Desejo que acordes devagarinho - aquele devagarinho delicioso em que o corpo desperta aos poucos - coberto com aquela preguiça que teima em se arrastar em cada músculo. Levantas-te embalado pelo som disperso pela casa e persegues o aroma do café acabado de fazer. Como um rio que corre para o mar, desaguas na cozinha, onde te espera um pequeno-almoço especial. Porque não? Porque não precisava, dizes tu. Porque sim, diz a miúda.
Desejo que acordes devagarinho ao som desta música. E sim, hoje, all eyes on you. Olhos que sorriem num abraço.
Cold, dark sea Your waves are rocking me I close my eyes and fall asleep All eyes on me Your eyes on me
I've been sleepless at night Cause I don't know how I feel I've been waiting on you Just to say something real There's a light on the road And I think you know Morning has come and I have to go I don't know why, I don't know why We need to break so hard I don't know why we break so hard But if we're strong enough to let it in We're strong enough to let it go
Hoje de manhã cedo, ao ouvir o álbum com que me deitei ontem, descobri a música que procurava no outro dia (quarta música da playlist ali ao lado). " Too long", dizia eu. E é verdade. Contava eu num outro post que seria um duo - não tenho a certeza, mas provavelmente era eu a voz feminina a cantarolar o refrão no sonho.
See I've been, breaking hearts, for far too long Loving you, for far too long, Making plans now, for far too long Yes I've been breaking hearts, for far too long Loving you, for far too long, It's time I leave, it's time I'm moving on.
De novo o coração a pregar partidas. O coração, sempre o coração. Há muito que não ouvíamos aqui falar do coração. E se isto não é pura ironia, karma, com serendipity à mistura, então eu não sei o que será.
When I need the shelter, I'll know just who to call When I need the shelter, I'll be knocking on your door But when it comes to dying, I'll do it on my own
Escrevo-te estas linhas porque a vontade de te falar me impele a isso. Uma vontade terrível de te sussurar ao ouvido o refrão que sinto vontade de cantar a plenos pulmões.
I would sail to you Hold you in my arms, ask you to be true Once I had a dream, it died long before Now I'm pointed north, hoping for the shore
Terrível porque oiço esta música em repeat e me apetece correr (vestir a pele de lobo e correr pela noite) só para te dizer estas mesmas palavras. Terrível porque a vontade é tanta que pensei em enviar-te a música, só porque sim. Terrível porque a vontade é tanta que parece que me rasga por dentro. Terrível porque a pele parece querer queimar, o coração parece querer saltar do peito só porque sim. A minha boca parece salivar e juro, eu juro que sinto o gosto do teu beijo. E lembrar o teu beijo faz-me salivar ainda mais e eu sorvo, sorvo o mel que me brota da boca procurando saciar esta vontade que se assume perante mim, que vem não sei de onde, mas que se insurge, que manda e comanda, e eu impotente, indefesa, rendida a uma vontade que não sei de onde veio, como chegou até mim e me assaltou desta forma... mordo os lábios, numa vontade que parece aumentar.
Volto a ouvir a música, o ritmo acalma, penso de novo em sussurar-te o refrão ao ouvido... mordiscar-te a orelha, lamber, beijar-te o pescoço, deslizar a língua até à tua boca e afundar-me nela, afundar-me em ti. E o ritmo da música acelera... a minha boca saliva de tal forma que eu sinto o teu beijo... como se tivesse sido hoje. Como? E eu...
Porque é Dezembro, e o frio já se instalou de mansinho, o frio, aquele friozinho tão bom, que chama a cada esquina das cidades iluminadas, que pede a lareira acesa, o agasalho de lã, o cachecol envolto no pescoço e as mãos nos bolsos. E é quando te vejo (imagino) na rua, de sobretudo elegante, charme nos lábios e o mesmo brilho no olhar. E é quando me perguntas: és tu, és mesmo tu? E eu apenas te respondo: Não vês o brilho no meu olhar e o sorriso nos lábios?