Fecho os olhos. Sinto o gosto da tua boca na minha. Sinto o cheiro da tua pele na minha. Fecho os olhos. Sinto o teu abraço. Os teus braços fortes que envolvem o meu mundo. O teu abraço do tamanho do mundo. Fecho os olhos. Vejo as tuas mãos que envolvem e fortalecem as minhas. Os teus dedos entrelaçados nos meus. Sinto-te. Aqui. Agora.
Sentada no sofá. Aconchegada no teu abraço. Cabeça pousada naquele sítio, naquele, naquele... tu sabes, tu sabes... Envolta por uma doçura que parece não ter fim... e o teu cheiro impregnado em mim, em mim, em mim... E espero o toque das tuas mãos, o calor do teu corpo, o mel do teu olhar... enquanto os meus olhos vislumbram a chuva que brinca na praia e o vento que acaricia a vidraça. Espero por ti, na casa da praia, aquela, sem vizinhos por perto.
Give me more than one caress To satisfy this hungryness We are creatures of the wind Wild is the wind
O marulhar sobe de tom e o vento sibila a tua ausência... o mar ama revoltado, voltando-se para a lua, suplicando a sua doçura. E a lua, impávida e serena, parece troçar lá do alto. O mar, agora encrespado, procura lançar o seu manto salgado cada vez mais alto. Quer atingir a lua, tocá-la, envolvê-la, e diluir-se na sua doçura. Falha, e rebenta a sua fúria nas rochas. Maldiz a lua e jura amor ao sol. Ao sol, a quem vê indiferente de dia. Ao sol.
Mas é a lua que ama, foi esta quem o enfeitiçou. E eis que chegas tu, acalma a revolta lá fora, e um calor se apodera do meu corpo. Entras, e ao ver-te, o meu coração bate descompassado a melodia afinada do amor. Aproximas-te, e os acordes soam mais alto. Levanto-me e voo na tua direcção: já o coração pula de emoção. Corro para o teu abraço, inspiro profundamente o cheiro da tua pele, uma e outra vez... mais uma vez. Resguardo o meu corpo no calor do teu, afundo-me na tua doçura, perco-me no castanho dos teus olhos. Acaricio-te o rosto, e ronronando como um gato, peço-te: abraça-me com força. Abraça-me...
Abraça-me. E tu sorris, desarmando-me, quando desarmada estava eu, e mesmo que não estivesse, ao ver-te sorrir com o olhar, deixo cair as armas ao chão, e ao ver esse sorriso doce nos teu lábios, perco as forças, e rendo o meu corpo ao teu. A ti. À tua vontade.
You... touch me... I hear the sound of mandolins You... kiss me... With your kiss my life begins
Love me, love me... Say you do Let me fly away... With you
Louco. O desejo que se apodera do meu corpo. Louco. O desejo que incendeia a alma. Louco. Este querer, louco. O beijo, louco. A loucura num beijo. Loucura.
A tua pele morena. O teu perfume. O teu cheiro. Os teus olhos castanhos. O olhar penetrante. A tua boca. O teu sabor. A envolvência que me aprisiona. O teu sorriso. O teu rosto. O teu pescoço. Os teus ombros. Os teus braços fortes. As tuas mãos. Os teus dedos. Todo o teu corpo. Tudo em ti é loucura.
A forma como te quero. Como te desejo. A minha alma quer entrelaçar-se na tua, enquanto que o meu corpo resume o seu querer ao teu corpo. A ti. A ter-te. Selvagem e frenética. Jovem e impetuosa.
Toma-me. Nos teus braços. Na tua boca. Na tua pele. Inflama este corpo que arde de desejo pelo teu. Cala esta boca que espera pela tua. Sustém o arrepio gelado que percorre a pele que queima. A alma que arde. Toma-me nos teus braços. Abraça este corpo que estremece. De frio. De calor. De prazer. Desejo.
On candystripe legs the spiderman comes Softly through the shadow of the evening sun Stealing past the windows of the blissfully dead Looking for the victim shivering in bed Searching out fear in the gathering gloom and
Suddenly! A movement in the corner of the room! And there is nothing I can do, when I realise with fright That the spiderman is having me for dinner tonight!
A ténue luz lunar, revela fragmentos de pele expostos, aqui e ali; concede tons dourados à areia; dá voz ao mar silenciado. E nós, ambos de olhos semi-cerrados. Percebo a sede no teu sorriso, a fome no teu olhar. Apercebo cada gesto, cada movimento. Apercebo-te.
Deslizas as mãos pelo meu corpo. Entranhas-te cada vez mais em mim. Eu morro um pouco de cada vez. E tu trazes-me de volta à vida, a cada vez.
Libertas-te das minhas pernas que te entrelaçavam. As tuas mãos perdem-se no seu contorno. Definem os músculos exaltados. Acariciam a pele.
Olhas para mim com aquele olhar que incendeia. Sorris, com aquele sorriso que me mantém cativa. Escrava. Prisioneira.
Os teus lábios frios beijam a pele. Cada centímetro de pele. Decididos. Demorados. A tua boca, prova, saboreia. A tua língua, serpenteia. E eu, deliro.
His arms are all around me and his tongue in my eyes "Be still be calm be quiet now my precious boy Don't struggle like that or I will only love you more For it's much too late to get away or turn on the light The spiderman is having you for dinner tonight"
Demoras-te na virilha, no interior da coxa. E mordes. E sugas. E mordes. Sugas. A minha carne, na tua boca. E eu deixo de ser um corpo, para ser apenas carne. Pele e carne. A minha, e a tua. A tua boca, as tuas mãos, na minha carne. A minha carne, na tua boca... eu, nas tuas mãos.
A forma como me tocas... beijas e mordes. A forma como me sabes tua. Deixo de sentir a carne e sinto apenas as tuas mãos. E as tuas mãos tornam-se parte do meu corpo. E o meu corpo... parte de ti.
Uma harmonia deliciosa espraia-se pela casa. Entusiasma a madeira. Trespassa a pedra. Desafia a areia. Insinua-se no mar. Perde-se na crista das ondas.
Vem almoçar a casa. Salada de legumes frescos e nozes. Lombo assado com ananás. Vinho tinto. Tons de vivacidade polvilhados pelas orquídeas selvagens, aqui e ali. Azuis profundos, roxos exuberantes, amarelos luminosos, vermelhos imperiais. Vem almoçar a casa... aquela, na praia, sem vizinhos por perto.
Oiço-te chegar. Espero-te à porta. Entras e beijas-me num abraço. Aquele abraço que alimenta... e tempera a alma. E nesse mesmo abraço enlaço-te firmemente pela cintura e a minha boca suspira: dança comigo.
Num abraço ainda mais apertado, beijas-me o pescoço, os ombros... as tuas mãos percorrem as minhas costas, o pescoço, os ombros... também elas beijam. Também elas querem beijar. A tua mão esquerda afunda-se no meu cabelo e a direita conquista os meus lábios... que sem demora cedem aos teus.
Com esse olhar enlevado de ternura... o mesmo que tens neste momento, sorriso malandro nos lábios, esse, esse mesmo que te aflora agora aos lábios, apertas o meu corpo contra o teu, e sussurras ao meu ouvido:
When we dance, angels will run and hide their wings
E eu entrego uma vez mais a minha boca à tua. Dou-me por inteiro num só beijo. No teu beijo. E num beijo sabes que sou tua. Um beijo que é entrega mútua. Beijamo-nos como se o amor não tivesse fim. Os corpos rendem-se à paixão... As almas ao amor.
The priest has said my soul's salvation Is in the balance of the angels And underneath the wheels of passion I keep the faith in my fashion When we dance, angels will run and hide their wings
A casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto, é a única testemunha do prazer a que nos entregamos esta noite. A areia marca o caminho que percorremos, onde nos demoramos. Da praia a casa. No alpendre, no sofá, na cama.
A revolução dos lençóis regista as batalhas que travamos, a guerra a que cedemos. O teu cheiro inconfundível impregnado cada vez mais no meu... a vitória do querer.
Entranho-me cada vez mais em ti. Deixo o meu cheiro na tua pele, como ambos o deixamos nos lençóis. E o teu cheiro marca-me a pele nua, toma posse dela... e eu rendo-me... rendo-me... como me rendo! Rendo-me de cada vez que as tuas mãos se insinuam... deixo que a minha pele seja tua, que o meu corpo se entregue sem limites, sem condições, sem hora nem lugar... porque sou tua... tua. Apenas isso. Apenas eu. Apenas tua.
Nas pontas dos pés, enlaço-te pelo pescoço, e se quero falar, apenas os meus olhos se pronunciam, mergulhados no profundo castanho dos teus. O que te dizem, apenas os teus o poderão saber, quando neles se reflectirem os meus. Janela entreaberta, a luminosidade parece despertar o quarto, o marulhar parece cadenciar o nosso movimento, a água do banho parece chamar por nós. Tu e eu, abraçados, já de pé, corpos colados e bocas que se fundiram num só beijo... inolvidável... e que é o nosso.
Sweet Must be the new road for water, for water Hands Can't even hold a thing The air tastes useless
Oooh, can't get enough of this All that is thirst All that is thirst
A água corre na tua pele... e eu bebo dela. Porque tudo é sede. Sede da tua pele, do teu perfume, do teu cheiro. E eu bebo da tua pele, bebo para saciar esta sede infindável. E apenas a água e a minha pele tocam a tua.
E debaixo da água que nos corre agora pelo corpo, beijo insaciável o teu corpo. Beijo-te o peito, os braços, os ombros, o pescoço... perco-me no pescoço... Procuro mitigar uma sede que não tem fim. Bebo da tua pele e a sede aumenta. E lanço-me na tua boca... sede, sede, sede... quanta sede!
Os corpos bailam ao som da música. As peles nuas vibram, tocam-se, querem-se.
As tuas mãos tomam posse do meu corpo mais uma vez... e eu tremo, tremo... e a minha boca não larga a tua... e eu bebo, bebo... toda a tua doçura.
Abres a porta - sinto o ar frio e salgado que me desperta os sentidos. Pequenos choques eléctricos percorrem-me o corpo... fazem palpitar as papilas da língua. Atordoada, apenas sorrio. Ao sorrir, a sala parece iluminar-se.
Entras. Os teus olhos brilham, o teu sorriso atordoa-me um pouco mais. Não avanças. Observas-me, furtivamente. Parecemos embarcar numa dança, parecemos mergulhar na dúvida... hoje, quem será a presa... e o predador?
Recupero do transe, e avanço. Como um felino. Graciosa e veloz. Ataco-te. Sinto os meus lábios nos teus. Os teus nos meus. Sinto as minhas mãos que percorrem o teu corpo. E as tuas mãos, que percorrem o meu. Sinto. Sinto sem saber os limites do meu corpo ou do teu. Reconheço as mãos, a língua... e tudo o resto... sou eu e tu... sem fronteiras, sem limites definidos.
Passo as mãos pelo teu cabelo orvalhado. Procuro concentrar-me no frio do teu rosto que contrasta com o meu. Quente, tão quente. Sinto o coração que bate a mil... esse sim, em uníssono com o teu.
Esquivo-me em direcção da mesa. O vinho já servido, o jantar pronto. Ergo o copo como que perguntando, queres? Não te moves. Não dás um passo. Pareces a presa hipnotizada pelo predador - imóvel. Pensarás em como me escapar? Não, isso não...
Encosto-me à mesa. Vês a provocação nos meus olhos, nos meus lábios, no meu corpo. Sorris - pensarás que agora me encontro à tua mercê? Assim, tão facilmente? Sem luta? Desengana-te. Tinha-te avisado.
Confiante, caminhas na minha direcção. Com um movimento brusco, repentino, levantas-me e apoias-me na mesa. A contrastar com este rompante, sinto as tuas mãos a percorrerem-me as pernas... que docemente enlaças na tua cintura. Sinto as tuas mãos na cabeça, no pescoço, nos ombros... e a percorrerem-me as costas. Sinto os teus lábios nos meus. Sinto o meu corpo que quer o teu. Sinto o teu... a querer fazer parte do meu.
Pressiono-te com as pernas e ergo-me da mesa. Sorris. Pensas imaginar o que quero. Desço do teu abraço, e procuro encurralar-te... encosto-te à mesa. Tinha-te avisado.
Rasgo-te a camisa. Mordo-te. Beijo-te o peito. Deliras. Desaperto-te as calças. Com o meu corpo, deito as tuas costas sobre a mesa. Desarmo-te. Procuro dispor-te na mesa ao meu gosto. Tinha-te avisado.
Também eu subo para a mesa. Avanço. Felina. Sentes o desejo em cada poro da minha pele. Apercebes a loucura nos meus olhos. Finalmente compreendes. Sabes. Quero partir a loiça toda. Rendes-te. Pensavas ser a sobremesa... mas não... e eu tinha-te avisado.