Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Blue 258

Blue 258

...

E o desespero que é tempestade começa a acalmar

16
Fev14

 

A Moggi é uma gatinha siamesa de pelagem clara. Tem os olhos azuis muito claros e as pontas das patas brancas. Tem apenas 5/6 meses. Não gosta do barulho dos carros e não está habituada a estar na rua. É a minha gatinha, sinto tanto a falta dela e tenho um buraco no coração.

 

Perdi a minha gatinha na quinta-feira à hora de jantar. Ele foi à garagem e levou-a com ele. Desceram pelas escadas, ele teve o cuidado de pegar nela antes de entrar na garagem, mas depois, como ela queria saltar para o chão e investigar por ela própria, ele pousou-a vendo que a garagem estava calma. Ele dirige-se para ao carro e a porta da garagem começa a abrir. Ele pensa, ela vai esconder-se - não gosta do barulho dos carros, vai esconder-se e manter-se escondida. O carro entra na garagem, as pessoas entram no elevador, a porta da garagem começa a fechar-se e ele chama pela Moggi. E nada. E no desespero que também é o dele, começa a chamar, a procurar, a inspeccionar os cantos da garagem, as rodas dos carros, não fosse ela ter-se encavalitado numa. E nada.

Lá em cima, no 3º andar, eu de volta do jantar sem sequer imaginar que a gatinha não estava em casa. Como ele tardava em voltar da garagem - só tinha ido buscar um brinquedo que tinha ficado no carro - pedi ao primo dele que fosse ver o que se passava. Logo depois seguiu-se um amigo nosso. E depois tardavam os três em voltar. E eu pensei: mas que raios se está a passar? E deixo o assado no forno e desço eu também à garagem. Só quando desço é que descubro que a gatinha não estava em casa, que tinha descido com ele, que se tinha assutado com um carro e que não a encontravam em lado nenhum.

E eu procurei na garagem, chamei por ela, percorremos as imediações à procura dela e nada. Foi quando comecei a pensar que ela poderia estar na garagem, escondida e assustada e só quando acalmasse o barulho é que ela me responderia ao chamar por ela. Porque a ser noite movimentada, tinha de ser aquela. E essa foi a minha primeira esperança a morrer. Voltei depois de jantar, voltei de madrugada quando o barulho acalmou. Nada. Colei logo nessa noite uns avisos no prédio. E nada. Não conseguia imaginar que a minha gatinha pequeninha ia passar a noite fora, sozinha sem mim e eu sem ela. Mas passou.

Já vamos a caminho da terceira noite e esta casa parece não sei o quê. É um silêncio e uma calma que só me incomodam, que me magoam. Vejo a caixa da areia dela, a água, a ração, as bolinhas que lhe comprei. E dói. Hoje de manhã cedo voltámos a procurar. Já tínhamos afixado avisos com foto e contacto nos cafés, nas mercearias, nas portas dos prédios. Coloquei dois apelos online e nada. Da associação cá de Braga dizem-me que não deu entrada nenhum animal com estas características. Esta era outra esperança minha, talvez a derradeira, que fosse recolhida por estar na rua. É que ainda por cima, não tem coleira, não tem chip. 

 

 

E  o desespero que é tempestade começa a acalmar. Sinto um buraco no coração. Sinto-me  impotente. Sinto que  já não há mais nada que eu possa fazer. Sinto que o que devia ter feito não fiz. E se calhar já me começo a resignar. Daí esta calma aparente. Este vazio. Isto acaba por ser um desabafo, porque eu já não sei que mais possa fazer.

Apelo a todos os que possam ler isto e que sejam de Braga, tenham conhecidos em Braga, possam ter o colega de um colega ou o filho de um conhecido a frequentar a Universidade do Minho que partilhem estas informações. Foi nos prédios amarelos junto à rotunda da UM que a Moggi desapareceu na quinta-feira.

1 comentário

Comentar post