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Blue 258

Blue 258

...

Das saudades

26
Nov10

Ontem, bateu-me uma saudade... assim, de repente, como se estivesse à porta, à espera de entrar, à espera do acender de uma luz, do correr de uma cortina. Noite fria. O frio... lembras-te? E eu lembrei-me de ti.

Esqueci o burburinho do computador, recostei-me na cadeira, abracei o frio em mim, e com um sorriso nos lábios, lembrei-me de ti. Pensei em mais uma quarta-feira  passada, e num ritual que deixa inevitavelmente de ter lugar. Porque evito procurar-te.  Porque te deixo partir, aos poucos, de mim. E custa-me este avançar, este avançar que ainda dói, que ainda me custa. Porque ainda me lembro de ti. Ainda penso em ti.

 

 

 

Yesterday I saw the sun shinin',
And the leaves were fallin' down softly,
My cold hands needed a warm, warm touch,
And I was thinkin' about you.


Dos rituais

15
Nov10

Das quartas-feiras. Do querer fazê-lo de novo na semana passada. De ter dito a mim mesma que não. De me ter obedecido. Não sei se fiz bem ou não. Se o devia ter feito sequer. Sei que me custou. Mas fi-lo.

 

Temo ser uma parvoíce querer tanto fazer as coisas e não as fazer. Ter de resistir, de lutar contra mim mesma para não o fazer. Parece-me errado evitar algo que se quer tanto. Tanto. Acho que é a inevitabilidade dos factos que pesa contra mim, e me leva, mesmo sem querer, a seguir outro rumo. Por mais que me custe.

 

 

Se ainda penso em ti? Todos os dias.

 

 

 

 

Remember how it used to be, when the sun would fill up the sky. Remember how we used to feel. Those days would never end... those days would never end. Remember how it used to be when the stars would fill the sky. Remember how we used to dream. Those nights would never end... those nights would never end.

It was the sweetness of your skin. It was the hope of all we might have been that fills me with the hope to wish impossible things.
But now the sun shines cold and all the sky is grey, the stars are dimmed by clouds and tears and all i wish is gone away...



# 51 Soulless or soulful

25
Out10

Trocamos o sofá pela cama. A luz das estrelas incide na clarabóia, projectando sombras aqui e ali, no quarto, nos lençóis, no meu corpo e no teu. O mar retumba no silêncio da noite. Ruge, querendo acordar a vida que há nos corpos extenuados. Nas almas exultadas.

 

Wake up
Look me in the eyes again
I need to feel your hand upon my face

 

Acordo e vejo-te dormir nos meus braços. Acaricio o contorno do teu rosto. A barba, aquela barba... Sorrio. Deslizo os dedos pelos teus lábios. Desenho carícias com a ponta dos dedos... na tua pele. Aproximo o rosto do teu: o teu perfume, o teu cheiro. O calor que emana do teu corpo. Beijo suavemente cada pálpebra adormecida. E deposito um beijo leve e doce nos teus lábios. Sorrio, e abraço-te forte. Acordo-te com um sorriso nos lábios e um sentimento que parece pulular em cada célula do meu corpo.

 

I think I might've inhaled you
I could feel you behind my eyes
You've gotten into my bloodstream
I could feel you floating in me

 

 

Pesa sobre mim o ritual do qual já te tornaste indissociável. Sucedem-se as imagens que conheço tão bem, repetidas vezes sem conta. O meu rosto no teu peito, naquele sítio, naquele. O teu cheiro, o teu perfume. A minha respiração que teima em te beijar o ombro, o pescoço. O meu olhar que segue os contornos do teu queixo, foge da tua boca, e vagarosamente, demoradamente, desenha a tua pele morena, só para depois desaguar no teu. A minha boca que se detém no teu beijo. Sorrio. A tua mão segura-me o rosto e os teus dedos acariciam os meus lábios. E esse sorriso malandro, esse, esse mesmo, esse sorriso maravilhoso, deliciado com a entrega desmesurada que sabes que é a minha. Gestos, rituais, tão próprios, tão teus, tão meus, tão... nossos.

Não falas. Sabes que comigo não é preciso falar. Sabes o que valem os silêncios comigo. Tanto, tanto... Ao veres o meu olhar embevecido - de que outra forma posso eu olhar para ti? - o teu abre-se num abraço, e sinto os teus braços rodearem-me e cingirem-me o corpo. E apertas-me, abarcas todo o meu ser nesse abraço. E eu estremeço, estremeço como se fosse de medo, mas não é de medo, é a certeza de todos os medos que me abandonam. Nos teus braços sinto-me segura. É o que me parece dizer-te a minha pele. Nos teus braços sinto-me segura.

Um abraço desenfreia o sangue adormecido, que aos poucos volta a circular frenético, quente, no meu corpo. Esse abraço não se move apenas pelo contacto da pele, pelo toque dos corpos, não. Esse abraço potencia o movimento do sangue no corpo, fazes do meu corpo o mar, do meu sangue, a força das marés. Tu... e esse abraço que é o teu.