Um belíssimo fim de tarde, em que podíamos sentir a chuva na terra, nas folhas, no ar. Os frutos que ainda se escondem por entre uma folha e outra, provam que o verão esteve aí. O imenso céu a perder de vista, o horizonte que mergulha no mar... toda aquela luminosidade em campo aberto e a promessa do frio. Aquele frio que chega devagarinho e se vai enroscando em ti. Envolve-te devagarinho, baila nos teus pés, enlaça-te e beija-te no pescoço. E uma lareira a crepitar, mantas e écharpes assaltam-te o pensamento como se de recordações tratassem. E tu pensas em voltar porque são quase 8 e agora os dias escurecem mais cedo. O frio que começa a ganhar terreno aos poucos, convida-te ao aconchego de casa. E tu pensas no frio que está a voltar... e naquele abraço. Na saudade de um abraço.
Porque é Dezembro, e o frio já se instalou de mansinho, o frio, aquele friozinho tão bom, que chama a cada esquina das cidades iluminadas, que pede a lareira acesa, o agasalho de lã, o cachecol envolto no pescoço e as mãos nos bolsos. E é quando te vejo (imagino) na rua, de sobretudo elegante, charme nos lábios e o mesmo brilho no olhar. E é quando me perguntas: és tu, és mesmo tu? E eu apenas te respondo: Não vês o brilho no meu olhar e o sorriso nos lábios?
Cinco minutos e um segundo de música é quanto dura este abraço. Para continuar, press replay or repeat :)
Li isto, hoje, na página do facebook da irmã daquela nossa amiga, aquela, que é tanto. Lembrei-me de ti. Inevitavelmente, lembrei-me de tudo.
«Á deriva num rio procuramos agarrarmo-nos a uma rocha para estarmos seguros. Mas é quando nos conseguimos desprender e nos deixamos, que percebemos a beleza de não controlar a corrente, mas apenas decidir em que direcção flutuar....»
Na esquina daquele prédio sombrio, junto ao candeeiro verde, abrigada debaixo do guarda-chuva que conta as gotas, uma a uma. O vento marca-me o rosto, o frio faz-me arrepiar, a chuva entranha-se nos ossos. Não me faças esperar. Por um abraço que nunca mais chega, por um calor que nunca mais sinto. Não me faças esperar.
E esta foi a música que marcou o regresso a casa de ontem. O final de tarde em que a noite nos abraça com o frio que se entranha nos ossos e não nos deixa adormecer. Em que o frio nos gela a alma.
She said "Some days I feel like shit, Some days I wanna quit, and just be normal for a bit"
Ontem, bateu-me uma saudade... assim, de repente, como se estivesse à porta, à espera de entrar, à espera do acender de uma luz, do correr de uma cortina. Noite fria. O frio... lembras-te? E eu lembrei-me de ti.
Esqueci o burburinho do computador, recostei-me na cadeira, abracei o frio em mim, e com um sorriso nos lábios, lembrei-me de ti. Pensei em mais uma quarta-feira passada, e num ritual que deixa inevitavelmente de ter lugar. Porque evito procurar-te. Porque te deixo partir, aos poucos, de mim. E custa-me este avançar, este avançar que ainda dói, que ainda me custa. Porque ainda me lembro de ti. Ainda penso em ti.
Yesterday I saw the sun shinin', And the leaves were fallin' down softly, My cold hands needed a warm, warm touch, And I was thinkin' about you.
Tomar café, logo depois de jantar, junto ao mar. O frio salgado que nos envolve o corpo, as malhas suaves de meia estação que nos acariciam a pele. Sente-se o retumbar do mar, a areia salgada, o vento e a noite que brindam entre si. Sente-se a serenidade de uma alma reconfortada. Um frio bom, que nos enrubesce a pele, acelera a circulação sanguínea e faz bombar o coração apressado. E apressado já ele é.
E a estória é esta: estava no meio do rio, sozinha e já com frio, e de tanto tempo à espera, enquanto que o sangue me fervilhava nas veias, pus-me a pensar, vou mas é dar uma alta festa aqui mesmo no rio. Montes de gente e diversão a rodos. Porque é assim que a vida deve ser. Vivida, pelo menos. Pelo menos? Acima de tudo. E não podemos simplesmente passar por ela sem deixar mossa.
E porque eu deixei uma margem para atravessar para a outra. Pelo prazer, pelo incêndio que se afigurava no meu sangue. Entretanto vi-me no meio do rio, e insegura em terminar a passagem sozinha para o outro lado, ali me deixei ficar. Para trás não queria voltar, e ao continuar arriscava-me a cair à água e a não ter ninguém naquela margem que me desse a mão. E ali fiquei. E agora penso em fazer ondas e em fazer barulho. Em atirar-me ao rio, agitar as águas, nadar e mergulhar. Em molhar a roupa, em secar-me nessa mesma margem, em repousar e ficar estendida ao sol. E em depois voltar a mergulhar no rio, e sentar-me de novo nas pedras, bem no meio do rio. Porque mesmo sem ter quem me chame da outra margem, decidi nadar pelo prazer de nadar. Sem pena de molhar a roupa.
Too many shadows in my room Too many hours in this midnight Too many corners in my mind So much to do to set my heart right Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready Oh but if i take my heart's advice I should assume it's still unsteady I am in repair, i am in repair
Stood on the corner for a while To wait for the wind to blow down on me Hoping it takes with it my old ways And brings some brand new look upon me Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready Oh but if i take my heart's advice I should assume it's still unsteady I am in repair, i am in repair
And now i'm walking in a park All of the birds they dance below me Maybe when things turn green again It will be good to say you know me
Oh it's taking so long i could be wrong, i could be ready Oh but if i take my heart's advice I should assume it's still unready Oh i'm never really ready, i'm never really ready I'm in repair, i'm not together but i'm getting there I'm in repair, i'm not together but i'm getting there