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Blue 258

Blue 258

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12
Jun10
"You may not be her first, her last, or her only. She loved before, she may love again. But if she loves you now, what else matters?
She's not perfect - you aren't either, and the two of you may never be perfect together but if she can make you laugh and admit to being human and making mistakes, hold onto her and give her the most you can. She may not be thinking about you every second of the day, but she will give you a part of her that she knows you can break - her heart.
So don't hurt her, don't change her, don't analyze and don't expect more than she can give. Smile when she makes you happy, let her know when she makes you mad, and miss her when she's not there."


Bob Marley

 

 

 

Roubado a uma estrelinha*

Cola e vapores

12
Jun10

Há uma cola invisível que une duas pessoas no momento de toda aquela exaltação romântica. Todos nós estamos cientes de que, em qualquer relação, os primeiros tempos são os melhores. Porque os olhos estão mortalmente embevecidos pelos vapores da cola - já por isso há quem cheire cola (e este post assume uns contornos totalmente diferentes daqueles que teria se o tenho escrito ontem).

Há uma enlevação quase mística (e isto são ainda efeitos da feira medieval), dos intervenientes aos olhos um do outro. É nesta fase em que até os defeitos de cada um são adoráveis e motivo de reforço para toda essa envolvência.

 

O grande defeito desta história toda, é que é bom quando se está sobre o efeito dos vapores da cola (lá está, por isso há quem seja viciado nessa merda). E isso ninguém nega. É que tudo parece ter outro sabor (deve queimar as vias respiratórias com toda a certeza) e vemos a vida com outros olhos (de tão vidrados que estão, é natural que assim seja).

No entanto, quando essa cola se gasta, ou eventualmente perde a força (é o que dá comprar super-cola 3 nos chineses), já nada resta a segurar aquelas duas pessoas. A envolvência evapora da mesma forma que a cola.

 

É um fenómeno para o qual podemos tentar encontrar explicação, embora as respostas encontradas, regra geral, não nos satisfaçam. Podemos pensar que a cola não seria das melhores - daí não ter resistido muito tempo.  Podemos até pensar, que hoje em dia os produtos vêm todos da China e consequentemente, são de má qualidade - embora a China tenha produtos de grande qualidade, os que se encontram mais comummente são maus, muito maus. Chegamos até ao cúmulo de pensar que nós próprios é que fomos incapazes de aplicar a cola convenientemente.  E depois há aquela básica: nada é para sempre. Basta a isso adicionarmos produtos de fraca qualidade e mão de obra pouco qualificada e o resultado não poderia ser outro.

 

 

"O Romeo, Romeo, wherefore art thou Romeo?"

03
Jun10

Juliet:
O Romeo, Romeo, wherefore art thou Romeo?
Deny thy father and refuse thy name;
Or if thou wilt not, be but sworn my love
And I'll no longer be a Capulet.

Romeo:
[Aside] Shall I hear more, or shall I speak at this?

Juliet:
'Tis but thy name that is my enemy:
Thou art thyself, though not a Montague.
What's Montague? It is nor hand nor foot,
Nor arm nor face, nor any other part
Belonging to a man. O be some other name!
What's in a name? That which we call a rose
By any other word would smell as sweet;
So Romeo would, were he not Romeo call'd,
Retain that dear perfection which he owes
Without that title. Romeo, doff thy name,
and for thy name, which is no part of thee,
Take all myself.

Romeo And Juliet Act 2, scene 2, 33–49

Ainda há quem acredite no amor romântico e espere desalmadamente (ou não) pelo seu  Romeu. Será que os há? Há. Ocasionalmente encontramos um ou outro. Por vezes, ouvimos apenas relatos.  E o que será afinal um Romeu? Será aquele que nos escreve os versos mais profundos e canta  as músicas mais doces? Não me parece. Lembrem-se que por mais bonita que possa ser a  música desses Romeus que andam por aí,  não é a música de qualquer um que nos deixa rendidas a seus pés. É um facto.

O que é então um Romeu para vós? O que é que realmente importa? Será...

Aquele homem que nos prende num encantamento, aquele homem cujo sangue faz fervilhar o nosso, aquele homem cujo abraço é um porto seguro. Um homem que nos transmite calma, segurança, serenidade e uma jovialidade proveniente desse encantamento com que nos aprisiona. E que acima de tudo mexe connosco, atribula a nossa forma de pensar e revolve os nossos sentimentos. Porque um Romeu  na nossa vida é como uma descarga eléctrica que atravessa cada célula do nosso corpo. Atinge-nos como um raio e parece despertar-nos para a vida.

 

 

Julietas? Há-as todos os dias. Ou havia. Agora, cada vez menos. O amor tornou-se comercial, um produto à venda munido de uma belíssima campanha publicitária. E a publicidade é enganosa, já se sabe. Mas a sociedade parece ter-se habituado a procurar determinados  produtos e marcas. Quando falta em stock o chamado ideal (ou produto alvo) - e aqui há assunto para outro post - a tendência é munir-se de um sucedâneo qualquer.

Temos também de ter em atenção que muitas vezes vemos apenas o que queremos ver. Ah e tal, parece  mesmo de marca, não parece? É mais barato e faz o mesmo. E esquecem-se que isto não é bem assim. Levam-nos para casa e surpreendem-se quando ao fim de dois ou três dias aquela porcaria avaria e deixa de funcionar.

 

Vejo as mulheres procurarem homens com algum estatuto - leia-se bom emprego, boa conta bancária, boa casa e bom carro - e com um embrulho apresentável. Esquecem-se do mais importante: aquilo que não se vê no extracto bancário, aquilo que não se vê pelo carro, pela casa. Não se vê, simplesmente. Sente-se.

 

 

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21
Mai10

tentei, está bem?


«Passei por ti tão incerto. Acho que nesses dias andava a recolher das ruas a minha própria vida, aos pedaços. Às vezes no falso vigor dum café quente, outras vezes no constante adeus daqueles que passam e não ficam. Como se assim um dia pudesse tê-la toda. Não podia. Talvez pensasse que ela estava fragmentada por aí, como peças dum puzzle por construir. Não estava. O amor é sempre assim. Ou a falta dele, pensei depois. Uma extensão de fragmentos.

 

E vi-te tão incerta. Acho que nesses dias houve um segredo qualquer. O amor começa sempre assim, pensei depois. Num olhar que é um segredo, num cheiro que é um segredo, numa vontade que é um segredo. Seja lá o que for. No princípio é sempre um segredo. Sempre. E tu disseste que os segredos são o Big Bang do amor. Tinhas razão. Todo o amor comprimido num único ponto pronto a ser o Cosmos. Às vezes devagar, outras vezes mais depressa.
E eu que já me tinha esquecido da mania que o amor tem de não fazer apresentações. Primeiro entra em nossa casa sem bater, deixando pegadas de terra na carpete da sala; depois desarruma-nos os objectos pessoais e a mobília. E rio-me com isso. E rimo-nos com isso. Às vezes também vai à cozinha servir-se dum café expresso. E quando perguntamos: "o que diabo se passa aqui?" já nem queremos saber a resposta. Queremos que o fim da cama seja a nossa linha do horizonte. É que às vezes é, até porque é atrás dela que passa a nascer o dia. Que passa a nascer a noite.

Tinha nascido a noite quando surgiu a dúvida: "o que dirá o dicionário sobre a palavra amor?". E tu riste-te. Se os dicionários são tão grandes deve ser só por causa dessa palavra, disseste. E eu ri-me. Fomos ver. Dizia que é o sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição. E rimo-nos os dois. Não é, pois não? Como é que o Big Bang podia ser só isso? O dicionário não sabe nada. E pediste-me para tentar escrevê-lo. Acabo de o tentar, meu amor, com este texto que é para ti. Só que eu também não sei nada. Tentei, está bem?»

 

bagaço amarelo, in não compreendo as mulheres

 

 

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21
Mai10

«Os desgostos de amor são horríveis. E, por serem horríveis, as pessoas dizem que fazem parte; que são o preço; que são um caminho; que dão força e fazem crescer. Tal é o medo de aceitar a totalidade da tragédia que são, que se chega ao ponto de ver os desgostos de amor como um rito de passagem não só para a humanidade como para o próprio amor – o que é muito mais grave. É sempre outrem que fala assim levemente, alguém que, se calhar, nunca teve um desgosto de amor digno do nome ou, se o teve, já o esqueceu e, ao esquecê-lo, provou que nunca amou, por muito desgostoso que tenha ficado. Porque também existe o desgosto de ser abandonado por alguém de quem nos habituámos a fugir, e de já não ser amado por quem nunca amámos. Mas isso é um simples desgosto que nada tem a ver com o amor.


Já um desgosto de amor é um desgosto completo: uma desilusão e uma angústia; uma frustração de quase não existir, que começa por nós próprios, num incêndio de chuva que vai por aí afora até estragar o mundo inteiro, incluindo o que mais se queria proteger: a pessoa amada. Os abutres da consolação pretendem reclassificar os desgostos e ofender o amor e, distraídos pelo prazer necrófilo de cheirar, mesmo numa pessoa amada, a morte do amor alheio – tão secreta e infinitamente invejado! -, chegam a dizer as três palavras mais estúpidas, cruéis, inúteis e indignas daquelas circunstâncias: “Foi melhor assim.” Acrescentando, às vezes, mais duas: “Deixa lá.” Como se pudéssemos responder: “Boa ideia – vou deixar!” Os desgostos de amor estragam a alma. É preciso ter muito medo deles. Respeito. Cuidadinho. Tratar o amor nas palminhas. Mesmo antes de chegar a pessoa que se vai amar.

É que os corações partidos ficam partidos. Deixam de poder amar. E, em vez de amar, tornam-se músculos leves e cínicos, trocistas e elegantes. Pode até ser muito giro ser assim. Mas está para o amor como o gosto duma pedra de sal está para o mar. E às vezes ainda é mais triste: é o próprio gosto pelo amor, como quem gosta de um prazer qualquer, que mata o amor – a possibilidade de amar – logo à nascença. Será este o único desgosto, por muito caladinho que seja, tão grande como um desgosto de amor.»

Miguel Esteves Cardoso

Broken/Empty Hearts - Técnicas para esquecer (parte I)

17
Mai10

 

Quando estamos, vá, apaixonados, encantados, ou mesmo naquela fase de perder o chão, tudo naquele/a que é o objecto ou causador  desse efeito, nos parece perfeito, sublime. Mas não o é. Isso vos garanto. Tal como nós temos defeitos e qualidades, eles/elas também os têm. E quando a coisa acaba, não resulta, ou pura e simplesmente, nunca se chegou a dar, o que nos resta fazer? Esperar que passe. Ora, esperar é fudido. Muito. E o que tenho andado a pensar é o seguinte: torna-se necessário distanciarmo-nos da situação - tentarmos pôr o sentimento de lado e analisar as coisas objectivamente. Há então que pôr o encantamento de parte e analisar a situação a frio. A x graus negativos, de preferência. Vamos lá começar:

 

 

Quando gostamos de alguém, há todo um encantamento que toma conta de nós: verdade, ou verdade? E o que queremos a toda a hora, a cada minuto é esse alguém. Pensamos em como seríamos felizes se o/a tivéssemos: ai como seria bom... tão bom. Eu seria tão feliz... ele/a é perfeito para mim. Pois, lá está. Toca a fazer um loop e avançar essa fase. Não é avançar para a fase Alice no País das Maravilhas, imaginando que o/a temos, em que tudo é maravilhoso, uma descoberta a cada passo, a cada beijo. Não. Façam outro loop. Avancem para a fase em que a névoa do encantamento se começa a dissipar. Não, não é para aquela fase em que mesmo os seus defeitos nos fazem sorrir, nos encantam. Porra, não é isso. Vá lá, ajudem-me um bocado. Façam um esforço, pelo menos. Avancem para aquela fase em que o mar de rosas começa a trazer os espinhos para  a praia. As dificuldades, os imprevistos, as resistências que nunca pensaram encontrar. O facto de ninguém ser perfeito, e dentro dessa imperfeição a que todos estamos sujeitos, existirem aqueles pontos que consideramos toleráveis ou intoleráveis. Centrem-se nos intoleráveis. Garanto que ajuda.

 

Mais: tentem pensar no que que ele/ela tem, e que simplesmente não vos convém. E não me venham dizer que tudo é perfeito. Não acredito. Há sempre qualquer coisa. Arranjem qualquer coisinha, vá. Um esforço, sim? Seja o credo, a ideologia política, o clube de futebol, qualquer coisa serve. Qualquer coisa. Pensem, ah e tal, ele/a é portista, eu sou benfiquista... prefiro um benfiquista como eu. Por exemplo. Ou então centrem-se em coisas mais importantes, naquelas que realmente interessam.

 

Pensem em todos os encontros a que faltou. Pensem em todas as vezes que vos deixou à espera. Pensem em todas as promessas que fez e não cumpriu. Pensem em todas as vezes em que sentiram que vos falhou - todas as vezes que sentiram precisar dele/a e não o/a encontraram - esta é das melhores na minha opinião, das melhores.  Releiam aquele texto do Alvim - este aqui - que é um belo balde de água fria quando deixamos que o calorzinho bom do que foi, ou do que passou, nos volte a invadir o pensamento.

Lembrem-se que quem nos quer, quer acima de tudo estar connosco. Nos bons momentos, nos menos bons e nos maus. Em suma, em todos. Lembrem-se que não há imprevistos, não há desculpas - há um querer estar. E quando se quer, está-se. Ou faz-se por isso, pelo menos. Logo, se não está, é porque não quer. E ponto final. Metam isso na cabeça. Ok, esta foi forte... Pronto, vá, calma. O facto de tomarem consciência disto não vai afastar automaticamente o sentimento, ok? É só uma forma de nos tentarmos distanciar... desse mesmo sentimento. E esse é o propósito deste post. Portanto:

 

Apaguem tudo. Tudo.  Emails, mensagens, números de telefone - todo e qualquer contacto. É um dos passos mais importantes logo a seguir ao acima mencionado - é o passo primordial. É o verdadeiro passo na tentativa de esquecer/cortar com tudo o que ainda vos prende. Portanto, toca a apagar tudo - se tiverem coragem para isso.

 

NOTA IMPORTANTÍSSIMA: Não façam isso a não ser que o queiram mesmo fazer. Não façam isso a não ser que tenham tentado tudo o resto e mesmo assim não tenha resultado. Não façam isso se ainda estão naquela fase em que relêem o que foi escrito... e um sorriso do mais parvo que há ainda vos assoma aos lábios. Não façam isso.  Ou então apaguem, se e apenas se, têm forma de voltar a recuperar o que foi apagado.

Aconselho-vos o seguinte: dizermos a nós próprios que não temos nada que reler aquilo - que se acabou, acabou, que se não há nada ali para nós, não há nada ali para nós. E ponto. Sabemos que não podemos (devemos) reler e fazemos um esforço descomunal para tal. Quando efectivamente vamos lá e relemos (parvoíce de todo o tamanho), pronto, pensem só o desgosto que seria não ter lá nada para ler. E convenhamos: tudo são recordações. Memórias de um tempo, de um sentimento, de paixões desmesuradas. Registo de borboletas no estômago.

 

Cartas, bilhetes de concertos, de cinema, fotografias - devia dizer-vos: queimem tudo. Mas não. Opto antes por vos falar nas caixinhas. Sim, caixinhas. Lindas, de madeira, de qualquer outro material ou até uma simples caixa de sapatos: guardem tudo lá dentro. Tudo. O ideal era conseguir armazenar o sentimento também, mas isso já sabemos que não é possível - se há por aí alguém que ainda pensa que tal é possível, desengane-se o quanto antes. Façam-no. Arrumem tudo dentro de uma caixinha e guardem-na numa gaveta ou, de preferência, no sótão - o acesso é mais difícil e torna-vos a vida mais complicada de cada vez que vos apetecer pegar na caixinha, abri-la, e... pronto... aquela coisa que é aquele recordar babado. Aquele segurar nas mãos dos momentos, das alegrias, dos sorrisos, dos vôos agitados das borboletas. O que não convém. Nada, mesmo nada. Pelo menos quando se trata de tentar esquecer.

 

 

 

Do amor... e coisas

14
Mai10
"Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e, por vezes – em mais casos do que se possa imaginar – existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram – querem! – mas quando gostam – e podem gostar muito – há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açucares. Ou porque sim e não falamos mais nisto.
Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: 'Nem pensar, leve isso daqui que me irrita a pele'.
Ora, por vezes, o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos. E muitas das vezes, sabendo deste nosso problema, escolhemos para nós aquilo que sabemos que, invariavelmente, iremos recusar. Daí existirem aquelas pessoas que insistem em afirmar que só se apaixonam pelas pessoas erradas. Mentira.
Pensar dessa forma é que é errado, porque o certo é perceber que se nós escolhemos aquela pessoa foi porque já sabíamos que não íamos a lado nenhum e que – aqui entre nós – é até um alívio não dar em nada porque ia ser uma chatice e estava-se mesmo a ver que ia dar nisto. E deu. Do mesmo modo que no final de 10 anos de relacionamento, ou cinco, ou três, há o hábito generalizado de dizermos que aquela pessoa com quem nós nos casámos já não é a mesma pessoa, quando por mais que nos custe, é igualzinha.
O que mudou – e o professor Júlio Machado Vaz que se cuide – foram as expectativas que nós criamos em relação a ela.

Impressionados? Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é difícil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem ' ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho', nem ' ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada' nem ' ai que não vi a tua chamada não atendida'.
Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.
Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente.
Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro.
Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso.
Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós."
Fernando Alvim
Roubado às escancaras daqui.

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17
Mar10
«Há pessoas que entram na nossa vida só para a mudarem. Sem saberem. Mudam-na para sempre e até parece que vêm incumbidas dessa missão. Pecam por não trazer livro de instruções ou bula, pois isso faria toda a diferença na hora de manusear o que sentimos ou de saber o que tomar em alturas de dispersão, ansiedade e, sobretudo, dúvida.

 

Mas a culpa nunca morre solteira e, até nisto dos tsunamis, há sempre uma segunda parte da história. A parte onde nós entramos, como maremoto. É que ao contrário do que se pensa e do que se diz, o maremoto não é sinónimo de tsunami, como a paixão não é sinónimo de amor. O maremoto é o que dá origem ao tsunami. Numa linguagem afectiva, é como se o maremoto estivesse para o tsunami, como a paixão está para o amor. Da primeira nasce o segundo. Ou não. Porque nem todos os maremotos viram tsunamis. Depende... das ondas sísmicas, do deslocamento das placas, das condições climatéricas... é um efeito provável, mas não tem uma relação 100% segura de causa efeito.

 

Não é tal e qual como no binómio paixão-amor? Eu acho que sim, que é tal e qual. E que o efeito desta causa-efeito, quando acontece, é tão devastador como um tsunami. Ou mais, muito mais.»

 

por Miss Glitteringin às 9 no meu blog

 

 

Guardo este texto em rascunho desde Janeiro, o mês em que com ele me deparei. Por sentir que na altura, me dizia tanto, pedi-o emprestado. Até agora, e nem sei bem porquê, não me tinha decidido a publicá-lo. Hoje, percebo que os efeitos do maremoto ainda se fazem sentir. E agora é chegado o momento de o publicar.

 

Reitero ainda o que senti na altura:

Encaixa que nem uma luva - em mim, e ao maremoto que se forma agora. Se resultará em tsunami, não sei, não tenho como saber. Só me resta mergulhar e nadar. Nada mais.

 

 

What's love all about?

22
Fev10

 Ao longo dos séculos, a tentativa vã de procurar definir o amor, traduziu-se nas mais belas obras; inspirou poetas, músicos e pintores. Inspiração, encantamento, exultação - o amor é tudo isso e muito mais.

 

Dou por mim a pensar, que o amor não se deve procurar definir. Deve sentir-se. De todas as formas. Na verdadeira acepção da palavra. Não se deve procurar entender, ou sequer perceber. Deve sentir-se. Deixar que nos empole o coração, nos faça ferver o sangue, nos arrebate os pensamentos.  Porque a verdade é uma e só uma, quando o amor polvilha a nossa vida, seja de que forma for, tudo nos parece sorrir. A vida parece sorrir. Há aquele brilho no ar, aquele encantamento, aquela energia que parece destilar de todos os poros. Enfrentamos o dia, a noite, o trabalho, as viagens,  o trânsito, as filas, a ida às compras, com outra disposição. Até aqui, concordam comigo?

 

Amor. Talvez não devesse usar tão libertinamente este  vocábulo.  Amor e/ou paixão - continuo sem procurar diferenciar os dois, pois para mim, são o mesmo. Um faz parte do outro. Quando me refiro à paixão, refiro-me à paixão carregada de sentimento, aquele sentimento que é efusivo, explosivo até, aquele sentimento que nos consome. Mas aliado a esse sentimento, está o outro, de querer o regaço, o colo, de  querer deitar no sofá, deixar a chuva cair incessantemente lá fora, e o mundo parecer reduzir-se a dois corpos, a dois seres que se deleitam na companhia um do outro, a duas almas que dançam ao som da chuva, embalada pela música que toca cá dentro.

 

Seja qual for o tipo de amor a que nos encontramos presos - pode ser um amor platónico, por aquele ou aquela a quem nunca ousamos dirigir uma palavra, na  viagem diária no metro, aquela tão ansiada viagem que imperceptivelmente, ou não, se tornou o ponto alto do dia. Aquele ou aquela a quem beijamos com o olhar, a quem acariciamos com os nossos pensamentos.

 

Pode ser um amor antigo, o primeiro, quiçá, que nos marcou de tal forma que pensamos jamais poder voltar a sentir o mesmo. Ou outro amor, que não o primeiro, e que nos tenha marcado dessa mesma forma contundente. E aí ficamos, no limbo, presos àquele sentimento.

 

Pode ser um amor que nos arrebatou, assim, sem contar, que nos prendeu  com a doçura das palavras.  Amor que começa com palavras. Amor que já existia antes mesmo dos olhos se encontrarem,  dos lábios se beijarem, das peles se tocarem.

 

Amor. O que será isto do amor? Este sentimento que corrói e enleva.

 

 

Fell in love

14
Fev10

 

 

Dia de S. Valentim. Porque o amor é o tema do dia. Porque a letra desta música descreve, quase na perfeição, a mecânica do amor. Cada um de nós, percorre o seu caminho, mais ou menos longo, nem é isso que importa.

Corremos riscos. Amamos. Sofremos. Amamos de novo. Podemos andar à sua procura, ou muito simplesmente, a fugir dele. Mas o amor, apanha-nos à traição, quando menos se espera. Quando porventura nele esbarramos, arrebata-nos, possui impiedosamente cada célula do nosso corpo, apodera-se dos nossos pensamentos e, por mais que se tente, por mais que se queira, nada há a fazer contra o sentimento. Amor que é amor, é querer ter o outro.

Mas a mecânica dita que quando alguém novo aparece,  o objecto do amor muda - apenas o destinatário do amor muda. O amor, esse, permanece o mesmo. A atenção, o desejo, aquela vontade louca de ter, simplesmente se dirigem a outro que não o anterior. E a mecânica permanece a mesma. A do amor.

 

Porque nós, somos simples peões. Peões, nesse tabuleiro que é a vida. Peões, nesse jogo que é o amor.

 

 

 

P.S. Há algo, no que acabei de escrever, que simplesmente não me soa bem. Parece-me falso, forçado, desprovido de sentimento. Procurei generalizar, é certo, embora tenha escrito algo mais. Mas essa parte, foi cortada, censurada, digamos assim. E essa, era a melhor parte. Era a que tinha sentimento.