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Blue 258

Blue 258

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Hoje

14
Set15

Um belíssimo fim de tarde, em que podíamos sentir a chuva na terra, nas folhas, no ar. Os frutos que ainda se escondem por entre uma folha e outra, provam que o verão esteve aí. O imenso céu a perder de vista, o horizonte que mergulha no mar... toda aquela luminosidade em campo aberto e a promessa do frio. Aquele frio que chega devagarinho e se vai enroscando em ti. Envolve-te devagarinho, baila nos teus pés, enlaça-te e beija-te no pescoço. E uma lareira a crepitar, mantas e écharpes assaltam-te o pensamento como se de recordações tratassem. E tu pensas em voltar porque são quase 8 e agora os dias escurecem mais cedo. O frio que começa a ganhar terreno aos poucos, convida-te ao aconchego de casa. E tu pensas no frio que está a voltar... e naquele abraço. Na saudade de um abraço.

Pinterest

27
Mai14

Já ando para falar no Pinterest há algum tempo - eu que, inicialmente, me recusava a criar conta - já tinha o blogue, conta no Facebook, uma conta no Tumblr (que usava, mas pouco) e até conta no Twitter (que raramente usava)- e foi então por mero acaso que uma noite, o meu amigo César Lopes, lá me convenceu e eu rapidamente me rendi e creio que deve ter sido das melhores coisas que fiz nos últimos tempos.  

 

Eu tinha por hábito guardar imagens, ideias para trabalhos e tudo o que achasse interessante, em pastas no computador. Até aqui tudo bem. Comecei a navegar no Pinterest e a encontrar inúmeras ideias que eu já havia guardado a dada altura.  Comecei então a criar álbuns, o que me permite guardar de forma prática (está sempre online) e melhor do que isso, permite-me pesquisar o tema que eu quiser, encontrar pins relacionados, seguir álbuns e até pessoas.

 

Podemos pesquisar DIY's (que é um faça você mesmo por assim dizer), makeovers ( o típico antes/depois de roupas, móveis, etc.), ideias para arrumação,  para a casa, para o jardim, lugares a visitar, viagens de sonho, receitas, tudo! Apesar da minha resistência inicial já conto 34 álbuns e 1357 pins. Acho que não é preciso dizer mais nada :)

Spring break, spring cleaning, spring wishes

17
Mar14

Ainda não totalmente recuperada a voz - estive completamente afónica durante 10 dias, 10! Ao décimo primeiro dia a voz deu um arzinho de si, e eu pensei: yey, it's me! Foram 3 semanas complicadas, mas eis que recupero a energia apesar de ainda um pouco rouca. Tanto para dizer, tanto para fazer e a Primavera está quase aí. Vontade de (re)organizar e (re)criar. Alguns projectos novos aliados a paixões antigas. Desejos de escrever, de coisas novas, coisas minhas, sempre minhas. Coisas.

 

 

Depois de muito chá de limão com mel, Março brinda-nos com o Sol, com esta energia que enche esplanadas e praias fora de tempo.

Blogue e coisas (palavras)

22
Jun13

Perdi as horas a rever posts antigos. A um ou outro, ajustei o espaçamento, adicionei a tag música onde via que estava em falta. Acabei por desistir de ajustar o espaçamento porque percebi, a dada altura, que o mesmo, ou a falta dele, se verificava em todos. Coloquei 6 posts em privado. Apenas 6. Privados, demasiado privados, achei eu. Nada de importante, nada de maior importância para o blogue. Desabafos, simples desabafos que se fazem à(s) melhor(es) amigas. Àquelas do peito. Cospe na mão e aperta aí. Qualquer coisa do género. 

 

Reli posts carregados de sentimento. Abismei ao ler coisas escritas (sentidas) por mim. Coisas. 

 

Ouvi músicas postadas (nunca gostei deste termo). Música boa. Alguma roubada - fazia parte de uma categoria aqui do blogue. Dava-me para trazer emprestado. Que é como quem rouba. Música, palavras. Que me diziam - disseram - tanto. Que por incrível que pareça, ainda dizem. Tanto.

 

Dei por mim a viajar na  minha própria vida. Foi giro. Uma volta no carrossel. Velocidade a mais e fico de cabeça tonta. Páro, acalmo e sigo. Há ali uns meses que por mim apagava. Sinto-me irritada, até. Porque será? Há ali uma altura da minha vida que por ter sido a altura que foi, a altura em que sufocava, sim sufocava, por falta de ar, mas por falta de algo muito mais importante. Que conta mais do que o ar que respiramos. 

Depois músicas que são... foram. Imagens. Porque associas e não dá como não o fazer. Tenho de te ligar, saber de ti. Há pessoas que marcam. Umas ficam, outras nunca foi suposto ficarem. 

                                                                                  ...

 

Continua a música boa, mas tão boa que dá gosto ouvir. Conforme recuo no tempo (blogue) percebo que escrevi umas coisas giras. Outras parvas (muito parvas). Tinha (ou tenho) o meu q.b. de miúda parva. Se me arrependo? De nada. Se faria tudo de outra forma? Já não teria sido eu a miúda parva daquela altura. Hoje seria diferente. Continuo a ser a mesma miúda parva que não gosta de dormir fora de casa. A não ser que a minha casa esteja comigo. Home is where your heart is, remember?


Encontro coisas (palavras) tão giras, tão giras, que um dia faço um best of. Com coisas minhas (que na realidade não são só minhas, são também de quem as lê), coisas roubadas que não eram minhas, mas a partir do momento em que as trouxe para aqui, passaram a ser minhas também. Blue258 não se fez (faz) sozinho. Fez-se com coisas minhas, coisas roubadas, e coisas que cá foram deixadas.

 

De propósito ou sem querer. Mas a verdade é que aqui guardo pedacinhos. Memórias. Valeu a pena esta coisa do blogue. 

 

 

One missed sunset

20
Out10

Hoje vi o pôr-do-sol, ou o que dele consegui ver, da janela do quarto. De um quarto qualquer - perdido numa cidade que já foi minha - agora  meu. Saio e vejo a lua quase cheia, mesmo à direita do Bom Jesus. A lua brilhante no céu negro, e a fachada pálida do santuário. Magnífico.

 

Falta-me o meu quarto. O meu. As minhas coisas. Os meus livros. Faltam-me os quase 97 gigas de música que tenho no pc de casa.

Sei (ou sinto) que me falta o pôr-do-sol, a praia, o mar, aquele cheiro a maresia. Disseram-me que terá outro sabor ao fim-de-semana. Vindo de quem veio, considero isso como uma promessa, e logo eu que não gosto de promessas, assumo como certo e garantido de que assim o será.

 

 

Serviço público

12
Out10

 

 

Meus caros XY,

 

Eu sei que isto de lidar com XX, não é fácil. Nada fácil. Eu sei, assumo, e corroboro tal afirmação perante seja quem for. Apresento provas, maquetes, esboços em 3D. Embora não adiante. Acreditem, não adianta.

Dizem que as mulheres são complicadas, dizem. E até têm razão. Ou porque agem de determinada forma quando o que sentem, desejam e querem é precisamente o oposto do que demonstram. Ou porque dizem uma coisa, quando o que querem é dizer outra totalmente diferente. Os homens não percebem as mulheres. E as mulheres, bem, as mulheres, se formos bem a ver a coisa, também não se percebem a si próprias. Intrinsecamente complicadas. É o que nós somos. Mas há volta a dar, isso vos garanto eu. Pensem nisto como uma língua estrangeira - munam-se portanto de um bom dicionário, façam anotações ao longo do caminho porque ainda por cima, há variações no dialecto de mulher para mulher. Anotem na margem da página, cada traço, cada gesto, cada entoação de voz, cada silêncio.

 

Se uma mulher vos manda foder uma vez, aconselho-vos então a darem-lhe dez minutos até deixar de ferver. Não falem, não façam o mínimo barulho, desapareçam-lhe do campo de visão. E mesmo assim, mantenham o silêncio. Fomos abençoadas com um raio de um sonar que vos detectava um qualquer trejeito facial, mesmo que na China. O que pretende uma mulher num caso destes? O que quer ela dizer? Simples: dá-me dez minutos para acalmar, perceber a parvoíce pela qual me aborreci e concluir o assunto com um sorriso nos lábios e um abraço.

Se uma mulher vos mandar foder duas vezes - no mesmo dia, na mesma hora, e com um espaçamento provavelmente inferior a dez minutos - bem, falem, insistam, invadam-lhe o campo de visão, e se possível, toquem-lhe. De forma suave, nada controladora ou admoestadora. Toquem-lhe. Como quem faz uma carícia. O que queremos nós então neste caso específico? O vosso carinho. A vossa atenção. E neste caso, a falta de qualquer exemplo dos acima mencionados, apenas irá fazer com que a temperatura volte a subir de novo. E aumentar a pressão.

 

Porque quando vos mandamos foder uma vez, estamos provavelmente a entrar em ebulição por um motivo - provavelmente parvo - qualquer. Nesse momento, queremos ou precisamos (nunca sei se chegamos a saber se queremos ou não) de, das duas uma:

a)  libertar alguma pressão - se estamos a ferver e já não há forma de reverter o processo - e, nesse caso, qualquer palavra ou gesto vosso fará com que provavelmente parte dessa pressão vá dirigida na vossa direcção - o que é algo a evitar a todo o custo.

b) acalmar e analisar a cena - se o processo ainda está numa fase que permite o retrocesso. Imaginem agora uma enorme fornalha e a temperatura, contra todas as expectativas a decrescer - esse momento, esse mesmo, é aquele em que os meus caros XY não falaram, não fizeram o mínimo barulho e desapareceram do campo de visão.

 

Quando vos mandamos foder duas vezes, estamos numa fase delicada da ebulição: um simples gesto, um carinho, uma palavra bastam para desligar o temporizador daquele bomba tão sensível associada aos cromossomas XX. Porque nós somos muito emotivas -  sentimos e pensamos com o coração - e depois, agimos a quente. Se vos falhar a tradução neste caso, o mais provável é que ao primeiro motivo parvo que nos deixou a ferver, se junte um segundo: o da atitude parva. E aí, aí, é que somos nós a não falar, a não fazer o mínimo barulho, a desaparecer-vos do campo de visão. Quando o que queremos é esquecer todos esses motivos parvos e rir convosco do quão parvas fomos.

 

 

 

 

Atenção: é óbvio que todo e qualquer XY é culpado daquele motivo parvo inicial que nos deixou a ferver. O vosso problema é que não vos apercebeis sequer disso. O nosso problema, é que damos importância a tudo. Mesmo a coisas parvas. Pá, porque somos efectivamente emotivas ou qualquer coisa do género. Isto deve ter uma explicação científica plausível. Deve.

 

Ó gente

30
Jun10

O dia de ontem, foi de cão. A manhã, foi de uma matilha inteira. Ou é da lua, ou do excesso de trabalho, fica toda a gente maluca.  É que  até em casa. Se se mantiver a calma, as coisas resolvem-se. Não é com certeza com o sistema nervoso alterado que as coisas se fazem melhor, ou mais rápido. E é por estas e por outras, que ao final da tarde de ontem, esteve quase para sair desta linda boca um sonoro estás a falar para mim, estás a falar para o caralho*.

 

 

*Não foi a educação que a minha mãe me deu, não, mas ironia do destino...

 

Prescrição médica

19
Jun10

«Preciso de ir ao médico. Melhor: preciso de ir a vários médicos. Vejo mal ao perto, ando atacado de uma alergia quase permanente que se acentua por este tempo, já ouvi melhor, preciso de fazer análises para medir o colesterol, os pulmões não devem estar muito rosados, as tensões andam um bocado altas. Em suma: não tenho muito por onde se pegue. Mas há qualquer coisa mais que me preocupa. Num qualquer momento da vida, algo circuitou dentro de mim, assim, como se me tivessem arrancado um fio, o fio por onde circulam os afectos. Não, não são os afectos da amizade, nem do amor que há entre pais e filhos e filhos e pais. Esses continuam por aqui, eu sinto-os, porque continuo a ter uma enorme capacidade de amar os outros e sobretudo uma enorme capacidade para ter compaixão. Acho que o fio arrancado é um fio vermelho, o fio das paixões que duram mais do que o tempo que dura um fósforo aceso. Ando à procura desse fio, que é vermelho, eu sei que é, embora não saiba por quê, para tentar ligá-lo outra vez, porque só assim se atinge a plenitude.»

 

 

J.M. Coutinho Ribeiro, n' O Anónimo