O teu olhar. O teu sorriso. A tua voz a sussurrar-me ao ouvido. A tua respiração a arrepiar-me a pele. O teu cheiro. O teu beijo molhado no qual naufrago. O teu toque. O calor do teu corpo. O meu peito de encontro ao teu. O teu abraço do tamanho do mundo. O meu coração que parece querer saltar e afundar-se no teu.
Eu acho que ao contrário de muitas mulheres, os homens não enrolam nestas coisas do "estar a fim". Ou querem e mostram que querem, ou não querem e não há cá dúvidas.*
Quer os homens, quer as mulheres, sabem bem quando querem, o que querem e como querem. Vá, assumo a possibilidade de estarmos sujeitos a algumas nuances no que toca aos dois últimos pontos, mas a verdade é que sabemos bem quando queremos. É que nem há como enganar, nem por onde contornar o assunto, sabemos quando queremos. Sabemos.
Sabemos perfeitamente quando uma amizade começa a galgar as margens - tal e qual rio endiabrado - e a transbordar para outro campo. Sabemos. Sabemos que quando aquele moreno misterioso nos visita o pensamento este e outro dia, sabemos que não nos é indiferente. Sabemos. Sabemos perfeitamente que quando aquele fulano não nos sai da cabeça, faça-se o que se fizer, estamos fodidas (nunca sei se é com "u" ou com "o", desculpem lá).
E o caricato da vida, é o malabarismo de situações com o qual ela nos presenteia. Mesmo sem termos pedido. Mesmo sem andarmos à procura.
O que nós fazemos em determinada situação, e em cada caso específico, isso sim, já depende muito de cada um. Porque, convenhamos, há o caminho quase lógico a seguir, ou o mais fácil, quiça o escolhido por todos ou quase todos. Caminhos, decisões, escolhas. E tudo depende de nós. A vida depende de nós. E a vida é o que nós fazemos dela. ou tentamos. Pelo menos tentamos.
P.S. Este post parece ter começado com um propósito. Parece. Se algures pelo meio me perdi, a verdade é que no fim, acabei por mesmo por me perder. Ponderei até apagar este post. Mas a vida tem coisas destas, tem, e é desta forma, que aqui ficam registadas.
«Hoje fiz das tuas mãos o meu fogo. Não vês que fujo por entre cada uma das tuas palavras e não acredito numa só? Porque nas madrugadas em que te amo, toco o teu coração mais um pouco e perco-me dentro de ti e da tua vontade.
E esse aperto que me mata por dentro a razão, e esse teu olhar que me consome de longe querendo-me perto… Desculpa se te faço chorar nas noites em que mais precisas de mim. Se de longe te rompo a alma que amo e que nos juntou. Não foi sorte, foi desejo. E quanto não é tão mais forte a vontade que qualquer trejeito do destino…
Os meus braços estão vazios sem ti.
Volta. Traz esse sorriso para perto de mim. Vamos ser nós nessa encosta de sol que suja de amarelo as estradas. Vem cantar-me ao ouvido, vem! E no encontro das nossas mãos encontraremos-nos felicidade em dias calmos.
Vem. Vem para a minha mão e serei teu na rua que nos leva a ver o mar. É duro e feio de se desejar. É tão grande a vontade que não posso ter-te.
Mas vem. Sou tudo para que sejas feliz sem me perguntares porquê!»
Porque eu sou terra. Sou água. Sou chuva, rio e mar. Sou as luzes que se reflectem nas águas. Sou o crepúsculo que abraça a cidade. Fui pele, paixão tórrida e querer louco. Fui areia, sol, mar, lua e estrelas. Fui. Deixo que me invada agora o Outono e procuro que me tempere a alma e apazigue o coração. Procuro ser... Eu.
O dia parece soçobrar pelo peso da noite que impiedosamente se abate sobre ele. O céu parece querer libertar as águas que aí aprisiona. Querer. Até o céu tem querer. O mar que retumba sem parar, parece agitado, não pela força do vento estranho que lhe escarpa as ondas, mas pela tempestade que se quer formar. Querer. Há um querer que se foi alimentando durante o dia, sorvendo tudo à sua volta, acrescentando, engolindo tudo em que toca, encrespando-se na crista de um tornado, impulsionado pela demora de ter. De te ter.
just gonna stand there and watch me burn that’s alright because i like the way it hurts
A sala quente, crepitante, vibra quase silenciosamente nos aromas de laranja e canela, nos tons alaranjados que a compõem. Um vulcão. És lava que me corre nas veias. Que me incendeia. E eu sou tempestade. Os meus desejos parecem comandar os ventos, as marés, a cadência da chuva e das estrelas. Abres a porta, e os ventos inflamam o incêndio que me queima a pele. E ao entrares, trazes contigo o tornado que te espera. Voas para os meus braços, e é o meu fogo que te queima a pele. Sou eu que te consumo, que te quero consumir, que me consumo a mim própria contigo. Em te querer. Querer. Este querer que balança no ar, contagiando-nos, aliciando-nos, iludindo os sentidos.
Os corpos envolvem-se numa dança que conhecemos tão bem. Sabem de cor os passos, mas sinto-os improvisar a cada toque, a cada arrepio. O sabor da pele dita o compasso da entrega. De te receber. De te ter.
E os meus braços perdem-se nos teus. A minha boca palminha o teu corpo, tacteando cada centímetro, na escuridão intrincada. O meu cheiro dispersa-se no teu. O teu sabor grava a passagem por cada recanto do meu corpo. Os teus dentes marcam-me os ombros. As minhas unhas marcam-te as costas. Cedemos. Soçobramos sob a fúria que se abate sobre nós. Somos tempestade. Somos.
Encostamos os corpos suados à vidraça gotejante da sala. O mar, lá fora, reage à provocação da cadência dos nossos corpos desnudos. Vergamos os corpos ao desejo, amamos, sugamos a vida, consumimos a energia sem fim. Pára. Sentes? Juntos originamos um terramoto violento, cujo epicentro se forma aqui mesmo. Aqui. E agora.
E a noite... foi perfeita para fugir de casa, levar de assalto este querer e abraçá-lo na noite perdida. Sentir o cheiro doce da chuva. Voltar, e trazê-lo de novo comigo. Trazer-te comigo.
O dia de hoje foi belíssimo* para ronronar, aconchegar a pele, sentir as páginas dos livros fluirem por entre os meus dedos e a alma esquecer-se de si. Esquecer-me de mim. Ou pensar única e exclusivamente em mim.
* e para conversas que roçam a pele, marcam o corpo e incendeiam a alma. Há um tempo (vontade) para tudo.
A minha pele delira com este querer. O meu corpo vibra por te querer. A minha alma pede terramotos. Ao encontrar a tua, cadencia maremotos. Naturalmente incontornáveis. Querer-te. Querer.
Não é por me calar que não te quero ou deixei de te querer. Continuo a querer-te. E o querer não mudou. Apenas se metamorfoseou, emudecendo as palavras.
E quero-te da mesma forma ou de outra forma diferente perante as evidências. Mas o querer é o mesmo. O querer que sinto no bater descompassado do coração quando leio o teu nome. O querer que apercebo pelo entontecer quando te vejo. O querer que me faz perder na doçura das tuas palavras quando as releio. Continuo a querer-te.