...
Perdemos repentinamente
a profundidade dos corpos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar.
Mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou.
Tivesse ainda tempo
e entregava-te o coração.
José Tolentino Mendonça
Roubado d' A Rapariga que Matou o Coração.
Tenho tempo. A vida leva-me a correr por outros caminhos, mas tenho tempo. Tenho. E tenho um querer que me indica o caminho. Faz-me saltar muros, voltar atrás, percorrer atalhos, caminhar na noite escura. Mas estou a caminho. Vou entregar-te o coração. Ou será que já o tens? Que já mo roubaste naquele dia em que o tempo parou?
P.S. Sara Maria, agora começo a perceber o que pode levar alguém a matar (ou a querer matar) o coração. Este parvo, que parece não saber o que faz, que se agarra a um olhar, a um toque, a um sentimento perdido algures no tempo. Que não deixa mais ninguém ocupar aquele lugar. Que permanece vazio. Até um dia... em que tudo muda. Ou não.