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Blue 258

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O pôr-do-sol e os morenos

29
Set10

Ao final da manhã de ontem, e a caminho de Gaia, para almoçar com um amigo, cruzo-me com um belíssimo moreno, trintão, numa carrinha BMW. Ai mãezinha, que tu com um genro destes é que ficavas feliz, penso eu.

 

Almoço com outro moreno, esse, amigo, amigo de longas horas de conversas, de desabafos, raivas, incursões a horas tardias pelo meu computador, risos e boa-disposição. Boa-disposição que eu sabia que não faltaria, tal como a sangria e a belíssima tarde com que Gaia nos brindou. A francesinha comeu-se fria - prova maior que a conversa foi boa - e daí ter continuado numa esplanada  a céu aberto. Quando as pessoas me surpreendem, e pela positiva, quando são ainda mais do que eu já sentia que fossem,  sinto-me tremendamente feliz por terem entrado na minha vida.

 

Parto  com o pôr-do-sol a insinuar-se no horizonte. Faço-me à A28, e não resisto a fazer um desvio pela Póvoa e a dar uso à máquina fotográfica. Mas  não há pôr-do-sol como em Viana. Não há.

 

 

De novo na A28, saio em Esposende - teria de passar lá perto - e aproveito para fotografar os resquícios fulgurantes que pintavam o final de tarde.

 

 

 

 

Perto de casa, não resisto a passar pela praia, a minha praia, o meu cantinho, meu, tão meu, lindo, tão lindo. O azul  negro do mar, as cores que ainda serpenteavam pelo horizonte e uma última fotografia.

 

Entretanto, surge um convite - e de forma totalmente inesperada - para tomar café, à noite, com outro moreno. Este, de olhos azuis. Minha nossa senhora, e que olhos! Concentra-te rapariga, concentra-te.

Passo em casa, tomo banho, vejo as horas, e percebo que já estou atrasada. E eu gosto de ser pontual. Visto os jeans pretos,  calço as  adidas e saio,  prática, desportiva, corpo quente e cabelo ainda molhado. Peço desculpa pelo atraso, bem-educada que eu sou, e brindam-me com um não faz mal, o dia que correu tão bem, não poderia acabar melhor. Sorrio.  A pressa manteve-me quente, enquanto que a noite se mostrava fria. E ai como eu gosto deste frio, que nos  envolve no quente do corpo, este frio que convida a senti-lo e desafia o calor do próprio corpo.

Sento-me na esplanada, já molhada de orvalho, e o café que eu deduzia que durasse entre uma  a duas horas, prolongou-se até às três da manhã. Falamos de coincidências. De estrelas cadentes - embora eu não tenha visto nenhuma, já que aqueles olhos azuis tiveram o dom de obliterar qualquer outra cadência.

 

Volto para casa a pensar noutro moreno, esse, de olhos castanhos, e que por um motivo ou por outro, não parece nunca sair-me do pensamento. Costuma acordar-me pela manhã, acompanha-me na viagem de carro, e muitas vezes distrai-me de tal modo que tenho de lhe pedir que me deixe os pensamentos - preciso de me concentrar, digo-lhe eu. Só aqueles olhos azuis  pareceram arrebatar um pouco da minha atenção. Mas pouco, muito pouco. Adormeço a pensar em morenos. E não mais me lembrei do pôr-do-sol.

 

 

 

 

P.S. Chego a casa, ligo o pc, e lembro-me de outro moreno, amigo, grande amigo, com o qual tinha estado a conversar na noite anterior até horas tardias e a viajar pela China. Ficamos de continuar a conversa. De tarde, também me lembrei de outro morenaço, com o qual a conversa também ficou pendente. O dia tem apenas 24 horas. E morenos a mais! Mas eu sempre disse que gostava era de morenos.