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Blue 258

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Dos silêncios

07
Out10

«Os silêncios. Todo o tempo é sempre pouco. Todos os momentos são possíveis de serem congelados e suspensos no tempo. E todos os sorrisos são diferentes. E todas as maneiras, todas as palavras, todos os sustos são puro fascínio. Só olhar. Só ficar. Só ver. Só sentir. E os silêncios não incomodam. Há muito que os silêncios criavam angústia e incerteza. E depois as mãos. E depois as palavras. O eco das palavras. O timbre das palavras. O isolamento de tudo em torno dessas palavras. A ausência das palavras.

Os silêncios já não me incomodam.

Quando a única certeza era a de que, mais do que grande parte da população conseguia, mais do que os infelizes que nunca tinham tido a oportunidade, mais do que ter a oportunidade, eu tinha tido tudo nas mãos, um dia. Tinha esperança num novo fôlego, mas tinha a certeza de que nada seria igual, e que haveria alguém que ainda não tinha feito a primeira viagem e no meio dos desígnios divinos e das oportunidades, eu poderia estar a roubar o bilhete da oportunidade a esse alguém. A hipótese era aceite e abafada pela certeza de que nada fora em vão.

Acordei, tinha o bilhete, a passagem nas mãos e corroía-me a alma. Não sei o caminho, não conheço a viagem, não quero saber a duração… pelos silêncios ou pela ausência deles.

Tive sorte. Voltei a acertar nos números.»

 

 

VI

 

 

 

P.S. E em silêncio estava eu. Quebro-o agora, como poderia não o quebrar? Porque não importa o número de seguidores de um blogue, o número de visitas ou de comentários - interessam sim, aqueles 4 ou 5 que valem por mil. E esses, esses, vão para além do blogue.

A emissão retoma-se aos poucos, com palavras dos outros, palavras, simples palavras, música, literatura e fotografia. Pelo menos até eu decidir quebrar o silêncio das minhas próprias palavras.

 

 

 

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