Sempre aceitei o que me estavam dispostos a dar. Pouco ou muito. O que fosse. Sempre aceitei o amor que se dispunham a conceder-me. Sempre fui assim. Toda a minha vida. E a minha vida tenho-a vivido eu. Percebo agora que isto não é forma de ser. De viver. Mereço mais, muito mais. E começo a ver que estou disposta a bater com o pé e a barafustar por tudo aquilo a que tenho direito.
Podemos sentir um vazio sem perceber bem porquê. Sem entender o que nos causa ou poderá ter causado aquele buraco enorme bem cá dentro. Podemos. Mas chega o dia em que apesar de os problemas pesarem sobre nós, percebemos que já não nos sentimos assim tão... vazios.
Sento-me aqui, hoje, a escrever isto e sinto-me com uma determinação que outrora parecia não ter. E isso é bom, sem dúvida que é.
[Post escrito perto das duas da manhã. Guardado em rascunho não sei porque razão. Como o sono parece teimar em não vir, e o que escrevi/sinto parece não me sair do pensamento, decidi vir publicá-lo.]
Pendem sobre mim decisões importantes a tomar. Passos a dar. Abate-se sobre mim a dúvida, a incerteza. Velhos medos que nem sequer eram meus, nunca foram meus. Duvido de mim. Da minha força. Das minhas capacidades.
Sinto precisar de ti como nunca. Porque agora sei o que é estar a sufocar e receber o fôlego que me faltava para respirar. Sei que preciso de bastar-me a mim própria, sei disso, mas não consigo, ainda não consigo. Tenho de conseguir. Sei que tenho. Mas seria muito mais doce contigo ao meu lado. Dá-me a mão. Basta dares-me a mão. Se me sentires tropeçar, aperta-me a mão com força. Se me sentires perder as forças, cerra o meu corpo contra o teu, se me sentires perder o chão, abraça-me. Abraça-me forte.
[Se me sentires não querer o azul do céu, encosta o teu rosto ao meu. Se me sentires perder a vontade do mar, beija-me. Beija-me. E provoca o maremoto de novo dentro de mim. Beija-me nos teus braços. Encerra o meu mundo num só abraço. Faz-me voltar a sentir completa. Faz-me voltar a sentir eu.]
Perder-me nos teus braços. Deliciar a minha pele na tua. Saciar a sede da minha boca, esta sede, na tua. Matar o desejo do meu corpo, no teu.
Despir a alma e deitar-me contigo. Perdidos sem espaço, sem tempo, sem palavras. Mudos em qualquer uma das línguas que falamos. Silenciosos no querer. No dar e receber. Na entrega.
Deitar-me contigo. Amar-te devagarinho, em câmara lenta. Saborear-te. Aos poucos. Provar-te de cada vez como se fosse a primeira vez. A cada vez. Entranhar-te cada vez mais em mim. Marcar a minha pele com o teu perfume. O meu corpo com o teu cheiro. A minha alma com o teu querer. Deitar-me contigo. E amar-te muito mais depois.
Este blogue está a precisar de uma mudança nas linhas editoriais. Está. Já penso nisso há muito tempo. Já sinto essa necessidade há muito tempo. E a partir de agora, vamos estabelecer um código musical. Sim, musical. A partir de agora, sempre que eu quiser colo - sim, porque lá por não falar nisso, não quer dizer que já não queira, me lembre, apeteça ou precise -, aparecerá uma determinada música. De cada vez que eu estiver a pensar em ti, aparecerá outra música. De cada vez que eu sentir a tua falta, não o traduzirei por palavras, não. As palavras calaram-se de vez. É a ditadura que a razão impõe ao coração. E não tenho mais nada a dizer. Quer dizer, ter, até tenho, e muito, mas para quê, se tu não ouves?
Tu. Simplesmente tu. Eu. Nós, no tempo em que havia um nós. E aqueles quero-te, quero-te, quero-te. [...] Isto significa que voltei a reler... e a recordar. Recordo e o sentimento está todo cá. Guardado, preso, e o coração a querer rebentar pelas costuras. Quero-te, como te quero.
Caramel. Mel. Ponto rebuçado. Quero-te. Penso em ti. Na tua pele morena, no teu olhar doce, no teu beijo...
Acho que isto diz tudo. Ou quase tudo. E volto a sentir de novo a tua falta. E a querer-te. E a querer mimo e afundar-me no teu abraço.
Desgraça total. Quando for esta, o estado de espírito não é dos mais aconselhavéis. Aliás, não me recomendo minimamente.
Editei os dois posts que ontem quis apagar. E por editar entenda-se apagar o principal do post. Fica lá a nota - post editado - e sempre que virem isto: [...] compreendam que tudo o que eu queria dizer está ali, naquelas reticências caladas. Naqueles três pontinhos mudos. E isto é só para eu não me chatear comigo própria. E pronto. Está feito.
Mas não é a vida que cansa, o que cansa é viver. Para além das obrigações, do trabalho, das responsabilidades. Para além do tempo, das horas marcadas, do compasso dos segundos.
O que cansa é usurparmos as horas que são nossas. Vilipendiarmos o tempo até ao segundo. Usufruir da vida que é nossa. E é esse cansaço com que nos deitamos, e por vezes nos levantamos, que nos mostra que sim, estamos a viver. E são estas olheiras que tenho no rosto que me dizem, que sim, estou a viver.
Dormiste mal e tiveste pesadelos. Eu também dormi mal, acordei toda partida e sonhei qualquer coisa de somenos importância. Ou dei-lhe eu pouca importância, talvez seja por aí. Todavia deitei-me a teu lado, com vontade de ti. A tua vontade gastaste-a durante a noite, nos sonhos. Perguntaste-me se queria ir, disse-te que não, sinceramente, não me apetece, disse-te eu, e fui sincera. Disse, vai tu. Desci para começar a preparar o almoço. Desceste tu também, e disseste, bem vou, e eu, vais já? Não almoças? E tu respondes-me, pois não, era isso... e eu olhei em frente enquanto cortava a cebola aos cubinhos, e suportava os olhos que se queriam raiar de água. Ia almoçar sozinha. Entretanto queimei a cebola do estrugido, deitei-a fora, meti água na panela mesmo assim, e deixei ferver. Depois já nem me lembrava se tinha posto o sal ou não. Queimei os dedos no testo da panela. Fiz o arroz, pareceu-me saboroso mesmo assim, mas não o comi. Ontem não fui tua e tu não foste meu. Ontem não tinha vontade de ti, mas hoje, ao deitar-me a teu lado, pareceu-me ter vontade. Fiz o arroz, mas não o comi. Não queria arroz com certeza. Preparei uma salada de milho, tomate, cogumelos e atum. Polvilhei-a com salsa e tomilho. Reguei-a com um fio de azeite e outro de vinagre. Como eu gosto. E almocei sozinha, num domingo.
P.S.: Ainda me lembrei de juntar arroz à salada, porque o tinha ali, porque o tinha acabado de fazer, e o arroz casa sempre bem com saladas frias. Mesmo com a vontade que sabia ainda ter do arroz, disse a mim mesma que não, vou comê-la como sempre costumo fazer. Sem arroz. Fiz o arroz, mas não o comi.