas que sulcam a terra quente. A chuva que insiste em cair. E o sangue a ferver. O sangue ferve. E eu corro. Corro. Corro cada vez mais. E mais. Procuro chegar ao limite das minhas forças. Corro, querendo fugir. Falhando. Por me sentir correr para ti. Corro, e tu corres comigo.