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Blue 258

Blue 258

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14
Abr16

há quem diga que o amor não vê. e depois há olhos que te invadem a alma, como quem te lê. há quem diga que o amor não abraça. e depois há sorrisos que te cativam o coração, como quem te enlaça. há quem diga que o amor não cura. e depois há abraços que te salvam do mundo, como quem te segura. há quem diga que o amor não toca. e depois há mãos que te sossegam os medos, como quem te suporta. há quem diga que o amor não sente. e depois há corações que te falam em silêncio, como quem te pressente.

 

 

É. E  a minha menina dos abraços parece acertar sempre. 

Dos desafios que nos tocam a alma

20
Mai15

A Dani, que já é dona de um pedacinho do meu coração há tanto tempo, lançou-me o desafio de "escrever uma carta àquele(a) que te ama, ou àquele(a) que te vai amar." Quando vi a notificação, fui logo lá; li, calei, sosseguei o meu coração, disse-lhe tem calma, ninguém sabe que estas palavras também falam de ti, também te escrevem, mesmo sem saberem. Sossega coração, que já és crescido, não tens de ter medo de ler verdades. E é por isso que eu transcrevo na íntegra as palavras da Dani; é por isso que as quero aqui, para me lembrarem, para eu me poder ler e reconhecer. Para eu saber (o que já sei tão bem).

 

aproximas-te de mim devagar, como quem tem medo que eu possa fugir, e abraças-me a alma na esperança de me entrares no coração. admiro a tua forma ingénua de sentires que me tens e me conheces inteira. mas o que tu não sabes é que, mesmo que a minha alma se deixe abraçar por ti e o meu coração te deixe entrar, há coisas minhas que tu não conheces. há coisas que tu não sabes. não sabes que antes de ti já alguém me abraçou a alma, morou no meu coração e me roubou pedaços dele. não sabes que eu nunca recuperei esses pedaços e que nunca os vou recuperar. não sabes que a falta deles já não me dói. não sabes que as cicatrizes do coração, mesmo que saradas, são as mais fundas que podes ter. não sabes que, depois destes anos todos, eu nunca voltei a sentir alguém assim. não sabes que, depois destes anos todos, eu nunca voltei a deixar alguém entrar e ocupar esse lugar na minha vida e no meu coração. não sabes que, mesmo que a minha alma se deixe abraçar por ti e o meu coração te deixe entrar, eu ainda posso fugir de ti.

 

Dani

 

 

Dos olhares

27
Mar15

(...)

– Eu adoro essas coisas. E digo-te uma coisa, durante o amor, não há nada que descreva olhar nos olhos. Eu acho tão louco.
– Porque a dada altura eles mostram... sabes o quê?
– Epah é como uma especie de sintonia.
– Eu acho q nesses momentos, nesses olhares... se pode ver a alma. E imagina o que é isso...
– Eish...
– A olhar para ti de frente, e a mostrar te que é isso.
– É isso... eish
– Que é a ti que quer, que é aquilo, naquele momento, que está ali, que é isto sim.
– Parece que o ambiente á volta pára, nao sei explicar fodase. Essa que me disseste... isso é a melhor coisa. Por isso digo que sem olhar nao há nada.
– Mesmo.

(...)




...

27
Set10

«Lembro-me agora que tenho de marcar um

encontro contigo, num sítio em que ambos

nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma

das ocorrências da vida venha

interferir no que temos para nos dizer. Muitas

vezes me lembrei de que esse sítio podia

ser, até, um lugar sem nada de especial,

como um canto de café, em frente de um espelho

que poderia servir de pretexto

para reflectir a alma, a impressão da tarde,

o último estertor do dia antes de nos despedirmos,

quando é preciso encontrar uma fórmula que

disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É

que o amor nem sempre é uma palavra de uso,

aquela que permite a passagem à comunicação;

mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale,

de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós

leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio

ser, como se uma troca de almas fosse possível

neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e

me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas

vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde,

isto é, a porta tinha-se fechado até outro

dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então

as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem

sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar

um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos

para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que

é também a mais absurda, de um sentimento; e, por

trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia

seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores

do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos

encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que

o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí

que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas,

que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo

das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.»

 

Nuno Júdice, in “Poesia Reunida”

 


 

Roubado do Sussurros e Respiros

 


 

Quero amar-te

22
Ago10

Perder-me nos teus braços. Deliciar a minha pele na tua. Saciar a sede da minha boca, esta sede, na tua. Matar o desejo do meu corpo, no teu.

Despir a alma e deitar-me contigo. Perdidos sem espaço, sem tempo, sem palavras. Mudos em qualquer uma das línguas que falamos. Silenciosos no querer. No dar e receber.  Na entrega.

Deitar-me contigo. Amar-te devagarinho, em câmara lenta. Saborear-te. Aos poucos. Provar-te de cada vez como se fosse a primeira vez. A  cada vez. Entranhar-te cada vez mais em mim. Marcar a minha pele com o teu perfume. O meu corpo com o teu cheiro. A minha alma com o teu querer. Deitar-me contigo. E amar-te muito mais depois.