Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blue 258

Blue 258

...

<3 <3

06
Fev20

E dás por ti a querer abraçar, a querer envolver toda aquela luz e toda aquela escuridão. A querer ter o poder de apagar toda aquela dor; uma dor que nem é tua. Mas que reconheces. E abraças. Num abraço que é tanto. Porque queres proteger. Queres proteger e nem sabes nem pensas porque o queres. Apenas sentes que queres. Queres mostrar que há portos de abrigo seguros. Que tu és um porto de abrigo seguro. E quando dás por ti,  toda a tua luz tem um só sentido, uma só direcção.

Quando dás por ti, já abraçaste mesmo sem tocar. Abraças de uma forma que nem sabias ainda ser possível. Abraças. Envolves. És envolvida.

Quando dás por ti, saltaste para o meio da tormenta, uma tormenta que nem era tua, sem pensar duas vezes. Não há tempestade que te assuste. O mar picado, a chuva torrencial, os relâmpagos que riscam o céu. E tu, lá no meio. 

E quando deste por ela, já tu eras toda doçura. E de cada vez que o teu coração pulsa, inunda-te de doçura uma e outra vez mais. E os teus lábios sorriem sem pedir permissão. E é algo que não consegues explicar. Algo que não tem explicação. Algo para o qual nem sabes se há explicação. Embora saibas que aconteça. Muito raramente. Mas acontece. E tu sabes disso.

 

 

[E este post estava em rascunho. Há mais de uma semana. Na incerteza de o publicar ou não. Mas as palavras servem para isto mesmo]

 

 

 

 

 

<3

29
Jan20

E depois há pessoas que entram de mansinho, quase sem te aperceberes.  Que te inundam com toda a sua doçura. Mostraram-te a sua dor, a sua escuridão. Assim, sem meias medidas. Sem esperar. Sem pretextos. Estás aí, eu estou aqui e este é o meu oceano de dor. Esta é a minha escuridão. E eu ali, calada. A ver-te. A sentir-te.

I see you. I feel you.

 

Perdida num turbilhão que não era meu mas que reconhecia bem. E eu ali, calada. A ver-te. A sentir-te. A ver a tua luz, aquela luz que emerge no meio da tempestade que marca o horizonte. Aquela luz no meio da escuridão. A tua luz. A tua escuridão. 

I see you. I feel you.

 

Há pessoas que tu abraças com toda a sua escuridão. Com toda a tua luz e toda a tua escuridão. Pessoas que possuem uma luz que encanta. Acabas por nem conseguir perceber se foi a luz ou a escuridão que te atraiu na sua direcção. Nem importa.

Há pessoas assim. Pessoas que possuem uma luz imensa e que no meio da sua própria escuridão nem se apercebem que são luz. Mas são. São luz e escuridão. Como tu.

 

81786479_3365111430229216_4642459351729045504_o.jp

 

Dos roubos

10
Out10

 

Quando encontramos algo (palavras, fotografias, sentimentos ou momentos), que vai dentro da linha do que andamos a escrever, a pensar ou até a sentir (ou porque simplesmente nos diz tanto), roubamos.

Harold Ross

 

 

 

Não havia luz que te tornasse melhor

 

«Não havia luz que te tornasse melhor. Apagaram-se porque sopraste da frente os pedaços que te ligavam ao mundo. E correste. Correste pela encosta e não deixaste que te apanhasse. Ao invés, troçavas do cansaço dos dias e das horas em que sinto falta de ti.

O que te faz desligar e reinventar todas as vezes que deixamos a nossa casa e nos aventuramos nas vidas dos outros? Queres conquistas? Fazemo-las todos os dias, cada um com mais sorte que o outro. E crescem os dias. Levam-nos com eles as milagrosas manhãs de neblina em que abraçados vencemos o frio e acabámos deitados.

No cimo da encosta que subimos, cada um com sua vontade, escrevemos palavras de amor numa correria desenfreada.

Pelo caminho deixámos a vida que os outros querem para nós e que nos sugerem todos os dias. Mal sabíamos, que um dia, seria a nossa a que chegaria primeiro.»

 

 

Liliano Pucarinho, no night indigo

 

 

...

10
Out10

Irrompe do teu corpo iluminado

toda a luz de que o mundo sente a falta

Não a que mais reluz  Só a mais alta

Só a que nos faz ver o outro lado

 

do bosque onde o Futuro e o Passado

defrontam o Presente que os assalta

Oh combate indeciso a que nem falta

o sabor de saber-se ilimitado

 

Irrompe assim a luz entre os extremos

da mesma renovada madrugada

E vibra cada instante um novo grito

 

Com essa luz do grito é que nós vemos

que  Passado e Futuro não são nada

apenas o Presente é infinito.

 

 

David Mourão-Ferreira