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Já não é novidade por aqui um post com palavras que poderiam ter sido escritas por mim. Novidade talvez seja deparar-me com um post de 2015 da Daniela e sentir parte dele tão actual. Porque é. Porque há coisas que são mesmo intemporais. Tanto.
pedaços que nunca vou recuperar. pedaços que me roubaram ou que eu dei de livre vontade. que eu dei, que tu dás, quando dás mesmo sem saber o que estás a dar. que eu eu dei, que tu dás, quando dás sem pensar sequer que tudo tem um fim. porque na altura, naquele preciso momento, não consegues pensar em mais nada a não ser naquele começo. e dás. dás de ti. pedaços.
pedaços que nunca mais voltaram ao sítio, pedaços que nunca mais encaixariam no sitio mesmo que tos devolvessem. pedaços que mesmo que voltassem já não sentirias como teus. porque tu mudaste. porque tu mudas. quando dás de ti. quando te roubam pedacinhos. e quando te roubam pedacinhos destes, tão importantes, tão essenciais, segues o teu caminho com a sensação de que foste roubada(o). vives os dias com a sensação de que te falta algo. sentes o vazio. o frio que aos poucos se apodera de ti. e, se não tens cuidado, esse vazio toma conta de ti. preenche-te e rouba-te ainda mais pedaços. perdes um pedacinho por cada vez em que pensas no que não foi. perdes um pedacinho novo enquanto usas os teus dias para reviver o que já foi. e vais-te perdendo aos poucos. pedacinho a pedacinho.
descobres então que consegues preencher os pedacinhos que te faltam. que no final de contas, tu és construção constante. que afinal, derrubarem-te muros e paredes resulta naquilo que tu és hoje.