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Blue 258

Blue 258

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Dos problemas. Dos nossos, e daqueles a quem queremos bem. E das insónias. Das insónias.

13
Dez10

Quando decidi começar o blogue, não imaginava eu onde isto me ia levar, quem ia conhecer, o quanto ia dar e receber, moviam-me os problemas dos outros que se misturavam com os meus - porque todos nós temos as nossas coisas, verdade, mas quando os dos outros são graves, gravíssimos, misturam-se com os nossos. São como alcatrão. Colam-se de tal forma à nossa pele, empedernindo os pulmões, que nem respirar nos deixam. E se não respiramos... não vivemos.

Recordo-me de ter falado no assunto logo nos primeiros tempos. Sei bem que depois não voltei a tocar nele. Porque a vida continua, a vida tem obrigatoriamente de continuar, e por mais que a tenham tentado destruir, como barco encalhado que se desfaz violentamente contra os rochedos, só nos resta nadar até à praia, apanhar cada um dos pedaços e tentar construir nova embarcação. Que não vai sair dali grande coisa a princípio, isso sabemos que não vai. Que provavelmente metemos água logo na primeira viagem, é um facto. Mas, o que importa, o que importa realmente, é a determinação e a garra com que apanhamos cada pedacinho, olhamos para ele, mesmo que de soslaio, e dizemos: sim, serve, vai servir, vai ter de servir. E os amigos, os amigos, servem para nos ajudar a recolher cada pedacinho que deu à costa. Não há vergonha em se naufragar. Principalmente quando a culpa não é nossa. Quando nem éramos nós a dirigir o barco. Não há lugar para vergonha. Não há.

E isso mostram-vos os amigos - aqueles que ficam, que se mantêm a vosso lado, durante a tempestade, e depois, na hora de avaliar os estragos. Os Amigos, aqueles que a vosso lado, procuram os pedaços de madeira que sobraram, e vos ajudam a construir nova embarcação. Se metermos água na primeira viagem que fizermos sozinhos, só temos de aprender com isso. Não percebemos muito de barcos, verdade, e muito menos de navegar em mar alto, mas aprendemos. E aprendemos à nossa conta e risco, que é a melhor forma de se aprender algo. É a melhor forma de crescer. E crescemos a cada dia. A cada dia.

 

E a verdade, é que depois da saída de sábado, e depois de inevitavelmente se ter abordado o assunto, como eu bem sabia que tal seria incontornável, bem, a verdade é que me fui abaixo. Fui. Não consigo evitar, não consigo. Sinto-me impotente. Queria ter o poder, que não tenho, e num passe de mágica, fazer-vos esquecer. Porque seria bem mais simples. Tão mais fácil. E no meio da minha impotência, misturam-se os meus problemas e os vossos. E no meio da minha impotência, vejo-me afundar, tal não é o peso dos vossos escombros.

 

Talvez por isso, ontem, passei o dia todo a dizer a mim mesma: amanhã é outro dia. Amanhã é outro dia. Repeti-o vezes sem conta, na esperança vã de que o dia chegasse mais depressa. Não chegou. Na verdade, já passava das quatro da manhã, e eu não conseguia pregar olho. Dava voltas e mais voltas, e os olhos arregalavam-se cada vez mais de cada vez que os tentava fechar. Raquel, tens de dormir. Vá, dorme. Tens de conseguir descansar. Tenta, pelo menos. E eu tentei. Não te esqueças de ligar o despertador. E eu esqueci. Mas às 7h12, já estava eu de olhos abertos outra vez. Já era amanhã. Continuava era tudo lá.

 

 

 

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