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Blue 258

Blue 258

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13
Out10

«Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificâncias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terra de tufões. Outras vezes uma palavra é quanto basta.»

 

José Saramago, in Jangada de Pedra

 

 

 

 

 

Encontrado aqui, no Tudo o que tenho cá dentro.

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10
Out10

Irrompe do teu corpo iluminado

toda a luz de que o mundo sente a falta

Não a que mais reluz  Só a mais alta

Só a que nos faz ver o outro lado

 

do bosque onde o Futuro e o Passado

defrontam o Presente que os assalta

Oh combate indeciso a que nem falta

o sabor de saber-se ilimitado

 

Irrompe assim a luz entre os extremos

da mesma renovada madrugada

E vibra cada instante um novo grito

 

Com essa luz do grito é que nós vemos

que  Passado e Futuro não são nada

apenas o Presente é infinito.

 

 

David Mourão-Ferreira

 

 

Há palavras que nos beijam

08
Out10


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill


Books and Life

20
Set10

Lembro-me vagamente de, em 2009, creio eu, ter passado os dedos ao de leve pela capa de A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo. Recordo o burburinho que se havia criado à volta da trilogia Millennium. Deve ser bom, pensei para mim. O tempo passou, e recentemente, por meio de umas coincidências algo engraçadas, dei por mim a adquirir o primeiro volume. Absurdamente genial, foi o que achei. Absurdamente genial. Seguiu-se o segundo volume, devorado em três noites apenas, nas quais Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander me mantiveram acordada até altas horas da madrugada. Sem demora, adquiri o terceiro e último volume e não posso deixar de dizer que, ao terminar, fiquei com a nítida sensação de que a história teria inevitavelmente continuação. E a verdade é que a série Millennium, do sueco Stieg Larsson, estava pensada para dez volumes. Dez. O escritor faleceu antes de terminar o quarto, acabando por nos deixar apenas estes três volumes, os quais aconselho fervorosamente. Fervorosamente.

 

 

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07
Set10

«Fiquei muda, e não por ter sido apanhada de surpresa. A sua intenção era clara, a minha era mais dissimulada. Mas acabei por não levantar muitos obstáculos. Deixei-me smplesmente seduzir e naquela noite dormi nos seus braços, claro, depois de termos feito amor como se o conhecesse desde sempre.»

 

Amalia Decker Márquez, Tardes de Chuva e Chocolate

 

 

 

 

Vídeo roubado daqui.

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20
Jul10

A cada livro que leio, cresço. A cada virar de página, deixo naquela folha um pedaço de mim e sinto que algo se acrescenta em mim. Leio. Penso. Sinto. Vibro.

 

Sempre achei que são os livros que nos escolhem. E que isso fique bem assente de uma vez por todas.  Agora, sei que há também um momento para tudo. Um momento para certos livros serem lidos, para entrarem na nossa vida e nos abalarem as fundações.

 

 

Silleda, 12 de Julho