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Blue 258

Blue 258

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#36 All that is thirst

26
Abr10

 

A casa na praia, aquela, sem vizinhos por perto, é a única testemunha do prazer a que nos entregamos esta noite. A areia marca o caminho que percorremos, onde nos demoramos. Da praia a casa. No alpendre, no sofá, na cama.

A revolução dos lençóis regista as batalhas que travamos, a guerra a que cedemos. O teu cheiro inconfundível impregnado cada vez mais no meu... a vitória do querer.

 

Entranho-me cada vez mais em ti. Deixo o meu cheiro na tua pele, como ambos o deixamos nos lençóis. E o teu cheiro marca-me a pele nua, toma posse dela... e eu rendo-me... rendo-me... como me rendo! Rendo-me de cada vez que as tuas mãos se insinuam... deixo que a minha pele seja tua, que o meu corpo se entregue sem limites, sem condições, sem hora nem lugar... porque sou tua... tua. Apenas isso. Apenas eu. Apenas tua.

 

Nas pontas dos pés, enlaço-te pelo pescoço, e se quero falar, apenas os meus olhos se pronunciam, mergulhados no profundo castanho dos teus. O que te dizem, apenas os teus o poderão saber, quando neles se reflectirem os meus. Janela entreaberta, a luminosidade parece despertar o quarto, o marulhar parece cadenciar o nosso movimento, a água do banho  parece chamar por nós. Tu e eu, abraçados, já de pé, corpos colados e bocas que se fundiram num só beijo... inolvidável... e que é o nosso.

 

Sweet
Must be the new road for water, for water
Hands
Can't even hold a thing
The air tastes useless

Oooh, can't get enough of this
All that is thirst
All that is thirst

 

 

A água corre na tua pele... e eu bebo dela. Porque tudo é sede. Sede da tua pele, do teu perfume, do teu cheiro. E eu bebo da tua pele, bebo para saciar esta sede infindável. E apenas a água e a minha pele tocam a tua.

E debaixo da água que nos corre agora pelo corpo, beijo insaciável o teu corpo.  Beijo-te o peito, os braços, os ombros, o pescoço... perco-me no pescoço... Procuro mitigar uma sede que não tem fim. Bebo da tua pele e a sede aumenta. E lanço-me na tua boca... sede, sede, sede... quanta sede!

 

Os corpos bailam ao som da música. As peles nuas vibram, tocam-se, querem-se.

As tuas mãos tomam posse do meu corpo mais uma vez... e eu tremo, tremo... e a minha boca não larga a tua... e eu bebo, bebo... toda a tua doçura.

 

 

#35 Sede de querer

24
Abr10

 

 

Deitados num leito de mel, envoltos num manto branco de plumas: o mundo parece resumir-se a esta cama de  madeira maciça, de linhas direitas e imponentes.  A este quarto dominado pelos tons terra e da natureza: o castanho da madeira, o verde das flores frescas. Ao mel que nos une, à reflexão da luz no vidro, à sua refracção na água. Ao vento que embala os tecidos que vestem o quarto. Aos corpos despidos.  À pele nua.  A ti. A mim. A nós.

 

Air stands still
And I can't move
Time has stopped
At one look through
Colours fade the walls out loud

 

O teu braço esquerdo que me abraça, que me cerra contra ti. Eu, encaixada, e virada para ti. A cabeça pousada no teu braço, as minhas pernas entrelaçadas nas tuas. Beijo-te a parte interna do ombro. Cada saliência, cada depressão. Beijo com os lábios, com a respiração quente e doce. Numa trajectória descendente,  percorro vagarosamente cada espaço entre as tuas costelas, até à anca. Beijo, envolvo a pele com os lábios, brinco com a língua. E assim me deixo estar, até que um de nós adormeça.

 

Something inside me says
I am still waiting for the hurricane
And where is the missing piece?
You.. you have taken it
And a part of me

 

Dormes. Encosto a respiração à tua pele. Acaricio ao de leve os teus lábios.  O teu rosto. Vagueio pelo pescoço, pelos ombros... sigo a linha das tuas costas... com a  língua. Serpenteio, beijo-te a pele, cubro-a de pequenos e leve beijos. Assimilo o teu perfume. O teu cheiro. O aroma do tabaco na pele. Tudo, em ti, é delicioso... tudo.

 

Downstairs scares me
Outside sounds like ghosts are
quietly playing vibes
Days in shape of hide me, please

 

 

Faço-te arrepiar... Acordo-te. Em resposta, esse olhar profundo que lanças em busca do meu. Como brilham esses olhos castanhos... como brilham!  O teu sorriso malandro, que reconhece a minha provocação. A tua pele nua, que apenas quer respirar a minha. O teu corpo, que já pede  o meu. O teu cheiro, que apenas se quer entranhar no meu... como eu me entranho no teu.

Lanças os lençóis ao ar, e num rompante, o teu corpo na procura do meu,  a tua boca na minha e nós enlaçados num abraço cheio de querer. Querer... oh querer! Este querer que nos arrasa a pele, este querer que nos reduz à avidez com que as nossas bocas matam a sede. Este querer que se reduz a esta sede. Uma sede de querer. De te querer... a ti.

 


Home has the echo as a friend
So I leave the bed unmade
All day