Se eu fosse a tua pele. Se tu fosses o meu caminho. Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho. Trocamos as palavras mais escondidas que só a noite arranca sem doer. Seremos cúmplices o resto da vida. Ou talvez só até amanhecer.
Mafalda Veiga, in Cúmplices
P.S. Sim, dois posts exactamente iguais. Ou quase. Porque nada nunca bateu tão certo.
Se eu fosse a tua pele. Se tu fosses o meu caminho. Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho. Trocamos as palavras mais escondidas que só a noite arranca sem doer. Seremos cúmplices o resto da vida. Ou talvez só até amanhecer.
Zero horas de sono. Zero. Dezasseis horas juntos. Dezasseis. Falamos de como não é normal andarmos a sair tanto juntos, andarmos a passar tantas horas juntos. Falamos dos sinais. Dos sinais que se contradiziam. Dos sinais de ambos. Das dúvidas de ambos. Das incertezas daquilo que sentíamos. Vi o amanhecer contigo nos meus braços. Disseste-me: aí tens o teu amanhecer.
Já o sol ia alto quando regressámos a casa. E na incerteza da certeza voltámos a casa. E da incerteza fez-se a certeza. De não ser. De não sermos. E a estupidez toda está no que sente. Porque se sente. De parte a parte. Quanto a isso não há volta a dar. Acredita, não há. Podemos esconder, podemos fingir, mas não há volta a dar quando se sente.
Se eu quis ceder? Quis. E só isso diz tanto. Tanto. Se eu cedi? Não. Não cedi. Porquê? Porque faz parte de mim. Faz parte de quem eu sou. E eu sou assim. E por mais que eu tente, não há volta a dar. Eu funciono assim. Devagarinho. Tão devagarinho. E e se há alturas em que me arrependo de ser assim, outras há em que percebo porque é bom ser assim. De resto, é como eu sou. Eu sou assim. E se é assim que eu sou, não há nada a fazer. Tenho de ser. Eu.
Lá fora a chuva cai sem vontade. O vento embate no mar. Sem vontade. A água decalca a areia ainda quente. Sem vontade. O dia amanhece sem querer. Dentro do quarto, deixamos cair a chuva lá fora. Mergulhamos mais uma vez por entre os lençóis. Embatemos o desejo nos corpos. Sucumbimos. À nossa vontade.
A minha pele é o mapa da tua viagem. Guarda o perfume do teu corpo como um tesouro. Encerra beijos e segredos. Só meus. E teus.
Beija-me. Aqui. Beija-me outra vez. Aqui. O dedo indica onde se detêm os teus lábios. Aqui. Ali. Aqui e ali. Na minha pele. No meu corpo.
Tinha os pés entrelaçados nos teus. Chamei-te meu amor em surdina. Calei-me num sorriso. Disse que te amava num silêncio. E esse silêncio retumbou cá dentro como o mar em dias de tempestade. Sempre disseste que o meu silêncio diz tanto. Tanto. E diz. Desenha o meu mundo quando estou contigo. Quando me fazes inteira.
I'll stop the world and melt with you You've seen the difference and it's getting better all the time There's nothing you and I won't do I'll stop the world and melt with you
Beijamos como quem faz amor, entretecemos bordados na pele, encetamos viagens sem destino. Tu e eu. Dentro de quatro paredes que deixam de existir no momento em que os nossos corpos se tocam.