Inevitavelmente, de tempos a tempos, surge a necessidade de falar, desabafar, ou pura e simplesmente, deixar o ser à vontade. Não é coisinha que se faça com toda a gente (ou com qualquer um), não, claro que não. O dia a dia farta-nos do blá blá blá vazio, consome-nos a individualidade, vai-nos fechando cada vez mais cá dentro. E pronto.
Mas alturas há em que surge como que uma urgência - o ser torturadamente aprisionado, clama por um pouco de libertação. Sim, libertação. Deduzo que seja o termo apropriado. Se dentro de nós vive o ser, se o violentamos todos os dias, se o calamos, se o forçamos a esconder-se, a moldar-se aos demais - bom, é natural que de quando em quando, o ser procure ser.
Bem, a Blue, queixa-se que eu não tenho nada que vir aqui, e carregar-lhe o blog de nuvens escuras. Diz que o deixo pesado, soturno. E tem razão. Eu, por outro lado, aborreço-me com ela por permitir que me intrometa assim. Ontem, passou-me pela ideia acabar com o blog - passou, já passou. Se é aqui que me deixo ser...
A Blue é bem mais divertida, espontânea, e acima de tudo, genuinamente eu. Aqui, ninguém lhe aponta o dedo, ninguém espera para ver se falha, se ultrapassa qualquer limite imposto pela sociedade cínica em que vivemos, ou qualquer limite imposto por mim mesma. Sim, por mim - convenhamos que esses são os mais ferozes.
Lá no fundo, até penso que não terei sido eu a impor esses limites, não , talvez não. Lá no fundo, sei que o problema é, ou foi, habituar as pessoas a esperar aquele determinado x de nós. Qualquer coisa acima ou abaixo desse valor - soam as sirenes (dos demais). Soa o alarme: não, não está bem, algo não está bem - a única preocupação é saiu do normal - ninguém quer saber dos motivos, da razão de ser que levou a essa oscilação. E esses é que importam.
Tenho o m (abreviatura de meu-mais-que-tudo) - que me compreende, que nem é bem compreender, é mais um deixa-me ser.
It's not as if I can't talk to him. Cause I can. It's not that m doesn't know I'm screwed up. He knows. Trust me. Perhaps just not how bad.
M's a bit screwed up too. I wouldn't have it - him - any other way. Couldn't figure out my life without someone not screwed up too.
Daí que há "relatos" de ajuntamentos de, imaginem, screwed up people.
É verdade - tal como fazem os motoqueiros nas concentrações, também nós nos encontramos em local definido, reconhecemo-nos imediatamente, e não pensamos em mais nada, a não ser em sermos.
E vamos sendo, só sendo, por essa blogosfera fora.