Hoje pensei em escrever sobre esta manhã. A minha manhã. Poucas horas de sono e mal dormidas, acordo com o alarme que não é o meu. Toca e toca e toca. Ninguém se levanta. "Olha o teu alarme", insulto eu. Silencia aquela metralhadora, e eu agradeço do fundo do meu coração ainda adormecido. Não sei quantos minutos volvidos, a metralhadora dispara de novo. Insulto já a meio-gás pois o coração já não se vê tão adormecido. "Olha as horas", em modo quase suplicante. E nada. Fecho os olhos querendo sonhar que como por magia já ele estará vestido, pequeno-almoço tomado, a caminho dos seus afazeres e eu com mais uma horita de sono reparador e fortalecedor e tudo e tudo e tudo. Mas nada. Toca o alarme mais uma vez e desta feita sou eu que prego o telemóvel na parede, empunho a metralhadora e aniquilo o dispositivo. Nos meus sonhos.
Resigno-me e levanto-me. "Olha as horas", atiro eu para o ar. "Queres que te faça o pequeno-almoço?" (pergunta estritamente retórica porque ja me encaminhava para o fazer). "Sim, por favor". E eu aqueço o leite, barro as torradas integrais de pacote com manteiga, dou leite à gatinha, que nesta altura vem sempre pedir (e com todo o direito) o seu pequeno-almoço. Nesta altura eu sonho com uma enorme chávena de café e um cigarro (mau hábito ocaional). E silêncio (tenho mau acordar, pronto).
Lá o encaminho, fico eu e a gata, sabendo eu tão bem que as manhãs dela são de brincadeira - trepa para o colo, passa por cima da secretária, atira me os papéis ao chão, desce, volta a subir, não me deixa tomar o meu café descansada, desce novamente e assim continuamente até sentir vontade de colinho ou melhor ainda de sossego (o mesmo que eu queria há uma hora) que é quando se mete entre edredons e me deixa finalmente descansada para adiantar algum trabalho.
Antes do trabalho há sempre um bocadinho para aquilo que gosto. Leio algumas notícias, actualizo um ou dois blogues. Um deles acompanho quase desde o início (deste blogue) e com a vontade que tenho de lhe fazer referência, acabo por decidir fazer um 2 em 1 neste post. É um blogue em que a dona nos abre as portas de sua casa e nos convida a entrar. Tem uma casa que reflecte a sua alma e espelha a sua felicidade.
E é uma felicidade linda (própria das pessoas lindas). Quem me percebe vai entender imediatamente o que quero dizer. As receitas que partilha são de babar, as fotos, uma delícia e ainda por cima nesta altura do ano volta a falar-nos de um sítio onde foi muito feliz e basta dizer-vos que está carregado de neve. O Natal a chegar, a promessa de neve, uma felicidade linda. É então que eu passo por aqui, leio este post e penso: esta é a manhã perfeita. Não a minha, claro, a sua.
E penso no marido e filhos que (ainda) não tenho, no namorado e na gata pequenina que tenho. E naquele pão acabado de fazer. Penso na sua manhã perfeita, e na minha, tão imperfeita. E naquele pão acabado de fazer. Acabo por escrever um 3 em 1: a minha manhã, uma bela manhã que não a minha, e um destaque que já tardava. Quando termino de escrever e releio este post, decido que vou começar a fazer pão fresco para o pequeno-almoço. Tornar as minhas manhãs um pouco mais (im)perfeitas.