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Blue 258

Blue 258

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#7 Aperitivo... ou sobremesa...

27
Out09

 

Abres a porta - sinto o ar frio e salgado que me desperta os sentidos. Pequenos choques eléctricos percorrem-me o corpo... fazem palpitar as papilas da língua. Atordoada, apenas sorrio. Ao sorrir, a sala parece iluminar-se.

Entras. Os teus olhos brilham, o teu sorriso atordoa-me um pouco mais. Não avanças. Observas-me, furtivamente. Parecemos embarcar numa dança, parecemos mergulhar na dúvida... hoje, quem será a presa... e o predador?

Recupero do transe, e avanço. Como um felino. Graciosa e veloz. Ataco-te. Sinto os meus lábios nos teus. Os teus nos meus. Sinto as minhas mãos que percorrem o teu corpo. E as tuas mãos, que percorrem o meu. Sinto. Sinto sem saber os limites do meu corpo ou do teu. Reconheço as mãos, a língua... e tudo o resto... sou eu e tu... sem fronteiras, sem limites definidos. 

Passo as mãos pelo teu cabelo orvalhado.  Procuro concentrar-me no frio do teu rosto que contrasta com o meu. Quente, tão quente. Sinto o coração que bate a mil... esse sim, em uníssono com o teu.

Esquivo-me em direcção da mesa. O vinho já servido, o jantar pronto. Ergo o copo como que perguntando, queres? Não te moves. Não dás um passo.  Pareces a presa hipnotizada pelo predador - imóvel. Pensarás em como me escapar? Não, isso não...

Encosto-me à mesa. Vês a provocação nos meus olhos, nos meus lábios, no meu corpo. Sorris - pensarás que agora me encontro à tua mercê? Assim, tão facilmente? Sem luta? Desengana-te. Tinha-te avisado.

Confiante, caminhas na minha direcção. Com um movimento brusco, repentino, levantas-me e  apoias-me na mesa. A contrastar com este rompante, sinto as tuas mãos a percorrerem-me as pernas... que docemente enlaças na tua cintura. Sinto as tuas mãos na cabeça, no pescoço, nos ombros... e a percorrerem-me as costas. Sinto os teus lábios nos meus. Sinto o meu corpo que quer o teu. Sinto o teu... a querer fazer parte do meu.

Pressiono-te com as pernas e ergo-me da mesa. Sorris. Pensas imaginar o que quero. Desço do teu abraço, e procuro encurralar-te... encosto-te à mesa. Tinha-te avisado.

Rasgo-te a camisa. Mordo-te. Beijo-te o peito. Deliras. Desaperto-te as calças. Com o meu corpo, deito as tuas costas sobre a mesa. Desarmo-te. Procuro dispor-te na mesa  ao meu gosto. Tinha-te avisado.

Também eu subo para a mesa. Avanço. Felina. Sentes o desejo em cada poro da minha pele. Apercebes a loucura nos meus olhos. Finalmente compreendes. Sabes. Quero partir a loiça toda. Rendes-te. Pensavas ser a sobremesa... mas não... e eu tinha-te avisado.