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Blue 258

Blue 258

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E o blogue também se transforma

25
Set10

Porque é meu. Porque faz parte de mim. Porque me acompanha, registando aquilo que eu lhe dito que pode registar.  Porque exala perfume, descobre a paixão da pele, guarda o cheiro de uma memória. Porque marca o passar dos dias, desenha as estações do ano ao de leve e escreve o que me vai na alma.

 

 

«A gramática, definindo o uso, faz divisões legítimas e falsas. Divide, por exemplo, os verbos em transitivos e intransitivos; porém, homem de saber dizer tem muitas vezes que converter um verbo transitivo em intransitivo para fotografar o que sente, e não para, como o comum dos animais homens, o ver às escuras. Se quiser dizer que existo, direi "Sou". Se quiser dizer que existo como alma separada, direi "Sou eu". Mas se quiser dizer que existo como entidade que a si mesma se dirige e forma, que exerce junto de si mesma a função divina de se criar, como hei-de empregar o verbo "ser" senão convertendo-o subitamente em transitivo? E então, triunfalmente, antigramaticalmente supremo, direi "Sou-me".»

 

Fernando Pessoa

 

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14
Set10

Admiro entontecida as cintilantes luzes da cidade reflectidas nas águas serenas do rio. E é o teu sorriso que vejo. A cidade tranquila. E é em ti que penso. E indago o porquê deste sorriso parvo que assoma aos meus lábios. De cada vez que penso em ti. De cada vez. E hoje não me saíste do pensamento. Levei-te logo pela manhã comigo. E permaneceste no meu sorriso. O dia todo.

 

Hoje, durmo abraçada a ti. Sonho nos teus braços. Abraça-me bem.

 

 

Deitados no leito do rio, beijo-te vagarosamente a pele. Embriago-me no teu perfume. Delicio-me com o teu cheiro. Embargo as palavras na tua boca. E entrego-me. Sim, entrego-me. Desnuda. A ti. A ti. A ti.

 

 

 

 

Aconteceu... e por me teres feito cego, recordo o sabor da tua pele e o calor de uma tela que pintámos sem pensar. Ninguém perdeu, e enquanto o ar foi escuro, despidos de passados, talvez de lados errados, conseguiste-me encontrar.

Foi dança, foram corpos de aço entre trastes de guitarras que esqueceram amarras e se amaram sem mostrar.
Foi fogo que nos encontrou sozinhos, queimou a noite em volta, presos entre chama à solta, presos feitos para soltar... Estava escrito. E o mundo só quis virar a página que um dia se fez pesada...

 

E o suor que escorria no ar, no calor dos teus lábios, inocentes mas sábios... no segredo do luar. Não vai acabar. Vamos ser sempre paixão. Vamos ter sempre o olhar ao nível de ninguém. Dei-te mais...! Valeu a pena voar... Estava escrito. E a noite veio acordar a guerra de sentidos travada num céu.

 

Nem por um segundo largo a mão da perfeição do teu desenho e do teu gesto no meu... foi como um sopro estranho... e aconteceu...

És fogo em mim, és noite em mim. És fogo em mim.